Posse e usos da cultura escrita e difusão da escola: de Portugal ao Ultramar, Vila e Termo de São João Del Rei, Minas Gerais (1750-1850)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Christianni Cardoso Morais
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/VGRO-82GH9T
Resumo: A presente tese tem como objetivo analisar a posse, os usos e a disseminação a cultura escrita, bem como a difusão da escola entre os anos de 1750 a 1850, em Portugal e no Brasil, especialmente na Vila e Termo de São João del-Rei. Com este recorte temporal de duração mais longa, que vai da Colônia ao Império, tem-se como objetivo perceber as rupturas e permanências no que se refere aos temas tratados no desenvolvimento da tese. O recorte geográfico empregado articula Minas Gerais (sem perder de vista sua inserção na América Portuguesa) e o Reino de Portugal e Ultramar, analisando-se de maneira mais específica a Vila e o Termo de São João del-Rei, uma das mais localidades mineiras mais populosas e urbanizadas do período tomado como referência. Para atingir os objetivos propostos, o trabalho de pesquisa exigiu o uso de fontes documentais distintas, dentre elas as variadas legislações educacionais de todo o período, mapas de escolas, relatórios dos diversos órgãos responsáveis pela fiscalização das aulas públicas, manuais de caligrafia, periódicos do século XIX, documentos produzidos pela Câmara Municipal de São João del-Rei, testamentos e inventários post mortem. A análise destas fontes impôs a combinação de métodos quantitativos e qualitativos. Se as aulas régias, iniciadas em 1759 por D. José I e seu poderoso Ministro Carvalho e Melo, eram voltadas para uma pequena parte dos súditos, pois a educação escolar no período colonial tinha como finalidade reproduzir a ordem estamental, as aulas públicas financiadas pelo Império do Brasil não eram menos excludentes. Todavia, nas primeiras décadas do período imperial brasileiro, tinha-se a pretensão de civilizar a Nação, constituindo um sentimento de patriotismo. A escola pública elementar, voltada para os estratos mais baixos da população, era considerada como a instituição capaz de criar cidadãos civilizados, minimamente letrados, que pudessem entender as leis e se submeter à ordem pública. Tanto a sociedade colonial quanto a imperial, cada uma ao seu modo, eram hierarquizadas e excludentes, mas havia, para além das escolas públicas, uma multiplicidade de possibilidades para os que pretendiam se apoderar das habilidades básicas de ler, escrever e contar. Dessa maneira, a tese articula a constituição da educação escolar pública com outras alternativas criadas para além dos espaços públicos de ensino: os seminários, as casas de educação para crianças órfãs fundadas por religiosos ou por leigos e, ainda, as estratégias familiares de contratação de professores particulares, abundantes em todo o período analisado. Ao analisar todas estas possibilidades de acesso à cultura escrita, a tese permite demonstrar que o mundo luso-brasileiro, apesar de possuir um número restrito de aulas públicas, não possuía uma população alheia ao mundo das letras. Havia, sim, pessoas capazes de ler e escrever. A palavra escrita, manuscrita ou impressa, circulava e estava disseminada e, mesmo sujeitos inabilitados para ler e escrever, foram identificados como capazes de se utilizar cotidianamente da cultura escrita, de formas variadas e inventivas.
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O recorte geográfico empregado articula Minas Gerais (sem perder de vista sua inserção na América Portuguesa) e o Reino de Portugal e Ultramar, analisando-se de maneira mais específica a Vila e o Termo de São João del-Rei, uma das mais localidades mineiras mais populosas e urbanizadas do período tomado como referência. Para atingir os objetivos propostos, o trabalho de pesquisa exigiu o uso de fontes documentais distintas, dentre elas as variadas legislações educacionais de todo o período, mapas de escolas, relatórios dos diversos órgãos responsáveis pela fiscalização das aulas públicas, manuais de caligrafia, periódicos do século XIX, documentos produzidos pela Câmara Municipal de São João del-Rei, testamentos e inventários post mortem. A análise destas fontes impôs a combinação de métodos quantitativos e qualitativos. Se as aulas régias, iniciadas em 1759 por D. José I e seu poderoso Ministro Carvalho e Melo, eram voltadas para uma pequena parte dos súditos, pois a educação escolar no período colonial tinha como finalidade reproduzir a ordem estamental, as aulas públicas financiadas pelo Império do Brasil não eram menos excludentes. Todavia, nas primeiras décadas do período imperial brasileiro, tinha-se a pretensão de civilizar a Nação, constituindo um sentimento de patriotismo. A escola pública elementar, voltada para os estratos mais baixos da população, era considerada como a instituição capaz de criar cidadãos civilizados, minimamente letrados, que pudessem entender as leis e se submeter à ordem pública. Tanto a sociedade colonial quanto a imperial, cada uma ao seu modo, eram hierarquizadas e excludentes, mas havia, para além das escolas públicas, uma multiplicidade de possibilidades para os que pretendiam se apoderar das habilidades básicas de ler, escrever e contar. Dessa maneira, a tese articula a constituição da educação escolar pública com outras alternativas criadas para além dos espaços públicos de ensino: os seminários, as casas de educação para crianças órfãs fundadas por religiosos ou por leigos e, ainda, as estratégias familiares de contratação de professores particulares, abundantes em todo o período analisado. Ao analisar todas estas possibilidades de acesso à cultura escrita, a tese permite demonstrar que o mundo luso-brasileiro, apesar de possuir um número restrito de aulas públicas, não possuía uma população alheia ao mundo das letras. Havia, sim, pessoas capazes de ler e escrever. A palavra escrita, manuscrita ou impressa, circulava e estava disseminada e, mesmo sujeitos inabilitados para ler e escrever, foram identificados como capazes de se utilizar cotidianamente da cultura escrita, de formas variadas e inventivas.This thesis intends to analyze the ownership, the uses and the dissemination of the culture of the written word, as well as the establishment of schools between the years 1750 to 1850, in Portugal and in Brazil, especially in the town and administrative area of São João del-Rei. This particularly long period, from Colony to Empire, is necessary to perceive the rupture or durability of trends in the various themes developed within the thesis. The geographic boundaries include Minas Gerais (without losing sight of its place in Portuguese America) and the Kingdom of Portugal and Colonies, specifically analyzing the town and administrative area of São João del-Rei, one of the mining localities more populous and urbanized of the period. To attain the proposed objectives, the research involved the use of distinct types of documents, among which were various legislation on education for the whole of the period, school data, reports of diverse organs responsible for the inspection of official schools, manuals of calligraphy, nineteenth century periodicals, documents produced by the town council of São João del-Rei, wills and associated inventories. The analysis of these sources required a combination of quantitative and qualitative methods. If the schools, initiated in 1759 by Dom José I and his powerful minister Carvalho e Melo, were aimed at a small proportion of the royal subjects, if only because school education in the colonial period had in view the maintenance of state order, then the schools financed by the Brazilian Empire were no less exclusive. However, in the first decades of the imperial period there was an attempt to civilize the nation, establishing a sense of patriotism. Elementary schools aimed at the lower levels of the population, were considered an institution capable of producing civilized citizens, at least literate, that could understand the laws and submit to public order. Both colonial and imperial society were, in their own ways, hierarchical and exclusive, but there was, outside public education, a multiplicity of possibilities for those who wished to improve their powers of reading, writing and arithmetic. In this way, the thesis articulates the structure of public education with other alternatives created outside of the public teaching spaces: seminars, the houses of education for orphaned children administrated by religious or lay groups, and even the strategy of some families to contract private tutors, alternatives which were common throughout the period. Through the analysis of all these possibilities of access to the culture of the written word, the thesis allows the demonstration that the Portuguese-Brazilian world, despite having a restricted number of official schools, did not represent a population far removed from the world of letters. There were, indeed, people capable of reading and writing. The written word, manuscript or print, was in circulation and disseminated, and even those unable to read and write were identified as being capable of everyday use of the culture of the written word in diverse and inventive ways.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducação Brasil HistóriaSão João del Rei (MG) HistóriaHistóriaEscritaCulturaEscolas públicascultura escrita e difusão da escolaSão João Del ReiPosse e usos da cultura escrita e difusão da escola: de Portugal ao Ultramar, Vila e Termo de São João Del Rei, Minas Gerais (1750-1850)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_christianni_morais_vers_o_final.pdfapplication/pdf5101384https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-82GH9T/1/tese_christianni_morais_vers_o_final.pdf91932244e39a0d8c735ee5e5b5fd9ec9MD51TEXTtese_christianni_morais_vers_o_final.pdf.txttese_christianni_morais_vers_o_final.pdf.txtExtracted texttext/plain965563https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-82GH9T/2/tese_christianni_morais_vers_o_final.pdf.txt5b4b944d091e49ae303c50137f98450eMD521843/VGRO-82GH9T2019-11-14 21:53:19.95oai:repositorio.ufmg.br:1843/VGRO-82GH9TRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T00:53:19Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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