Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ariane Raquel Barbosa
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/TJAS-8SJP4L
Resumo: Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço são conhecidos por sua riqueza de espécies vegetais com elevado grau de endemismo, citado como resultado das disjunções na distribuição das populações, decorrente da descontinuidade das cadeias montanhosas. Esta disjunção tem sido citada como um dos principais fatores responsáveis pelo isolamento e diferenciação das populações. Vellozia hirsuta (Velloziaceae) corresponde a um complexo de espécies que ocorre na Cadeia do Espinhaço e apresenta grande variação na morfologia externa e anatomia foliar. Esta variação levou à sinonimização de quatro espécies sob o nome de V. hirsuta e ao reconhecimento de 14 padrões morfo-anatômicos. Neste estudo foi investigada a correlação dos padrões morfo-anatômicos com a distribuição da variabilidade genética e a distribuição geográfica das populações, investigando também a existência de possíveis barreiras responsáveis pela restrição do fluxo gênico recente ou histórico entre populações. Empregando sequenciamento da região intergênica trnL-rpl32F (cpDNA), a ocorrência de 25 sítios polimórficos revelou 20 haplótipos nas 23 populações amostradas. As populações de V. hirsuta aparecem estruturadas (ST = 0,818) em quatro grupos filogeográficos que correspondem às principais regiões geográficas ocupadas pela espécie, demonstrando uma estruturação geográfica da diversidade genética e ausência de correlação com os padrões morfo-anatômicos descritos. O grupo formado pelas populações do norte de Minas Gerais e sul da Bahia se mostrou geneticamente mais diferenciado devido à presença de haplótipos exclusivos em suas populações. Este resultado associado ao isolamento geográfico e diferenciação morfológica deste grupo indica que o mesmo poderia ser reconhecido como um táxon distinto das demais populações de V. hirsuta. No estudo de genética de populações realizadas com marcadores ISSR, a heterozigosidade média das populações (0,216) apresentou valores inferiores a espécies de mesmas características biológicas. A AMOVA apontou alta variação dentro das populações (84-86%) e baixa divergência (11-14%) entre as populações. A análise Bayesiana indicou um número de populações geneticamente estruturadas sem delimitações precisas entre estes grupos e sim uma estruturação em um gradiente geográfico norte-sul. Entretanto, o grupo do norte parece ser mais diferenciado do que os demais, e a delimitação deste grupo como um táxon distinto é suportada como nas análises filogeográficas. Tanto as análises filogeográficas as de genética de populações não sustentaram o reconhecimento de nenhum dos táxons 2 sinonimizados sob V. hirsuta. Portanto, V. hirsuta aparentemente corresponde a uma única espécie com grande variação morfológica, indiferente do reconhecimento das populações do norte da distribuição como um táxon distinto, e seria melhor tratá-la como uma ocloespécie, sendo possivelmente, eventos de hibridação antigos, a origem dos atuais padrões de variação morfológica.
id UFMG_56b1abfb6291c5bcdae29de0fc7cfc86
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/TJAS-8SJP4L
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Eduardo Leite BorbaViviane da Silva PereiraJoao Aguiar Nogueira BatistaFábio PinheiroAriane Raquel Barbosa2019-08-13T04:17:54Z2019-08-13T04:17:54Z2011-02-25http://hdl.handle.net/1843/TJAS-8SJP4LOs campos rupestres da Cadeia do Espinhaço são conhecidos por sua riqueza de espécies vegetais com elevado grau de endemismo, citado como resultado das disjunções na distribuição das populações, decorrente da descontinuidade das cadeias montanhosas. Esta disjunção tem sido citada como um dos principais fatores responsáveis pelo isolamento e diferenciação das populações. Vellozia hirsuta (Velloziaceae) corresponde a um complexo de espécies que ocorre na Cadeia do Espinhaço e apresenta grande variação na morfologia externa e anatomia foliar. Esta variação levou à sinonimização de quatro espécies sob o nome de V. hirsuta e ao reconhecimento de 14 padrões morfo-anatômicos. Neste estudo foi investigada a correlação dos padrões morfo-anatômicos com a distribuição da variabilidade genética e a distribuição geográfica das populações, investigando também a existência de possíveis barreiras responsáveis pela restrição do fluxo gênico recente ou histórico entre populações. Empregando sequenciamento da região intergênica trnL-rpl32F (cpDNA), a ocorrência de 25 sítios polimórficos revelou 20 haplótipos nas 23 populações amostradas. As populações de V. hirsuta aparecem estruturadas (ST = 0,818) em quatro grupos filogeográficos que correspondem às principais regiões geográficas ocupadas pela espécie, demonstrando uma estruturação geográfica da diversidade genética e ausência de correlação com os padrões morfo-anatômicos descritos. O grupo formado pelas populações do norte de Minas Gerais e sul da Bahia se mostrou geneticamente mais diferenciado devido à presença de haplótipos exclusivos em suas populações. Este resultado associado ao isolamento geográfico e diferenciação morfológica deste grupo indica que o mesmo poderia ser reconhecido como um táxon distinto das demais populações de V. hirsuta. No estudo de genética de populações realizadas com marcadores ISSR, a heterozigosidade média das populações (0,216) apresentou valores inferiores a espécies de mesmas características biológicas. A AMOVA apontou alta variação dentro das populações (84-86%) e baixa divergência (11-14%) entre as populações. A análise Bayesiana indicou um número de populações geneticamente estruturadas sem delimitações precisas entre estes grupos e sim uma estruturação em um gradiente geográfico norte-sul. Entretanto, o grupo do norte parece ser mais diferenciado do que os demais, e a delimitação deste grupo como um táxon distinto é suportada como nas análises filogeográficas. Tanto as análises filogeográficas as de genética de populações não sustentaram o reconhecimento de nenhum dos táxons 2 sinonimizados sob V. hirsuta. Portanto, V. hirsuta aparentemente corresponde a uma única espécie com grande variação morfológica, indiferente do reconhecimento das populações do norte da distribuição como um táxon distinto, e seria melhor tratá-la como uma ocloespécie, sendo possivelmente, eventos de hibridação antigos, a origem dos atuais padrões de variação morfológica.The campos rupestres of the Espinhaço Range are known for their richness of plant species with a high degree of endemism, cited as a result of disjunctions in the distribution of populations due to the discontinuity of the mountain ranges. This disjunction has been cited as a major factor responsible for the isolation and differentiation of populations. Vellozia hirsuta (Velloziaceae) corresponds to a species complex that occurs in the Espinhaço Range and shows great variation in external morphology and leaf anatomy. This variation led to synonymization of four species under the name V. hirsuta and the recognition of 14 morpho-anatomical patterns. In this study we investigated the correlation of those morphological and anatomical patterns with the distribution of genetic variability and geographic distribution of populations, also investigating the possible existence of barriers responsible for the restriction of recent or historical gene flow among populations. Using sequencing of trnL-rpl32F intergenic region (cpDNA), the occurrence of 25 polymorphic sites revealed 20 haplotypes in the 23 populations sampled. The populations of V. hirsuta appears structured (ST = 0.818) in four phylogeographic groups that correspond to major geographic regions occupied by the species, demonstrating a geographic structure of genetic diversity and lack of correlation with the morpho-anatomical patterns described. The group formed by the populations of northern Minas Gerais and southern Bahia states was genetically more divergent due to the presence of unique haplotypes within their populations. This result associated with geographic isolation and morphological differentiation suggests that this group could be recognized as a taxon distinct from other populations of V. hirsuta. In the study of population genetics performed with ISSR, the mean heterozygosity of the populations (0.216) showed lower values than species of similar biological characteristics. The AMOVA showed high variation within (84-86%) and low divergence (11-14%) among populations. The Bayesian analysis showed a number of populations genetically structured with no precise boundaries between these groups, but instead structured in a north-south geographical gradient. However, the northern group appears to be more differentiated than others and delimitation of this group as a distinct taxon is supported, as found in the phylogeographical analysis. Both phylogeographical and population genetics did not support the recognition of any taxa synonymized under V. hirsuta. Therefore, V. hirsuta apparently corresponds to a single species with great variation, regardless of the recognition of the populations of 4 northern distribution as a distinct taxon, and it would be better treated as an ochlospecies. Possibly ancient hybridization events were the origin of the current pattern of morphological variation.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGBotânicaVelloziaceaeGenética de populaçõesVellozia hirsutagenética de populaçõesVelloziaceaeISSRfilogeografiarpl32F-trnLBiossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populaçõesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_arb_10mar2011.pdfapplication/pdf2333824https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/TJAS-8SJP4L/1/disserta__o_arb_10mar2011.pdf305fbad64b548adea73bfeaaa7ebae5eMD51TEXTdisserta__o_arb_10mar2011.pdf.txtdisserta__o_arb_10mar2011.pdf.txtExtracted texttext/plain199930https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/TJAS-8SJP4L/2/disserta__o_arb_10mar2011.pdf.txt3b4dc4b00c21fa4b804bb5c8ad10898eMD521843/TJAS-8SJP4L2019-11-14 21:11:22.773oai:repositorio.ufmg.br:1843/TJAS-8SJP4LRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T00:11:22Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
title Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
spellingShingle Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
Ariane Raquel Barbosa
Vellozia hirsuta
genética de populações
Velloziaceae
ISSR
filogeografia
rpl32F-trnL
Botânica
Velloziaceae
Genética de populações
title_short Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
title_full Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
title_fullStr Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
title_full_unstemmed Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
title_sort Biossistemática do complexo Vellozia hirsuta (Velloziaceae) baseada em análise filogeográfica e genética de populações
author Ariane Raquel Barbosa
author_facet Ariane Raquel Barbosa
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Eduardo Leite Borba
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Viviane da Silva Pereira
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Joao Aguiar Nogueira Batista
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Fábio Pinheiro
dc.contributor.author.fl_str_mv Ariane Raquel Barbosa
contributor_str_mv Eduardo Leite Borba
Viviane da Silva Pereira
Joao Aguiar Nogueira Batista
Fábio Pinheiro
dc.subject.por.fl_str_mv Vellozia hirsuta
genética de populações
Velloziaceae
ISSR
filogeografia
rpl32F-trnL
topic Vellozia hirsuta
genética de populações
Velloziaceae
ISSR
filogeografia
rpl32F-trnL
Botânica
Velloziaceae
Genética de populações
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Botânica
Velloziaceae
Genética de populações
description Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço são conhecidos por sua riqueza de espécies vegetais com elevado grau de endemismo, citado como resultado das disjunções na distribuição das populações, decorrente da descontinuidade das cadeias montanhosas. Esta disjunção tem sido citada como um dos principais fatores responsáveis pelo isolamento e diferenciação das populações. Vellozia hirsuta (Velloziaceae) corresponde a um complexo de espécies que ocorre na Cadeia do Espinhaço e apresenta grande variação na morfologia externa e anatomia foliar. Esta variação levou à sinonimização de quatro espécies sob o nome de V. hirsuta e ao reconhecimento de 14 padrões morfo-anatômicos. Neste estudo foi investigada a correlação dos padrões morfo-anatômicos com a distribuição da variabilidade genética e a distribuição geográfica das populações, investigando também a existência de possíveis barreiras responsáveis pela restrição do fluxo gênico recente ou histórico entre populações. Empregando sequenciamento da região intergênica trnL-rpl32F (cpDNA), a ocorrência de 25 sítios polimórficos revelou 20 haplótipos nas 23 populações amostradas. As populações de V. hirsuta aparecem estruturadas (ST = 0,818) em quatro grupos filogeográficos que correspondem às principais regiões geográficas ocupadas pela espécie, demonstrando uma estruturação geográfica da diversidade genética e ausência de correlação com os padrões morfo-anatômicos descritos. O grupo formado pelas populações do norte de Minas Gerais e sul da Bahia se mostrou geneticamente mais diferenciado devido à presença de haplótipos exclusivos em suas populações. Este resultado associado ao isolamento geográfico e diferenciação morfológica deste grupo indica que o mesmo poderia ser reconhecido como um táxon distinto das demais populações de V. hirsuta. No estudo de genética de populações realizadas com marcadores ISSR, a heterozigosidade média das populações (0,216) apresentou valores inferiores a espécies de mesmas características biológicas. A AMOVA apontou alta variação dentro das populações (84-86%) e baixa divergência (11-14%) entre as populações. A análise Bayesiana indicou um número de populações geneticamente estruturadas sem delimitações precisas entre estes grupos e sim uma estruturação em um gradiente geográfico norte-sul. Entretanto, o grupo do norte parece ser mais diferenciado do que os demais, e a delimitação deste grupo como um táxon distinto é suportada como nas análises filogeográficas. Tanto as análises filogeográficas as de genética de populações não sustentaram o reconhecimento de nenhum dos táxons 2 sinonimizados sob V. hirsuta. Portanto, V. hirsuta aparentemente corresponde a uma única espécie com grande variação morfológica, indiferente do reconhecimento das populações do norte da distribuição como um táxon distinto, e seria melhor tratá-la como uma ocloespécie, sendo possivelmente, eventos de hibridação antigos, a origem dos atuais padrões de variação morfológica.
publishDate 2011
dc.date.issued.fl_str_mv 2011-02-25
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-13T04:17:54Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-13T04:17:54Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/TJAS-8SJP4L
url http://hdl.handle.net/1843/TJAS-8SJP4L
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/TJAS-8SJP4L/1/disserta__o_arb_10mar2011.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/TJAS-8SJP4L/2/disserta__o_arb_10mar2011.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 305fbad64b548adea73bfeaaa7ebae5e
3b4dc4b00c21fa4b804bb5c8ad10898e
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589376635043840