Herpetofauna do corredor Sossego-Caratinga, Mata Atlântica do sudeste do Brasil: estrutura das comunidades e influência da paisagem

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Patrícia da Silva Santos
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9ENJ8P
Resumo: O Brasil é um dos países com maior riqueza de anfíbios (946 espécies) e répteis (702) (BÉRNILS & COSTA 2012, SEGALLA et al. 2012). Esta riqueza representa 15% das espécies de anuros (AMPHIBIA WEB 2013) e 8% de répteis (UETZ 2013) conhecidos para o mundo. Cerca de 200 espécies de anuros e 115 de répteis foram descritas desde 2000 (dados disponíveis em BÉRNILS & COSTA 2012, SEGALLA et al. 2012) o que indica que estes grupos podem estar com a riqueza subestimada (MACHADO et al. 2008, RODRIGUES 2005) e ainda sinaliza que um incremento nas pesquisas é fundamental pro conhecimento das espécies que compões os diversos biomas brasileiros. A Mata Atlântica é um dos biomas que se destaca pela elevada riqueza e endemismo de anuros e répteis (DUELLMAN 1999, RODRIGUES 2005, VILLALOBOS et al. 2013). São reconhecidas para o bioma mais de 400 espécies de anuros (HADDAD et al. 2008, TRINDADE-FILHO et al. 2012), 67 espécies de lagartos e anfisbenas e 134 de serpentes (RODRIGUES 2005). Apesar dessa riqueza biológica, a Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais ameaçadas (METZGER 2009) principalmente pela perda de habitat relacionada à retirada de floresta que transformou áreas contínuas em habitat fragmentados. A perda de habitat e a fragmentação florestal são as maiores ameaças às populações de anfíbios e répteis (STUART et al. 2004, RODRIGUES 2005, BECKER et al. 2007, MARTINS & MOLINA 2008) e o desenvolvimento de estratégias de conservação para estes grupos na Mata Atlântica dependem de pesquisas como a realização de inventários que permitem conhecer e diagnosticar os impactos e assim implementar tais estratégias (HADDAD 1998). Assim, estudos que incluam análise de uso de habitat pelas espécies e dos fatores responsáveis pela estruturação das comunidades que influenciam a riqueza e abundância populacional, podem fornecer dados importantes para ações de conservação do grupo. Como efeitos da fragmentação florestal são observados a redução da quantidade de habitat, aumento do número e diminuição no tamanho de manchas de habitat e aumento do isolamento entre estas manchas (FAHRIG 2003). Tais fatores podem alterar o tamanho das populações, promover o isolamento destas nos habitat remanescentes (metapopulações) e levar até mesmo à extinção local de espécies. Embora ocorra perda biodiversidade nos fragmentos, o intervalo de tempo entre a perda de hábitat e a extinção observada em alguns estudos oferece uma oportunidade preciosa de unir os fragmentos da paisagem, diminuindo assim os efeitos deste processo (GALINDO-LEAL 2005). Poucos estudos analisando o efeito da fragmentação e alteração da paisagem sobre a herpetofauna foram feitos em áreas de Mata Atlântica no sudeste do Brasil (e.g. BECKER et al. 2007; DIXO & MARTINS 2008; DIXO & METZGER 2009; DIXO et al. 2009; METZGER et al. 2009; BECKER et al. 2010; DIXO & METZGER 2010; SILVA et al. 2011). Estudos sobre a herpetofauna desenvolvidos em áreas de Mata Atlântica na bacia do Rio Doce no leste do estado de Minas Gerais, que forneçam dados da ecologia ou composição das comunidades, são escassos. A maioria dos levantamentos e/ou monitoramentos realizados na região referem-se a estudos de impacto ambiental realizados em empreendimentos hidrelétricos e/ou em mineradoras, cujas informações não estão acessíveis. Estão disponíveis os trabalhos de FEIO et al. (1998) que fornecem uma lista com dados de história natural para anuros do Parque Estadual do Rio Doce, PALMUTI et al. (2009) que fornecem dados de dieta de serpentes da RPPN Feliciano Miguel Abdala e NERY & TABACOW (2012) que apresentam o plano de manejo para esta reserva. A intenção de formação de um corredor ecológico entre a RPPN Mata do Sossego em Simonésia e a RPPN Feliciano Miguel Abdala em Caratinga surgiu a partir da necessidade de conservação, bem como da promoção da conectividade dos remanescentes entre as reservas, umas vez que estas áreas são importantes para a manutenção de populações do Brachyteles hypoxanthus (muriqui-do-norte) (FUNDAÇÃO BIOBIVERSITAS 2013), espécie de primata ameaçada no país (MENDES et al. 2005). Levantamentos estão sendo desenvolvidos na região para se avaliar as condições dos fragmentos para o manejo da espécie e, desta forma, estudos realizados com outros grupos faunísticos poderão consolidar as políticas de conservação para o corredor. Em relação à importância da área de estudo para a conservação da biodiversidade do estado de Minas Gerais, a região de Caratinga é considerada de Extrema Importância, a RPPN Mata do Sossego, de Importância Muito Alta, e a região do entorno das duas reservas, o Complexo Caratinga/Sossego, de Muito Alta importância biológica (DRUMMOND et al. 2005). Apesar da relevância da região para a conservação, esta se encontra sob pressões antrópicas, principalmente a agricultura e pecuária, sendo recomendados esforços no sentido de se inventariar a herpetofauna da região (DRUMMOND et al. 2005). O objetivo geral deste estudo foi realizar um diagnóstico da herpetofauna na área do Corredor Sossego-Caratinga fornecendo dados de riqueza, composição, impactos e sobre o efeito da paisagem fragmentada sobre a anurofauna local. Tais dados irão compor a base para o conhecimento da herpetofauna local, permitindo a delimitação de estratégias de conservação para o grupo e para a biota local como todo. Assim, o trabalho está dividido em quatro capítulos que versam sobre o objetivo apresentado acima. No capítulo 1 é apresentado um estudo sobre a estrutura da comunidade de anuros da RPPN Mata do Sossego onde é fornecida a composição específica e avaliado o uso dos habitat (distribuição espacial) e a sazonalidade das espécies (distribuição sazonal). Tais dados poderão ser usados nos planos de manejo da reserva e direcionar as ações de conservação dos anuros na área. No Capítulo 2 é fornecida uma lista dos répteis e anuros que ocorrem ao longo do Corredor Sossego- Caratinga, bem como dados do uso de habitat, distribuição e status de ameaça das espécies. Uma análise qualitativa dos impactos sobre a herpetofauna e considerações sobre ações de conservação são também apresentados. No capítulo 3 é investigada a influência de parâmetros da paisagem relacionados à área, forma e isolamento dos fragmentos ao longo do corredor sobre a riqueza e diversidade da anurofauna de serrapilheira. E, finalmente no último capítulo, é apresentada uma coletânea de comunicações científicas que tratam da ampliação de distribuição geográfica e da história natural de espécies consideradas deficientes em dados ou incluídas em listas de espécies ameaçadas.
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São reconhecidas para o bioma mais de 400 espécies de anuros (HADDAD et al. 2008, TRINDADE-FILHO et al. 2012), 67 espécies de lagartos e anfisbenas e 134 de serpentes (RODRIGUES 2005). Apesar dessa riqueza biológica, a Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais ameaçadas (METZGER 2009) principalmente pela perda de habitat relacionada à retirada de floresta que transformou áreas contínuas em habitat fragmentados. A perda de habitat e a fragmentação florestal são as maiores ameaças às populações de anfíbios e répteis (STUART et al. 2004, RODRIGUES 2005, BECKER et al. 2007, MARTINS & MOLINA 2008) e o desenvolvimento de estratégias de conservação para estes grupos na Mata Atlântica dependem de pesquisas como a realização de inventários que permitem conhecer e diagnosticar os impactos e assim implementar tais estratégias (HADDAD 1998). Assim, estudos que incluam análise de uso de habitat pelas espécies e dos fatores responsáveis pela estruturação das comunidades que influenciam a riqueza e abundância populacional, podem fornecer dados importantes para ações de conservação do grupo. Como efeitos da fragmentação florestal são observados a redução da quantidade de habitat, aumento do número e diminuição no tamanho de manchas de habitat e aumento do isolamento entre estas manchas (FAHRIG 2003). Tais fatores podem alterar o tamanho das populações, promover o isolamento destas nos habitat remanescentes (metapopulações) e levar até mesmo à extinção local de espécies. Embora ocorra perda biodiversidade nos fragmentos, o intervalo de tempo entre a perda de hábitat e a extinção observada em alguns estudos oferece uma oportunidade preciosa de unir os fragmentos da paisagem, diminuindo assim os efeitos deste processo (GALINDO-LEAL 2005). 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(2009) que fornecem dados de dieta de serpentes da RPPN Feliciano Miguel Abdala e NERY & TABACOW (2012) que apresentam o plano de manejo para esta reserva. A intenção de formação de um corredor ecológico entre a RPPN Mata do Sossego em Simonésia e a RPPN Feliciano Miguel Abdala em Caratinga surgiu a partir da necessidade de conservação, bem como da promoção da conectividade dos remanescentes entre as reservas, umas vez que estas áreas são importantes para a manutenção de populações do Brachyteles hypoxanthus (muriqui-do-norte) (FUNDAÇÃO BIOBIVERSITAS 2013), espécie de primata ameaçada no país (MENDES et al. 2005). Levantamentos estão sendo desenvolvidos na região para se avaliar as condições dos fragmentos para o manejo da espécie e, desta forma, estudos realizados com outros grupos faunísticos poderão consolidar as políticas de conservação para o corredor. Em relação à importância da área de estudo para a conservação da biodiversidade do estado de Minas Gerais, a região de Caratinga é considerada de Extrema Importância, a RPPN Mata do Sossego, de Importância Muito Alta, e a região do entorno das duas reservas, o Complexo Caratinga/Sossego, de Muito Alta importância biológica (DRUMMOND et al. 2005). Apesar da relevância da região para a conservação, esta se encontra sob pressões antrópicas, principalmente a agricultura e pecuária, sendo recomendados esforços no sentido de se inventariar a herpetofauna da região (DRUMMOND et al. 2005). O objetivo geral deste estudo foi realizar um diagnóstico da herpetofauna na área do Corredor Sossego-Caratinga fornecendo dados de riqueza, composição, impactos e sobre o efeito da paisagem fragmentada sobre a anurofauna local. Tais dados irão compor a base para o conhecimento da herpetofauna local, permitindo a delimitação de estratégias de conservação para o grupo e para a biota local como todo. Assim, o trabalho está dividido em quatro capítulos que versam sobre o objetivo apresentado acima. No capítulo 1 é apresentado um estudo sobre a estrutura da comunidade de anuros da RPPN Mata do Sossego onde é fornecida a composição específica e avaliado o uso dos habitat (distribuição espacial) e a sazonalidade das espécies (distribuição sazonal). Tais dados poderão ser usados nos planos de manejo da reserva e direcionar as ações de conservação dos anuros na área. No Capítulo 2 é fornecida uma lista dos répteis e anuros que ocorrem ao longo do Corredor Sossego- Caratinga, bem como dados do uso de habitat, distribuição e status de ameaça das espécies. Uma análise qualitativa dos impactos sobre a herpetofauna e considerações sobre ações de conservação são também apresentados. No capítulo 3 é investigada a influência de parâmetros da paisagem relacionados à área, forma e isolamento dos fragmentos ao longo do corredor sobre a riqueza e diversidade da anurofauna de serrapilheira. 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Como efeitos da fragmentação florestal são observados a redução da quantidade de habitat, aumento do número e diminuição no tamanho de manchas de habitat e aumento do isolamento entre estas manchas (FAHRIG 2003). Tais fatores podem alterar o tamanho das populações, promover o isolamento destas nos habitat remanescentes (metapopulações) e levar até mesmo à extinção local de espécies. Embora ocorra perda biodiversidade nos fragmentos, o intervalo de tempo entre a perda de hábitat e a extinção observada em alguns estudos oferece uma oportunidade preciosa de unir os fragmentos da paisagem, diminuindo assim os efeitos deste processo (GALINDO-LEAL 2005). Poucos estudos analisando o efeito da fragmentação e alteração da paisagem sobre a herpetofauna foram feitos em áreas de Mata Atlântica no sudeste do Brasil (e.g. BECKER et al. 2007; DIXO & MARTINS 2008; DIXO & METZGER 2009; DIXO et al. 2009; METZGER et al. 2009; BECKER et al. 2010; DIXO & METZGER 2010; SILVA et al. 2011). Estudos sobre a herpetofauna desenvolvidos em áreas de Mata Atlântica na bacia do Rio Doce no leste do estado de Minas Gerais, que forneçam dados da ecologia ou composição das comunidades, são escassos. A maioria dos levantamentos e/ou monitoramentos realizados na região referem-se a estudos de impacto ambiental realizados em empreendimentos hidrelétricos e/ou em mineradoras, cujas informações não estão acessíveis. Estão disponíveis os trabalhos de FEIO et al. (1998) que fornecem uma lista com dados de história natural para anuros do Parque Estadual do Rio Doce, PALMUTI et al. (2009) que fornecem dados de dieta de serpentes da RPPN Feliciano Miguel Abdala e NERY & TABACOW (2012) que apresentam o plano de manejo para esta reserva. A intenção de formação de um corredor ecológico entre a RPPN Mata do Sossego em Simonésia e a RPPN Feliciano Miguel Abdala em Caratinga surgiu a partir da necessidade de conservação, bem como da promoção da conectividade dos remanescentes entre as reservas, umas vez que estas áreas são importantes para a manutenção de populações do Brachyteles hypoxanthus (muriqui-do-norte) (FUNDAÇÃO BIOBIVERSITAS 2013), espécie de primata ameaçada no país (MENDES et al. 2005). Levantamentos estão sendo desenvolvidos na região para se avaliar as condições dos fragmentos para o manejo da espécie e, desta forma, estudos realizados com outros grupos faunísticos poderão consolidar as políticas de conservação para o corredor. Em relação à importância da área de estudo para a conservação da biodiversidade do estado de Minas Gerais, a região de Caratinga é considerada de Extrema Importância, a RPPN Mata do Sossego, de Importância Muito Alta, e a região do entorno das duas reservas, o Complexo Caratinga/Sossego, de Muito Alta importância biológica (DRUMMOND et al. 2005). Apesar da relevância da região para a conservação, esta se encontra sob pressões antrópicas, principalmente a agricultura e pecuária, sendo recomendados esforços no sentido de se inventariar a herpetofauna da região (DRUMMOND et al. 2005). O objetivo geral deste estudo foi realizar um diagnóstico da herpetofauna na área do Corredor Sossego-Caratinga fornecendo dados de riqueza, composição, impactos e sobre o efeito da paisagem fragmentada sobre a anurofauna local. Tais dados irão compor a base para o conhecimento da herpetofauna local, permitindo a delimitação de estratégias de conservação para o grupo e para a biota local como todo. 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