Os conceitos de criança anormal, criança-problema e criança excepcional em produções brasileiras: contribuições da história da psicologia para a educação especial

• Autor(a) principal: Cristina Rodrigues de Oliveira Lima
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/60632
• topic: Educação especial; Criança anormal; Criança excepcional; História da Psicologia

O campo da Educação Especial estabeleceu relações com a Psicologia, a Psiquiatria e a Medicina, iniciadas em seus primórdios e que permanecem até os tempos atuais. O foco de atuação destas áreas de conhecimento recaiu sobre diversas categorias diagnósticas que foram se transformando com o tempo. No início do século XX, destaca-se a categoria “criança anormal”. Buscando compreender quais possíveis contribuições da área da Psicologia para a construção histórica deste conceito, que se articula com outros como criança difícil de educar, criança-problema e criança excepcional, essa pesquisa investigou e discutiu a utilização destes termos no Brasil, a partir das obras de importantes autores brasileiros. Sem desconsiderar a relevância e a relação com os demais campos, a pesquisa fundamenta-se na História da Psicologia e foi realizada a partir da análise de fontes primárias e secundárias, com ênfase nos Manuais de Introdução à Psicologia e em Revistas Pedagógicas que circulavam na época, buscando evidenciar e debater as raízes dos termos, as diversas classificações e características das crianças, os tipos de diagnósticos, os métodos para tratar e educar, bem como o desuso dos conceitos. A análise foi realizada a partir da História dos Conceitos, cuja premissa utilizada por Koselleck, considera por um lado, a existência de uma tensão constante entre a sociedade e sua mudança, por outro, o processamento e a elaboração linguística situada em um tempo histórico. Os resultados demonstram que o conceito de criança anormal, originalmente europeu, já circulava no Brasil, nos primeiros anos da década de 1920 e possuía a concepção médica da deficiência como base. Na década seguinte, o conceito de criança problema emerge para classificar os casos intermediários, ou seja, para classificar aquelas crianças que, embora não tivessem nenhuma patologia, apresentavam inadaptação escolar, às regras ou à sociedade. Neste mesmo período, Helena Antipoff contribuiu para que o conceito de criança excepcional substituísse o conceito de criança anormal nos documentos oficiais e, consequentemente, na nomeação usada em outras publicações. Portanto, este estudo revelou que na década de 1930, os três conceitos (criança anormal, criança problema e criança excepcional) foram usados de forma simultânea.