Influência de antipsicóticos de segunda geração na composição da microbiota intestinal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maria Carolina Lobato Machado
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B57JL5
Resumo: Introdução: Os antipsicóticos de segunda geração (ASG) são comumente prescritos como tratamento de primeira linha para transtornos psicóticos. No entanto, apresentam o efeito adverso de ganho de peso e alterações metabólicas. Com avanços em técnicas de biologia molecular, que possibilitaram melhor avaliação da microbiota intestinal (MI), a interação entre MI e ASG tem sido investigada como potencial fator contribuinte para esses efeitos colaterais. Assim, pensando-se inclusive na possibilidade de futuras intervenções profiláticas, é interessante a investigação dessa associação. Objetivos: Realizar uma revisão sistemática da literatura para responder à pergunta estruturada no formato P.I.C.O (Patient, Intervention, Comparison groups, Outcomes): Em pacientes com transtornos psiquiátricos, o uso de ASG pode alterar a composição da MI? Métodos: Foi realizada busca por artigos nas bases de dados: PubMed, PsycINFO, Web of Science, SCOPUS, Cochrane, LILLACS/BVS, Google acadêmico, OpenGrey, OpenThesis e clinicaltrials.gov. Não houve restrição quanto ao tipo de estudo ou data de publicação. Foram considerados somente trabalhos em humanos, sem restrição de idade, sexo ou setting. Tanto a busca, quanto a seleção dos artigos e análise dos dados foram realizadas por dois avaliadores independentes. Resultados: Somente dois estudos preencheram os critérios de elegibilidade. Eram estudos observacionais, pequenos, com alto risco de viés e que, por possuírem significativas diferenças metodológicas, não permitiram a meta-análise dos dados. Um dos trabalhos avaliou 18 crianças do sexo masculino, em estudo transversal, evidenciando aumento da diversidade alfa (Shannon index) da MI (5,9 x 5,2, p<0,05) com exposição crônica à risperidona, além de redução na relação Bacteroidetes: Firmicutes (0,20 x 1,24, p<0,05), comparado a 10 controles. O trabalho possuía ainda um braço longitudinal com 10 meses de seguimento de 5 meninos, evidenciando queda na relação Bacteroidetes: Firmicutes, após o início do uso de risperidona. O outro estudo apresentou resultados de uma avaliação transversal de 117 adultos, associando o uso de ASG à diminuição da diversidade alfa (Simpson index) significativa somente no sexo feminino (p=0,015), além de um aumento da proporção do gênero Lachnospiraceae (p=0,001). O estudo também mostrou maior abundância do gênero Akkermansia (p=0,03) nos pacientes que não fizeram uso de ASG. Conclusão: A evidência da associação do uso de ASG e mudanças da MI ainda é incipiente, não existindo trabalhos em número e qualidade suficientes para se definir de que forma isso ocorre. Os ASG parecem estar associados a alterações da composição da MI e tais alterações estão relacionadas também a características do indivíduo como sexo, idade, dieta e estilo de vida. No entanto, o tamanho, mecanismo e efeito dessas alterações ainda não estão bem definidos pois existem poucos estudos e com metodologias muito heterogêneas.
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spelling Rodrigo NicolatoMarco Aurelio Romano SilvaDebora Marques de MirandaJussara Mendonça AlvarengaAntonio Marcos Alvim Soares JuniorMaria Carolina Lobato Machado2019-08-14T20:32:51Z2019-08-14T20:32:51Z2017-02-22http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B57JL5Introdução: Os antipsicóticos de segunda geração (ASG) são comumente prescritos como tratamento de primeira linha para transtornos psicóticos. No entanto, apresentam o efeito adverso de ganho de peso e alterações metabólicas. Com avanços em técnicas de biologia molecular, que possibilitaram melhor avaliação da microbiota intestinal (MI), a interação entre MI e ASG tem sido investigada como potencial fator contribuinte para esses efeitos colaterais. Assim, pensando-se inclusive na possibilidade de futuras intervenções profiláticas, é interessante a investigação dessa associação. Objetivos: Realizar uma revisão sistemática da literatura para responder à pergunta estruturada no formato P.I.C.O (Patient, Intervention, Comparison groups, Outcomes): Em pacientes com transtornos psiquiátricos, o uso de ASG pode alterar a composição da MI? Métodos: Foi realizada busca por artigos nas bases de dados: PubMed, PsycINFO, Web of Science, SCOPUS, Cochrane, LILLACS/BVS, Google acadêmico, OpenGrey, OpenThesis e clinicaltrials.gov. Não houve restrição quanto ao tipo de estudo ou data de publicação. Foram considerados somente trabalhos em humanos, sem restrição de idade, sexo ou setting. Tanto a busca, quanto a seleção dos artigos e análise dos dados foram realizadas por dois avaliadores independentes. Resultados: Somente dois estudos preencheram os critérios de elegibilidade. Eram estudos observacionais, pequenos, com alto risco de viés e que, por possuírem significativas diferenças metodológicas, não permitiram a meta-análise dos dados. Um dos trabalhos avaliou 18 crianças do sexo masculino, em estudo transversal, evidenciando aumento da diversidade alfa (Shannon index) da MI (5,9 x 5,2, p<0,05) com exposição crônica à risperidona, além de redução na relação Bacteroidetes: Firmicutes (0,20 x 1,24, p<0,05), comparado a 10 controles. O trabalho possuía ainda um braço longitudinal com 10 meses de seguimento de 5 meninos, evidenciando queda na relação Bacteroidetes: Firmicutes, após o início do uso de risperidona. O outro estudo apresentou resultados de uma avaliação transversal de 117 adultos, associando o uso de ASG à diminuição da diversidade alfa (Simpson index) significativa somente no sexo feminino (p=0,015), além de um aumento da proporção do gênero Lachnospiraceae (p=0,001). O estudo também mostrou maior abundância do gênero Akkermansia (p=0,03) nos pacientes que não fizeram uso de ASG. Conclusão: A evidência da associação do uso de ASG e mudanças da MI ainda é incipiente, não existindo trabalhos em número e qualidade suficientes para se definir de que forma isso ocorre. Os ASG parecem estar associados a alterações da composição da MI e tais alterações estão relacionadas também a características do indivíduo como sexo, idade, dieta e estilo de vida. No entanto, o tamanho, mecanismo e efeito dessas alterações ainda não estão bem definidos pois existem poucos estudos e com metodologias muito heterogêneas.Introduction: Second generation antipsychotics (SGA) are commonly prescribed as first-line treatment for psychotic disorders. However, they can induce weight gain and metabolic disturbances. Advances in molecular biology techniques enabled a better understand of the gut microbiota (GM), enabling the study of the interaction between SGA and GM, which has been suggested as a potential contributing factor to side effects of SGA. Therefore, considering also the prospect of some future prophylactic intervention, it is interesting to investigate this association. Objective: Conduct a systematic review of the literature to answer the P.I.C.O question (Patient, Intervention, Comparison groups, Outcomes): In patients with schizophrenia or other psychotic disorders, the use of SGA is associated with changes the GM composition? Methods: We searched for studies in the following databases: PubMed, PsycINFO, Web of Science, SCOPUS, Cochrane, LILLACS/BVS, Google Scholar, OpenGrey, OpenThesis, and clinicaltrials.gov. There were no restrictions on the design of study or publication date. Only studies in humans were considered, regardless of age, gender or setting. Two assessors carried out, independently, the search, study selection and data analysis. Results: Two studies fulfilled the eligibility criteria. They were small observational studies, with a high probability of bias and with several methodological differences that precluded meta-analysis of data. One of them assessed 18 male children, in a cross-sectional design, evidencing an increase in alpha diversity (Shannon index) of GM (5.9 x 5.2; p<0.05) and a decrease in the Bacteroidetes: Firmicutes ratio (0.20 x 1.24; p<0.05) after chronic exposure to risperidone. It also had a longitudinal arm with a 10 month follow up of 5 boys starting on risperidone, also showing a decrease in Bacteroidetes: Firmicutes ratio. The other paper showed results of a cross sectional evaluation of 117 adults diagnosed with bipolar disorder, associating the use of SGA to a decrease in alpha diversity (Simpson index) significant only in female subjects (P=0.015), and an increase in Lachnospiraceae genus (p=0,001). It also identified a preferentially abundance of Akkermansia (P=0.03) in the group that was not treated with SGA.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMicrobiotaAntipsicóticosMicrobioma GastrointestinalTranstornos PsicóticosMedicinaTranstornos PsiquiátricosMicrobiota IntestinalAntipsicóticos de Segunda GeraçãoMicrobiomaInfluência de antipsicóticos de segunda geração na composição da microbiota intestinalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_com_corre__es__e_anexos___final.pdfapplication/pdf3456015https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B57JL5/1/disserta__o_com_corre__es__e_anexos___final.pdfff2ed34eb0b758d95b2d8fde8cf48c52MD51TEXTdisserta__o_com_corre__es__e_anexos___final.pdf.txtdisserta__o_com_corre__es__e_anexos___final.pdf.txtExtracted texttext/plain200006https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B57JL5/2/disserta__o_com_corre__es__e_anexos___final.pdf.txt910d00ba09b8675c7cf4be19948b5d9dMD521843/BUOS-B57JL52020-01-29 15:30:32.15oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B57JL5Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-01-29T18:30:32Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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