Variações altitudinais na diversidade e composição em espécies de vespas e abelhas (Hymenoptera: Aculeata)

• Autor(a) principal: Lucas Neves Perillo
• Data de Publicação: 2011
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8MTJXG
• topic: Gradiente altitudinal; Composição e similaridade de espécies; Aculeata; Ecologia; Altitude - Influência; Caraça, Serra do (MG); Abelhas

Padrões de distribuição dos insetos ao longo de gradientes altitudinais têm sido descritos para várias montanhas tropicais. Segundo a hipótese do gradiente altitudinal, a riqueza e abundância em espécies tendem a diminuir em função da altitude. Aculeata é considerada linhagem monofilética da ordem Hymenoptera. São importantes polinizadores, mas há carência de estudos sobre sua ecologia e distribuição, sobretudo em ambientes altomontanos. Na Serra do Caraça, a vegetação é bastante heterogênea, além de possuir uma grande variação altitudinal (850-2072 m), fato que possibilita estudos sobre distribuição altitudinal de espécies. Para verificar se a assembléia de Aculeata varia em estrutura ao longo do gradiente altitudinal, foram selecionadas seis altitudes nas quais foram distribuídos, entre Outubro de 2009 e Outubro de 2010, 180 ninhos-armadilha (em tempo integral por altitude) e nove armadilhas Moericke (armadas por 48 hrs de 15 em 15 dias). Uma armadilha Malaise ainda foi empregada em três dos seis pontos de amostragem para complementar o levantamento. Coletas ativas com puçá também foram realizadas quando possível. Amostrou-se 2.927 espécimes, distribuídos em 186 morfoespécies, agrupados em 14 famílias de Aculeata. Há maior riqueza de vespas e abelhas em altitudes mais baixas. No ponto altitudinal mais extremo não ocorreu colonização de ninhos-armadilha, provavelmente pela restrição de recursos em habitats situados em cotas altitudinais mais elevadas. A armadilha Moericke foi a mais efetiva das metodologias empregadas. Por este motivo, os dados obtidos por meio destas armadilhas foram utilizados para a realização das análises de similaridade e composição em espécies. As comparações foram efetuadas por meio dos registros de presença ou ausência das espécies (Índice de Jaccard) e da abundância das morfoespécies de Aculeata (Índice de Bray-Curtis: log x+1). A riqueza e a composição em espécies variaram significativamente com a altitude. Cada altitude apresenta sua assembléia de morfoespécies específica, apesar dos pontos mais próximos entre si serem mais similares. Os resultados ainda indicam efeito da estacionalidade sobre a composição em espécies. Por meio da análise sobre a eficiência de captura dos diferentes tipos de armadilha, verificou-se que nenhuma espécie foi coletada por meio de todos os dispositivos. A importância de se amostrar por meio da utilização conjunta de diferentes tipos de metodologia foi evidente, pois cada grupo taxonômico é capturado mais efetivamente por meio de um tipo específico de armadilha. A argila e silte do solo das altitudes mais elevadas se tornaram cada vez mais escassas, dificultando a nidificação de espécies que utilizam barro para confeccionar seus ninhos. Além disso, diferentes tipos de solo exercem influência determinante na composição vegetal, o que também interfere na composição e abundância das assembléias de Aculeata. Variações altitudinais da composição em espécies enfatizam a importância da preservação dos topos de montanha, que possuem um histórico de devastação causado pela mineração, em especial a extração de ferro na região. Os resultados enfatizam a importância da conservação nas áreas de estudo e vizinhas correspondentes, além de ter complementado o conhecimento sobre a fauna de Aculeata da região.