Poder sobre a vida e potências da vida: práticas de promoção da saúde em instituições religiosas

• Autor(a) principal: Roberta Viegas Magalhães
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ANDO-9TLHH3
• topic: Promoção da Saúde; Religião; Poder Psicologia; Promoção da Saúde; Poder (Psicologia); Enfermagem; Religião; Pesquisa Qualitativa

A realização deste estudo partiu da premissa de que as igrejas atuam como espaços potenciais para o estímulo de hábitos de vida saudáveis com a promoção de uma melhoria na qualidade de vida das pessoas. Contudo, questionam-se as relações de poder instituídas nestes espaços. Assim, o objetivo do estudo foi analisar as relações de poder nas práticas de promoção da saúde em instituições religiosas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória com abordagem crítica pós-estruturalista. O estudo foi realizado no território de abrangência do Centro de Saúde Independência, no Distrito Sanitário Barreiro do município de Belo Horizonte. Após o mapeamento do território, com a identificação de instituições religiosas, foram definidas para análise quatro práticas de promoção da saúde nas quais os dados foram obtidos de 56 horas de observação e entrevistas com 25 pessoas entre coordenadores e participantes das práticas. A análise dos dados foi sustentada no referencial de análise crítica do discurso. Os resultados indicam uma multiplicidade de ações e práticas desenvolvidas nas instituições religiosas e denominadas de promoção da saúde. As práticas analisadas contribuem para a formação de uma interdiscursividade entre a biomedicina e a religiosidade. O acesso às práticas é marcado temporalmente pela busca de cura com demandas do imediato que se confronta com a busca por cuidado expressa na socialização e no vínculo e promovem a possibilidade de escuta, diálogo e fortalecimento de redes de ajuda nos enfrentamentos do cotidiano. No campo das práticas sociais, a ordenação da vida com a orientação do cuidado de si conforma as noções de promoção da saúde nas práticas analisadas. Os discursos nesse campo revelam o processo de vigilância do indivíduo estabelecida por e sobre si mesmo, produzida pela fé num processo de subjetivação. Foi possível identificar que as práticas de promoção da saúde operam tanto no controle disciplinar sobre os corpos individuais quanto na regulação sobre a vida. Por outro lado, a vulnerabilidade dos participantes no momento anterior a busca pelas práticas é transformada em potência de vida com produção de novas histórias e novos modos de saber-viver, norteados pela religiosidade. Ao poder sobre a vida responde a potência de vida num conjunto contraditório de relações na qual a sujeição ao poder instituído pela igreja produz uma potência que permite ao sujeito criar, produzir e fazer variar as suas formas de vida, promovendo mudanças no seu modo de ver e viver o mundo. Conclui-se que as práticas de promoção da saúde nas instituições religiosas contribuem para a melhoria da vida. O estudo proporcionou um novo olhar sobre as relações estabelecidas nas práticas vinculadas às instituições religiosas indicando que elas potencializam formas mais amplas de intervir em saúde, considerando o sujeito em sua integralidade.