Comunidades de leveduras associadas com a fermentação espontânea durante a produção artesanal da cachaça de Alambique em Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carla Pataro
Data de Publicação: 2000
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9BHKK3
Resumo: As comunidades de leveduras associadas à fermentação da cachaça foram estudadas em 19 destilarias no Estado de Minas Gerais. Foi realizado o acompanhamento da formação do pé-de-cuba e da fermentação de mosto, tanto durante o ciclo fermentativo de 24 horas quanto em diferentes épocas do ano (início, meio e final de produção da cachaça). Uma sucessão de espécies de leveduras foi observada durante a fermentação da cachaça com Saccharomyces cerevisiae dominando todo o processo. Espécies de leveduras transientes ou contaminantes como Candida guilliermondii, C. stellata, Pichia membranifaciens, Kloeckera japonica e Kluyveromyces lactis var drosophilarum foram encontradas em números variáveis, provavelmente devido à adição diária de caldo de cana fresco. Foi observado que alterações no mosto fermentado, como o aumento da acidez e do conteúdo alcoólico, juntamente com as altas concentrações de açúcar mantida pela adição diária de caldo de cana no fermento podem atuar na seleção de espécies de leveduras prevalentes. Os testes realizados em laboratório, visando avaliar a capacidade das linhagens de leveduras na produção de micocinas (killer) evidenciaram sua presença tanto no pé de cuba, quanto no mosto fermentado, sugerindo seu papel como responsáveis pela eliminação de algumas espécies contaminantes. No entanto, nenhuma linhagem killer dominou o fermentação do caldo de cana. Mais que 60% das linhagens foram neutras às toxinas produzidas pelos isolados killer. No pé-de-cuba, 56,5% dos isolados foram sensíveis às toxinas, enquanto que as linhagens sensíveis compreenderam, aproximadamente, 40% dos isolados nas dornas jovens (início da produção de cachaça) e 32,5% nas fermentações velhas (final da produção). A maioria dos isolados de S. cerevisiae foram capazes de crescem em meio com alta concentração osmótica, entre 25 e 40% e, em concentrações de etanol entre 8-12%. Também foram consideradas termotolerantes apresentando crescimento entre 37 e 400 C. A capacidade de produzir invertase e de acumular trealose em condições normais de crescimento (fase estacionária) foi variável entre os isolados estudados, sendo que as linhagens de S. cerevisiae foram as que apresentaram os maoires valores, com exceção de uma linhagem de C. sake que foi capaz de produzir mais que 200 mmol/açúcar redutor/mg células/minuto a 300 C. Os resultados mostraram que as linhagens de S. cerevisiae testadas capazes de acumular trealose em condições de estresse térmico e de etanol apresentaram maior sobrevivência nestas condições. Análise de PFGE e PCR das linhagens predominantes de S. cerevisiae isolados do mosto fermentado mostraram alto nível de polimorfismo genético nas três destilarias amostradas. A alta variabilidade molecular das linhagens de S. cerevisiae foi observada em linhagens isoladas da mesma dorna e em fermentações com idades diferentes. Nossos resultados mostraram que há uma sucessão de linhagens de S. cerevisiae geneticamente diferentes durante o processo de fermentação para a produção da cachaça
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Foi observado que alterações no mosto fermentado, como o aumento da acidez e do conteúdo alcoólico, juntamente com as altas concentrações de açúcar mantida pela adição diária de caldo de cana no fermento podem atuar na seleção de espécies de leveduras prevalentes. Os testes realizados em laboratório, visando avaliar a capacidade das linhagens de leveduras na produção de micocinas (killer) evidenciaram sua presença tanto no pé de cuba, quanto no mosto fermentado, sugerindo seu papel como responsáveis pela eliminação de algumas espécies contaminantes. No entanto, nenhuma linhagem killer dominou o fermentação do caldo de cana. Mais que 60% das linhagens foram neutras às toxinas produzidas pelos isolados killer. No pé-de-cuba, 56,5% dos isolados foram sensíveis às toxinas, enquanto que as linhagens sensíveis compreenderam, aproximadamente, 40% dos isolados nas dornas jovens (início da produção de cachaça) e 32,5% nas fermentações velhas (final da produção). A maioria dos isolados de S. cerevisiae foram capazes de crescem em meio com alta concentração osmótica, entre 25 e 40% e, em concentrações de etanol entre 8-12%. Também foram consideradas termotolerantes apresentando crescimento entre 37 e 400 C. A capacidade de produzir invertase e de acumular trealose em condições normais de crescimento (fase estacionária) foi variável entre os isolados estudados, sendo que as linhagens de S. cerevisiae foram as que apresentaram os maoires valores, com exceção de uma linhagem de C. sake que foi capaz de produzir mais que 200 mmol/açúcar redutor/mg células/minuto a 300 C. Os resultados mostraram que as linhagens de S. cerevisiae testadas capazes de acumular trealose em condições de estresse térmico e de etanol apresentaram maior sobrevivência nestas condições. Análise de PFGE e PCR das linhagens predominantes de S. cerevisiae isolados do mosto fermentado mostraram alto nível de polimorfismo genético nas três destilarias amostradas. A alta variabilidade molecular das linhagens de S. cerevisiae foi observada em linhagens isoladas da mesma dorna e em fermentações com idades diferentes. Nossos resultados mostraram que há uma sucessão de linhagens de S. cerevisiae geneticamente diferentes durante o processo de fermentação para a produção da cachaçaThe yeast communities associated with the fermentation of cachaça were studied in 19 distilleries in the State of Minas Gerais. Was performed to monitor the formation of starter and fermentation of wine, both during the fermentation cycle of 24 hours and in different seasons (beginning, middle and end of production of cachaça). A succession of yeast species was observed during fermentation with Saccharomyces cerevisiae dominating the process. Yeast species or transient contaminants as Candida guilliermondii, C. stellata, membranifaciens Pichia, Kluyveromyces lactis and Kloeckera japonica var drosophilarum were found in varying numbers, probably due to the daily addition of fresh sugar cane juice. It was observed that changes in fermented, such as increased acidity and alcohol content, along with high concentrations of sugar maintained by daily addition of sugar cane in yeast can act in the selection of yeast species prevalent. Tests conducted in the laboratory, to evaluate the ability of yeast strains to produce micocinas ("killer") showed their presence in both starter vat, and in fermented, suggesting their role as responsible for the disappearance of some species contaminants. However, no strain "killer" dominated the fermentation of sugarcane juice. More than 60% of the strains were neutral to the toxins produced by isolates "killer". In starter, 56.5% of the isolates were sensitive to toxins, while sensitive strains comprised approximately 40% of the isolates in the vats young (early production of cachaça) and 32.5% in the fermentation old ( end of production). Most isolates of S. cerevisiae were able to grow on medium with high osmotic concentration between 25 and 40%, and ethanol concentrations between 8-12%. Were also considered a growth between 37 and 400 C. The ability to produce invertase and trehalose accumulate in normal growth conditions (stationary phase) was variable among the isolates studied, with strains of S. cerevisiae showed the higher the values, with the exception of one strain of C. sake which was capable of producing more than 200 mmol / reducing sugar / mg cells / min to 300 C. The results showed that strains of S. cerevisiae tested able to accumulate trehalose under conditions of heat stress and ethanol showed higher survival in these conditions. PFGE and PCR analysis of predominant lineages of S. cerevisiae isolated from fermented showed high level of genetic polymorphism in the three distilleries sampled. The high molecular variability of strains of S. cerevisiae was observed in strains isolated from the same fermentation vat and different ages. Our results showed that there is a succession of strains of S. cerevisiae genetically different times during the fermentation process for producing the cachaçaUniversidade Federal de Minas GeraisUFMGCachaçaTrealoseLeveduras (Fungos)Polimorfismo (Genética)FermentaçãoSaccharomyces cerevisiaeMicrobiologiaComunidades de leveduras associadas com a fermentação espontânea durante a produção artesanal da cachaça de Alambique em Minas Geraisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_doutorado_completa_carla_pataro.pdfapplication/pdf13280175https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9BHKK3/1/tese_doutorado_completa_carla_pataro.pdfbd41bf4c890e5d83809805f8462a9a2cMD51TEXTtese_doutorado_completa_carla_pataro.pdf.txttese_doutorado_completa_carla_pataro.pdf.txtExtracted texttext/plain145591https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9BHKK3/2/tese_doutorado_completa_carla_pataro.pdf.txtafc29b3763a64fa8f535ed867f7b0c6eMD521843/BUOS-9BHKK32019-11-14 03:15:54.402oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9BHKK3Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:15:54Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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