Na encruzilhada do Soul: lazer, educação, dança e transgeracionalidade na metrópole

• Autor(a) principal: Luiz Carlos Felizardo Junior
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B2BL3U
• topic: Transgeracionalidade; Cultura Black Soul; Educação; Negro; Lazer; Cultura popular; Lazer Belo Horizonte(MG); Identidade social; Lazer; Negros

Apresentam-se, nesta tese no campo do lazer, os resultados da pesquisa desenvolvida com o objetivo de compreender se, no baile Black Soul da Praça Sete de Setembro da metrópole belorizontina, neste início de século, são mobilizadas dimensões educativas e, em caso positivo, de que tipo. Epistemologicamente situada no paradigma da complexidade e teórico-metodologicamente orientada pelos estudos da Subjetividade, a pesquisa foi realizada na perspectiva da transdisciplinaridade, articulando observação do campo à entrevista episódica em situação conversacional com 11 participantes do Baile, sendo quatro adultos maduros, cinco adultos de meia idade e dois jovens. Seus resultados apontaram que com dança, música, alegria, diversão, nesse lazer, emerge processos educativos transgeracionais e entre grupos coetâneos que revelam importância que esse estilo teve e tem na constituição de uma identidade específica compartilhada pelos negros da cidade os Blacks- a qual enseja a produção da Cultura Soul belorizontina. Instituído no contexto da (re)emergência do estilo na primeira década do Século XXI, o baile da Praça Sete configurou-se como tempo-espaço de fruição e expressão desta cultura, atraindo moradores de diferentes pontos da metrópole, faixas etárias e ciclos da vida. A pesquisa evidenciou que o Baile Black na Praça central da metrópole consiste em um tempo-espaço privilegiado de encontro da população negra, mas não exclusivamente, que se efetiva na e pela dança, e com ela a transmissão de um acervo de conhecimentos produzidos no interior da Cultura Soul que configuram formas de ser-e-estar-com-e-como-os-outros próprias deste universo. Nele, a disseminação da Cultura Soul se faz pela via do ensino-aprendizado, em processos formativos intencionalmente orientados para a promoção de vínculos positivados de pertencimento a um território identitário; dando aos jovens a oportunidade de desenvolver uma corporeidade específica, pela qual podem expressar uma ética e uma estética definidoras de um modo particular de ser-com-e-como-os-outros, entre os outros, permeada pelo respeito à pessoa humana. Ao inseri-los, por este expediente, na Cultura Soul, os Blacks contribuem para que eles se insiram no mundo de uma forma mais positivada, posto que mais sabedores de si, do mundo e de si no mundo. Questões relativas ao papel dos adultos e das mulheres no interior desta cultura, ao conflito decorrente da luta por territorialização, na cidade, da Cultura Soul e às influências do trânsito dos Blacks entre diferentes manifestações de matriz africana na configuração da Cultura Soul emergiram da pesquisa revelando o potencial de investigação que a temática encerra.