Repercussões do isolamento social durante a pandemia de Covid-19 no cotidiano 2020

• Autor(a) principal: Ariana Paula da Silva
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/39618
• topic: Pandemia Covid-19; Adolescente; Educação; Família; Estilo de vida; Saúde mental; Adaptação; Pandemias; COVID-19; Adolescente; Educação; Família; Estilo de Vida; Saúde Mental; Adaptação

A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, novo coronavírus, se tornou uma emergência em saúde, causando milhares de infecções e mortes no mundo todo. Devido à sua transmissibilidade, as medidas preventivas dependem de mudanças no estilo de vida e comportamento das pessoas, alterando a forma de ser e conviver em sociedade. Quando se tratam de mudanças de vida e comportamento, os adolescentes e jovens podem ser particularmente afetados por estas alterações, sendo estes indivíduos mais vulneráveis a situações que exigem resiliência e rápida adaptação. O estudo compõe o eixo qualitativo da pesquisa nacional “Convid Adolescentes – pesquisa de comportamentos” e buscou compreender, pela ótica dos adolescentes, as mudanças na vida durante a pandemia, com interpretação dos roteiros sociais, segundo John H. Gagnon. Foram realizados cinco grupos focais com adolescentes com idade entre 12 e 17 anos, totalizando 27 participantes, e os adolescentes foram recrutados pelo próprio pesquisador por meio do método bola de neve. A Análise Estrutural da Narração foi utilizada para desvelar o conteúdo dos dados. Os adolescentes entrevistados apontaram três grandes repercussões do período da pandemia: adaptações nas relações interpessoais, com reflexos nas relações familiares, de amizade e ensino, a adaptação para o ensino online foi o maior desafio para os estudantes durante o período, provocando problemas como falta de acesso às aulas, dificuldades de aprendizagem e menor interação social, principalmente com os amigos. Por outro lado, a convivência familiar aumentou, pais e filhos passaram maior tempo juntos, e algumas famílias reagiram positivamente, demonstrando maior aproximação e diálogo; para outras, aumentaram os conflitos e as dificuldades relacionais. A saúde mental e emocional também sofreu grandes repercussões, especialmente relacionadas ao isolamento social, medo da infecção e redução das interações sociais. Entre os adolescentes foram comuns os relatos de aumento da ansiedade, preocupação, tristeza e surgimento de estados depressivos, assim intitulados por eles próprios, além de preocupação com o futuro e dificuldades para lidar com o adiamento de sonhos e planos, dentro das iniquidades sociais existentes. Os adolescentes foram explícitos em suas avaliações a respeito dos efeitos sociais ocasionados pela pandemia considerados no bojo dos papéis sociais gerais do indivíduo e da coletividade, explicitados em comportamentos e atitudes de cidadania, fundamentados nas regras e orientações gerais das autoridades em saúde durante a pandemia. Os cuidados individuais e preventivos com a própria saúde e segurança das outras pessoas foram definidos como normas sociais que devem ser seguidas por todos. Os resultados mostram, portanto, consequências e responsabilidades em curto, médio e longo prazos na vida dos adolescentes, considerando-as nos roteiros interacionais, intrapsíquicos e sociais. A saúde física, mental e o desenvolvimento social dos adolescentes devem ser prioridade para todas as instituições de saúde, de ensino e sociais, comum olhar abrangente para as particularidades desse grupo e para a situação das desigualdades sociais crescentes no país.