A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gildete dos Santos Freitas
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/47280
Resumo: O objetivo central de nossa pesquisa é problematizar a recepção do conceito de Vontade na primeira fase do pensamento de Nietzsche. A questão que propomos discutir é se possível encontrar no contexto da chamada primeira fase do pensamento de Nietzsche indícios de uma crítica ao conceito de Vontade de Schopenhauer. De fato, em sua primeira obra, O Nascimento da tragédia, Nietzsche constrói sua tese estética tendo como fio condutor o duplo aspecto Vontade e Representação, mediante os quais ele reinterpretou os conceitos “apolíneo” e “dionisíaco” como dois impulsos artísticos responsáveis pelo nascimento e evolução da arte grega que culminou na tragédia, o alcance máximo de uma estética da existência que nenhum outro povo conseguiu alcançar. A pulsão apolínea desempenha um papel correlato ao principio de razão, correspondendo ao mundo da Representação. Apolo é interpretado em O nascimento da tragédia como a bela aparência, um recurso que funciona como ocultação da terrível verdade dionisíaca que desempenha um papel semelhante à Vontade de Schopenhauer. Dionísio é o deus selvagem que expressa a indomável força inestética da natureza e a brevidade dos indivíduos. É a partir da relação dos gregos com o problema do pessimismo expresso na figura de Dionísio, que Nietzsche elabora sua suposição metafísica de que a existência e o mundo só podem ser justificados como fenômenos estéticos. Essa suposição metafísica tem como referência o misterioso Uno-primordial, anunciado em O Nascimento da tragédia como “o eterno padecente e pleno de contradição”, que tem necessidade de libertar-se de sua dor e contradição através da aparência. O que está subentendido nesse contexto é a ideia de que a aparência não diz respeito somente ao apolíneo, mas também ao elemento oposto, o dionisíaco. Nesse sentido, para defendermos que há um distanciamento do jovem Nietzsche com relação ao conceito de Vontade no contexto schopenhaueriano, será preciso reconsiderar os planos essência/aparência tendo como critério o conceito Uno-primordial (Ur-Eine), mediante o qual Nietzsche pensa o dionisíaco e o apolíneo como duas instâncias fenomênicas que configuram mundos estéticos diferentes oriundos da dor primordial. O uno-primordial é a chave para compreendermos a tese que se desenha em O Nascimento da tragédia, que é o co-pertencimento do impulso apolíneo e do impulso dionisíaco à unidade primordial.
id UFMG_6ce5c76cfad2691a98bcde3bdd0fae09
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/47280
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Rogério Antonio Lopeshttp://lattes.cnpq.br/2684407226973550Carlos Roberto DrawinOlimpio José Pimenta NetoBruno Almeida GuimarãesIdenilson Mendes Barbosahttp://lattes.cnpq.br/8508042342319337Gildete dos Santos Freitas2022-11-17T12:42:15Z2022-11-17T12:42:15Z2015-08-05http://hdl.handle.net/1843/47280O objetivo central de nossa pesquisa é problematizar a recepção do conceito de Vontade na primeira fase do pensamento de Nietzsche. A questão que propomos discutir é se possível encontrar no contexto da chamada primeira fase do pensamento de Nietzsche indícios de uma crítica ao conceito de Vontade de Schopenhauer. De fato, em sua primeira obra, O Nascimento da tragédia, Nietzsche constrói sua tese estética tendo como fio condutor o duplo aspecto Vontade e Representação, mediante os quais ele reinterpretou os conceitos “apolíneo” e “dionisíaco” como dois impulsos artísticos responsáveis pelo nascimento e evolução da arte grega que culminou na tragédia, o alcance máximo de uma estética da existência que nenhum outro povo conseguiu alcançar. A pulsão apolínea desempenha um papel correlato ao principio de razão, correspondendo ao mundo da Representação. Apolo é interpretado em O nascimento da tragédia como a bela aparência, um recurso que funciona como ocultação da terrível verdade dionisíaca que desempenha um papel semelhante à Vontade de Schopenhauer. Dionísio é o deus selvagem que expressa a indomável força inestética da natureza e a brevidade dos indivíduos. É a partir da relação dos gregos com o problema do pessimismo expresso na figura de Dionísio, que Nietzsche elabora sua suposição metafísica de que a existência e o mundo só podem ser justificados como fenômenos estéticos. Essa suposição metafísica tem como referência o misterioso Uno-primordial, anunciado em O Nascimento da tragédia como “o eterno padecente e pleno de contradição”, que tem necessidade de libertar-se de sua dor e contradição através da aparência. O que está subentendido nesse contexto é a ideia de que a aparência não diz respeito somente ao apolíneo, mas também ao elemento oposto, o dionisíaco. Nesse sentido, para defendermos que há um distanciamento do jovem Nietzsche com relação ao conceito de Vontade no contexto schopenhaueriano, será preciso reconsiderar os planos essência/aparência tendo como critério o conceito Uno-primordial (Ur-Eine), mediante o qual Nietzsche pensa o dionisíaco e o apolíneo como duas instâncias fenomênicas que configuram mundos estéticos diferentes oriundos da dor primordial. O uno-primordial é a chave para compreendermos a tese que se desenha em O Nascimento da tragédia, que é o co-pertencimento do impulso apolíneo e do impulso dionisíaco à unidade primordial.The aim of this research is to investigate the reception of the concept of Will in the context of Nietzsche´s so called first period. I will be trying to identify the aspects of his first works which could be described as an intended criticism directed against Schopenhauer’s notion of Will. Indeed, the aesthetic program put forward by Nietzsche in the Birth of Tragedy relies broadly on the Schopenhauerian conceptual framework, more specifically on the dichotomy between Will and representation, whose terms are translated into the mythical vocabulary of the Apollonian and the Dionysian duality, which are described by Nietzsche as the original artistic drives whose activity was directly responsible for the dynamics of the Greek artistic achievements from the beginning on. The culminating point of this narrative is the Greek tragedy, which is presented by Nietzsche not only as an artistic genre, but also and more crucially as a metaphysical experience. In Nietzsche’s account of the Greek aesthetic experience of the tragic, the apollonian drive plays a role similar to that played by the Schopenhauerian principle of reason in the constitution of the world as representation. In the Birth of Tragedy, Apollo is the mythical name for the principle of the beautiful appearance, which is conceived by Nietzsche as a device concealing the terrifying truth of a Dionysian Will devouring itself incessantly. Dionysius it the wild deity, whose symbolism helps Nietzsche to convey the untamable strength of nature and the fugacity of the individuals. Nietzsche came to his famous dictum that the existence as well as the world only can be justified as an aesthetic phenomenon through his meditation on the peculiar way the Greeks found to deal with the pessimistic truth expressed by the Dionysian myth. This metaphysical thesis gains expression through the mysterious conceptual figure of the primordial unity, announced in The Birth of Tragedy as “the eternal suffering and full of contradiction”, which urges for getting rid from its pain and contradiction through the appearances. What is implied in this context, so the argument, is the idea that the appearance is not restricted to the Apollonian element, but includes also its opposite aspect, the Dionysian dimension of the natural drives. In order to argue for the thesis of a crucial conceptual reformulation of the Schopenhauerian conceptual framework by the young Nietzsche, on needs to reconsider the essence/appearance dichotomy taking as reference the category of the primordial unity (Ur-Eine), through which Nietzsche conceives the Apollonian and the Dionysian as phenomenal instances corresponding to proper aesthetic worlds emerging from the primordial pain. The primordial Unity category is the key that allows us to properly understand the claim Nietzsche raises in The Birth of Tragedy, according to which the Apollonian and the Dionysian drives should be thought of as co-pertaining to the primordial unity.FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas GeraisporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIAFilosofia - TesesVontade - TesesRepresentação (Filosofia) - TesesPessimismo - TesesVontadeRepresentaçãoPessimismoTrágicoUno-primordialA relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauerinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTese.UFMG.Atualizada.pdfTese.UFMG.Atualizada.pdfapplication/pdf1903213https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/47280/1/Tese.UFMG.Atualizada.pdf206073cc65750a7f303dc2589dbb1914MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/47280/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/472802022-11-17 09:42:15.594oai:repositorio.ufmg.br:1843/47280TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2022-11-17T12:42:15Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
title A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
spellingShingle A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
Gildete dos Santos Freitas
Vontade
Representação
Pessimismo
Trágico
Uno-primordial
Filosofia - Teses
Vontade - Teses
Representação (Filosofia) - Teses
Pessimismo - Teses
title_short A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
title_full A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
title_fullStr A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
title_full_unstemmed A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
title_sort A relação entre vontade e representação na estética de Nietzsche e Schopenhauer
author Gildete dos Santos Freitas
author_facet Gildete dos Santos Freitas
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Rogério Antonio Lopes
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/2684407226973550
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Carlos Roberto Drawin
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Olimpio José Pimenta Neto
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Bruno Almeida Guimarães
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Idenilson Mendes Barbosa
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/8508042342319337
dc.contributor.author.fl_str_mv Gildete dos Santos Freitas
contributor_str_mv Rogério Antonio Lopes
Carlos Roberto Drawin
Olimpio José Pimenta Neto
Bruno Almeida Guimarães
Idenilson Mendes Barbosa
dc.subject.por.fl_str_mv Vontade
Representação
Pessimismo
Trágico
Uno-primordial
topic Vontade
Representação
Pessimismo
Trágico
Uno-primordial
Filosofia - Teses
Vontade - Teses
Representação (Filosofia) - Teses
Pessimismo - Teses
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Filosofia - Teses
Vontade - Teses
Representação (Filosofia) - Teses
Pessimismo - Teses
description O objetivo central de nossa pesquisa é problematizar a recepção do conceito de Vontade na primeira fase do pensamento de Nietzsche. A questão que propomos discutir é se possível encontrar no contexto da chamada primeira fase do pensamento de Nietzsche indícios de uma crítica ao conceito de Vontade de Schopenhauer. De fato, em sua primeira obra, O Nascimento da tragédia, Nietzsche constrói sua tese estética tendo como fio condutor o duplo aspecto Vontade e Representação, mediante os quais ele reinterpretou os conceitos “apolíneo” e “dionisíaco” como dois impulsos artísticos responsáveis pelo nascimento e evolução da arte grega que culminou na tragédia, o alcance máximo de uma estética da existência que nenhum outro povo conseguiu alcançar. A pulsão apolínea desempenha um papel correlato ao principio de razão, correspondendo ao mundo da Representação. Apolo é interpretado em O nascimento da tragédia como a bela aparência, um recurso que funciona como ocultação da terrível verdade dionisíaca que desempenha um papel semelhante à Vontade de Schopenhauer. Dionísio é o deus selvagem que expressa a indomável força inestética da natureza e a brevidade dos indivíduos. É a partir da relação dos gregos com o problema do pessimismo expresso na figura de Dionísio, que Nietzsche elabora sua suposição metafísica de que a existência e o mundo só podem ser justificados como fenômenos estéticos. Essa suposição metafísica tem como referência o misterioso Uno-primordial, anunciado em O Nascimento da tragédia como “o eterno padecente e pleno de contradição”, que tem necessidade de libertar-se de sua dor e contradição através da aparência. O que está subentendido nesse contexto é a ideia de que a aparência não diz respeito somente ao apolíneo, mas também ao elemento oposto, o dionisíaco. Nesse sentido, para defendermos que há um distanciamento do jovem Nietzsche com relação ao conceito de Vontade no contexto schopenhaueriano, será preciso reconsiderar os planos essência/aparência tendo como critério o conceito Uno-primordial (Ur-Eine), mediante o qual Nietzsche pensa o dionisíaco e o apolíneo como duas instâncias fenomênicas que configuram mundos estéticos diferentes oriundos da dor primordial. O uno-primordial é a chave para compreendermos a tese que se desenha em O Nascimento da tragédia, que é o co-pertencimento do impulso apolíneo e do impulso dionisíaco à unidade primordial.
publishDate 2015
dc.date.issued.fl_str_mv 2015-08-05
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2022-11-17T12:42:15Z
dc.date.available.fl_str_mv 2022-11-17T12:42:15Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/47280
url http://hdl.handle.net/1843/47280
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Filosofia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/47280/1/Tese.UFMG.Atualizada.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/47280/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 206073cc65750a7f303dc2589dbb1914
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801676988103000064