Ser ou não ser bilíngue: os posicionamentos subjetivos de uma professora de inglês diante do outro
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/MGSS-A7LGRM |
Resumo: | A noção de indivíduo bilíngue remonta à antiguidade, mas até os dias de hoje a ciência ainda não chegou a um acordo sobre os parâmetros que delimitariam as especificidades do bilinguismo. São muitas as propostas que vão desde o mínimo de conhecimento em pelo menos duas línguas, ao extremo da proficiência em todas as habilidades linguísticas. Para tornar o espectro ainda mais extenso, uma abordagem psicanalítica nos oferece a possibilidade de tratarmos o tema pelo viés da singularidade, isto é, analisando como cada sujeito se inscreve discursivamente como sujeito bilíngue, visto que me filio, aqui, ao pressuposto de que é no discurso, na relação com o Outro, lugar simbólico que pode ser ocupado por diversos elementos tais como o certificado, o nativo, o professor, o colega de trabalho, etc, que esse sujeito irá se constituir. Portanto, não haverá significantes que se esgotem para defini-lo como bilíngue. O corpus foi formado utilizando a metodologia da Conversação adaptada para o contexto do grupo de formação continuada de professores de língua inglesa denominado ConCol. Essas conversações foram chamadas de Conversational Rounds. A análise dos dizeres foi feita à luz da teoria da significação de Lacan e das estruturas dos quatro discursos também por ele esquematizadas. Apresento alguns dizeres de uma professora a respeito do tema bilinguismo, destacando sua relação com a fala e a escrita em língua inglesa e em língua portuguesa. Pude observar giros discursivos, mas não constatei nenhum deslocamento subjetivo da professora em relação ao seu posicionamento como sujeito bilíngue, ou em relação às habilidades da fala e da escrita. O principal resultado dessa pesquisa foi perceber que a definição de um sujeito bilíngue ultrapassa a singularidade de uma possível classificação para cada sujeito, uma vez que a cada giro discursivo o sujeito pode se dizer ou se colocar como sendo ou não bilíngue. Portanto, qualquer tentativa de significar o sujeito será tão evanescente quanto seus posicionamentos nos discursos. Este estudo contribui, assim, para que se considere o impossível na lida com as línguas que as categorias descritas nas gramáticas e na linguística não recobrem, sendo o impossível a própria divisão subjetiva e o modo singular como cada um lida com essa divisão. |
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Maralice de Souza NevesMarcelo Ricardo PereiraBruno Focas Vieira MachadoArabela Vieira dos Santos Silva e Franco2019-08-13T00:32:02Z2019-08-13T00:32:02Z2016-01-27http://hdl.handle.net/1843/MGSS-A7LGRMA noção de indivíduo bilíngue remonta à antiguidade, mas até os dias de hoje a ciência ainda não chegou a um acordo sobre os parâmetros que delimitariam as especificidades do bilinguismo. São muitas as propostas que vão desde o mínimo de conhecimento em pelo menos duas línguas, ao extremo da proficiência em todas as habilidades linguísticas. Para tornar o espectro ainda mais extenso, uma abordagem psicanalítica nos oferece a possibilidade de tratarmos o tema pelo viés da singularidade, isto é, analisando como cada sujeito se inscreve discursivamente como sujeito bilíngue, visto que me filio, aqui, ao pressuposto de que é no discurso, na relação com o Outro, lugar simbólico que pode ser ocupado por diversos elementos tais como o certificado, o nativo, o professor, o colega de trabalho, etc, que esse sujeito irá se constituir. Portanto, não haverá significantes que se esgotem para defini-lo como bilíngue. O corpus foi formado utilizando a metodologia da Conversação adaptada para o contexto do grupo de formação continuada de professores de língua inglesa denominado ConCol. Essas conversações foram chamadas de Conversational Rounds. A análise dos dizeres foi feita à luz da teoria da significação de Lacan e das estruturas dos quatro discursos também por ele esquematizadas. Apresento alguns dizeres de uma professora a respeito do tema bilinguismo, destacando sua relação com a fala e a escrita em língua inglesa e em língua portuguesa. Pude observar giros discursivos, mas não constatei nenhum deslocamento subjetivo da professora em relação ao seu posicionamento como sujeito bilíngue, ou em relação às habilidades da fala e da escrita. O principal resultado dessa pesquisa foi perceber que a definição de um sujeito bilíngue ultrapassa a singularidade de uma possível classificação para cada sujeito, uma vez que a cada giro discursivo o sujeito pode se dizer ou se colocar como sendo ou não bilíngue. Portanto, qualquer tentativa de significar o sujeito será tão evanescente quanto seus posicionamentos nos discursos. Este estudo contribui, assim, para que se considere o impossível na lida com as línguas que as categorias descritas nas gramáticas e na linguística não recobrem, sendo o impossível a própria divisão subjetiva e o modo singular como cada um lida com essa divisão.The notion of bilingual individual dates back to ancient times; however, until nowadays science has not yet reached an agreement on the parameters that circumscribe the specificities of bilingualism. There are many proposals ranging from a minimum of knowledge in at least two languages to the extreme degree of proficiency in all languageskills. To make this spectrum even wider, a psychoanalytic approach would offer us the possibility to treat bilingualism as an individual phenomenon, by analyzing how each human subject is discursively inscribed as a bilingual subject. This approach assumes thepresupposition that it is within the discourses, in the relation between the subject and the Other, which is the symbolic place that can be occupied by several elements such as a certificate, a native, a teacher, a co-worker, etc., that the subject will emerge. Therefore, there will not be enough signifiers to define a subject as bilingual. Due to the specificitiesof ConCol, a continuing education program for English language teachers, the corpus was collected by using an adaptation of the Conversational methodology, which we called Conversational Round. The analysis of the utterances were made according to Lacan'ssignifier theory and his theory of the four discourses. The signifying chains produced by a teacher concerning the issue of bilingualism were analyzed highlighting the relationship between the signifiers produced and her utterances concerning her speaking and writing skills in English and in Portuguese. I could notice some turns in her discursive positions,but I have not noticed any considerable subjective changes considering her position as a bilingual subject, or in relation to her speaking and writing skills. The main result of this research was to realize that the definition of a bilingual subject goes beyond the uniqueness of each subject, since in every discursive turn the subject takes mightdetermine whether they consider themselves bilingual or not. Therefore, any attempt to signify the subject will be as evanescent as their positions within the discourses. Thus, this research might contribute to studies that take into consideration the impossible when dealing with languages, the impossible that goes beyond the prescriptive grammatical and linguistic categories, being the subject division itself the singular way of each individual to deal with their division.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLíngua inglesa Formação de professoresPsicanalise lacanianaConversaçãoAquisição da segunda linguagemprofessordiscursoformação continuadaconversaçãobilinguismoSer ou não ser bilíngue: os posicionamentos subjetivos de uma professora de inglês diante do outroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL_franco_a____disserta__o_2016___final__pdf.pdfapplication/pdf2476728https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-A7LGRM/1/_franco_a____disserta__o_2016___final__pdf.pdfce4be01805ee4adaf3646e03b4bc1e01MD51TEXT_franco_a____disserta__o_2016___final__pdf.pdf.txt_franco_a____disserta__o_2016___final__pdf.pdf.txtExtracted texttext/plain232186https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-A7LGRM/2/_franco_a____disserta__o_2016___final__pdf.pdf.txt93c4525ab1c0191d87eac06871d754e8MD521843/MGSS-A7LGRM2019-11-14 20:30:58.749oai:repositorio.ufmg.br:1843/MGSS-A7LGRMRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T23:30:58Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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