Matriciamento em saúde mental: a concepção dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte sobre o processo de integração entre saúde mental e atenção primária

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paula Januzzi Serra
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/33320
Resumo: Introdução: A compreensão de que o cuidado em saúde mental deve estar incorporado às estratégias de promoção e proteção da saúde na atenção primária ainda é um processo em construção. O matriciamento surge como uma nova lógica de atenção em saúde que busca aproximar as equipes de saúde da família e as equipes de saúde mental com o intuito de oferecer cuidado integral ao usuário. Objetivo: Avaliar a percepção dos profissionais de saúde da atenção primária do município de Belo Horizonte sobre o apoio matricial em saúde mental, em três níveis: compreensão do conceito, mudanças na prática clínica e principais entraves à sua efetivação. Metodologia: Estudo transversal quantitativo realizado através de entrevistas semiestruturadas com profissionais da atenção primária em 45 Centros de Saúde dos nove distritos sanitários do município. Foi obtida amostra probabilística por conglomerado em único estágio, totalizando 1.042 profissionais. As entrevistas foram realizadas através de questionário autoaplicável, dividido em dezesseis eixos temáticos, incluindo matriciamento em saúde mental. Foram obtidas variáveis demográficas, variáveis relacionadas ao trabalho e ao matriciamento em saúde mental, e submetidas a análises univariada, bivariada, regressão logística e análise de correspondência. Os dados obtidos foram armazenados e analisados utilizando o programa Statistical Package for Social Sciences - SPSS, versão 17.0. Resultados: Entre os profissionais que participaram da pesquisa, 649 responderam à questão “Descreva o que você entende por Matriciamento em Saúde Mental”, o que corresponde a 62,3% da amostra. Destes, 25,9% das respostas foram consideradas satisfatórias, 44,4% foram consideradas respostas parciais e 29,7%, foram avaliadas como respostas ruins, totalizando 74,1% de respostas que não contemplam a compreensão adequada do conceito. Apesar disso, 78,9% dos profissionais afirmaram que as reuniões de matriciamento contribuíram para mudanças em sua prática. O modelo de regressão logística mostrou que, quando o profissional não compreende o conceito de matriciamento em saúde mental, tem 45% menos chances de mudar a prática e que, quando está insatisfeito em seu trabalho, as chances de mudança na prática diminuem em 69,2%. Por meio da análise de correspondência, os profissionais que apresentaram uma compreensão satisfatória do conceito relacionaram as dificuldades de efetivação do matriciamento às limitações dos profissionais da ESF. Já aqueles que possuem compreensão parcial/ruim do conceito atribuíram as dificuldades às limitações dos profissionais da saúde mental, à estrutura do serviço, ao método utilizado nas reuniões de apoio matricial e ao usuário. Considerações finais: A organização matricial em saúde mental ainda não está incorporada de maneira efetiva ao funcionamento das UBS de Belo Horizonte, e ainda persiste entre os profissionais a lógica de transferência do cuidado ao especialista. A lógica matricial tem potencial para produzir a inclusão social e atenção integral ao paciente em sofrimento mental, mas depende da compreensão do conceito de matriciamento e da satisfação do profissional, o que será possível por meio da educação permanente e da valorização dos trabalhadores
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