Propriedades químicas da arsenopirita, adsorção de agentes lixiviantes e seu mecanismo de oxidação a partir de cálculos DFT

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Juliana Cecília de Mendonça Silva
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/SFSA-AEDRKR
Resumo:  Os sulfetos minerais, dentre os quais a arsenopirita, estão comumente presentes em rejeitos de mineração e são responsáveis pela drenagem ácida de rocha (DAR). Nesse fenômeno, o mineral sofre oxidação em contato com oxigênio e água e produz um líquido contendo ácido e metais pesados capaz de contaminar o ambiente. A mitigação do problema da DAR e o desenvolvimento de contramedidas são facilitados pela compreensão de seu mecanismo. Por isso o conhecimento do processo de oxidação de sulfetos é muito importante, especialmente da arsenopirita, que, além da DAR, também libera o elemento tóxico arsênio em sua oxidação. Esse processo ainda não é completamente compreendido, pois as reações envolvidas são muito complexas, o que leva a uma falta de consenso na literatura. Nesse contexto, cálculos de primeiros princípios podem contribuir para o entendimento e interpretação dos dados experimentais e na elucidação do mecanismo de reação ao nível molecular. Nesta tese foram investigadas por cálculos DFT as propriedades estruturais, eletrônicas e mecânicas da arsenopirita, suas ligações químicas e suas superfícies de clivagem, além da adsorção de agentes lixiviantes e seu mecanismo de oxidação. Evidências mostrando que não há ligação Fe-Fe na arsenopirita e que a ligação As-S possui forte caráter covalente foram fornecidas. Também foi mostrado que essa forte ligação As-S é improvável de ser quebrada durante a formação da superfície. As clivagens preferenciais são previstas de ocorrer nos planos (001), (010) e (100). A superfície (001) é a que apresenta menor energia de formação e possui propriedades magnéticas. A adsorção de água sobre essa superfície é mais favorável na forma molecular e sobre os sítios de Fe mais expostos. O ácido clorídrico favorece a adsorção dissociativa e o ácido sulfúrico tem preferência pela forma molecular monodentada, enquanto o bissulfato se adsorve em coordenação bidentada binuclear. A adsorção de oxigênio sobre o sítio de Fe é bastante favorável, principalmente de forma dissociativa, quando é formada uma ponte Fe-O-As. Nesse processo tanto os átomos de Fe quanto de As são oxidados. A co-adsorção de oxigênio e água sobre a superfície também é estável. Um mecanismo de oxidação da arsenopirita foi proposto em que o oxigênio se adsorve sobre a superfície e recebe átomos de H de moléculas de água, que reduzem novamente o Fe. Nesse mecanismo, o arsênio é o elemento que se oxida preferencialmente, o que explica os dados experimentais disponíveis. Cálculos para a pirita também foram realizados para comparar com a arsenopirita, com o objetivo de prover uma compreensão significativa sobre ambos os sistemas.
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Esse processo ainda não é completamente compreendido, pois as reações envolvidas são muito complexas, o que leva a uma falta de consenso na literatura. Nesse contexto, cálculos de primeiros princípios podem contribuir para o entendimento e interpretação dos dados experimentais e na elucidação do mecanismo de reação ao nível molecular. Nesta tese foram investigadas por cálculos DFT as propriedades estruturais, eletrônicas e mecânicas da arsenopirita, suas ligações químicas e suas superfícies de clivagem, além da adsorção de agentes lixiviantes e seu mecanismo de oxidação. Evidências mostrando que não há ligação Fe-Fe na arsenopirita e que a ligação As-S possui forte caráter covalente foram fornecidas. Também foi mostrado que essa forte ligação As-S é improvável de ser quebrada durante a formação da superfície. As clivagens preferenciais são previstas de ocorrer nos planos (001), (010) e (100). A superfície (001) é a que apresenta menor energia de formação e possui propriedades magnéticas. A adsorção de água sobre essa superfície é mais favorável na forma molecular e sobre os sítios de Fe mais expostos. O ácido clorídrico favorece a adsorção dissociativa e o ácido sulfúrico tem preferência pela forma molecular monodentada, enquanto o bissulfato se adsorve em coordenação bidentada binuclear. A adsorção de oxigênio sobre o sítio de Fe é bastante favorável, principalmente de forma dissociativa, quando é formada uma ponte Fe-O-As. Nesse processo tanto os átomos de Fe quanto de As são oxidados. A co-adsorção de oxigênio e água sobre a superfície também é estável. Um mecanismo de oxidação da arsenopirita foi proposto em que o oxigênio se adsorve sobre a superfície e recebe átomos de H de moléculas de água, que reduzem novamente o Fe. Nesse mecanismo, o arsênio é o elemento que se oxida preferencialmente, o que explica os dados experimentais disponíveis. Cálculos para a pirita também foram realizados para comparar com a arsenopirita, com o objetivo de prover uma compreensão significativa sobre ambos os sistemas.Sulfide minerals, among them arsenopyrite, are commonly present in mining tailings and are responsible for acid rock drainage (ARD). In this phenomenon, the mineral undergoes oxidation in contact with oxygen and water and produces a liquid containing acid and heavy metals capable of contaminating the environment. Mitigation of the ARD problemand the development of countermeasures are facilitated by understanding its mechanism. Therefore the knowledge of the sulfides oxidation process is very important, especially of arsenopyrite, which, in addition to ARD, also releases the toxic element arsenic by itsoxidation. This process is not yet completely understood, since the reactions involved are very complex, which leads to a lack of consensus in the literature. In this context, first principle calculations can contribute to the understanding and interpretation of the experimental data in the elucidation of the reaction mechanism at a molecular level.In this thesis, the structural, electronic and mechanical properties of arsenopyrite, its chemical bonds and its surfaces cleavage, as well as the adsorption of leaching agents and its oxidation mechanism have been investigated by DFT calculations. Evidences showingthat there is no FeFe bond in arsenopyrite and that the AsS bond has strong covalent character have been provided. It has been also shown that this strong AsS bond is unlikely to be broken during the surface formation. The preferential cleavages are predicted to occurin the planes (001), (010) and (100). The (001) surface is the one that presents the lowest surface energy, and has magnetic properties. The adsorption of water on this surface is most favorable in molecular form on the most exposed Fe sites. Hydrochloric acid favors dissociative adsorption and sulfuric acid prefers the molecular monodentate adsorption form, while bisulfate adsorbs in bidentate binuclear coordination. The adsorption of sulfate is predicted to be not favored. The adsorption of oxygen on the Fe site is very favorable, especially dissociatively, when a FeOAs bridge is formed. In this process, both Fe and As atoms are oxidized. The co-adsorption of oxygen and water on the surface is also stable. An oxidation mechanism for arsenopyrite has been proposed, in which the oxygen is adsorbed to the surface and receives H atoms from water molecules, which again reduces the Fe. Inthe proposed mechanism, arsenic is the element that preferentially oxidizes, which explains the available experimental data. Calculations for pyrite have also been performed and compared with arsenopyrite, aiming to provide significant insights about both systems.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGOxidaçãoFísico-químicaResiduosSulfetosAdsorçãoMinas DrenagemFuncionais de densidadearsenopiritaQuantum Theory of Atoms in Moleculesdrenagem ácida de rochaSulfetosoxidaçãoPropriedades químicas da arsenopirita, adsorção de agentes lixiviantes e seu mecanismo de oxidação a partir de cálculos DFTinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_juliana_silva.pdfapplication/pdf39241300https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SFSA-AEDRKR/1/tese_juliana_silva.pdfeacc0a9f11859db8dc5e9ce7e71575e9MD51TEXTtese_juliana_silva.pdf.txttese_juliana_silva.pdf.txtExtracted texttext/plain263226https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SFSA-AEDRKR/2/tese_juliana_silva.pdf.txt40358d685e80ad1f04dc28ae64c27708MD521843/SFSA-AEDRKR2019-11-14 12:55:29.93oai:repositorio.ufmg.br:1843/SFSA-AEDRKRRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T15:55:29Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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