Mídia, memória pública e comissão da verdade no Brasil: a luta pela verdade e justiça como uma luta por reconhecimento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vanessa Veiga de Oliveira
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AUVG8X
Resumo: A tese defendida neste trabalho é a de que a luta pela verdade e justiça no Brasil é uma luta por reconhecimento. Para tanto, articulamos os conceitos de luta por reconhecimento (HONNETH, 2003) com o de memória pública (JELIN, 2002) a partir da análise das histórias pessoais que circularam acerca da ditadura civil-militar durante o período de trabalho da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014). A pesquisa analisou as construções semânticas, isto é, as interpretações coletivas e compartilhadas acerca da história da ditadura, as quais foram encontradas nas seguintes arenas: (1) nos depoimentos das audiências públicas realizadas ela CNV; (2) nas postagens da CNV no Facebook; (3) nas notícias que circularam em duas publicações de abrangência nacional (O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo). Interessa-nos investigar a quem é atribuído espaço de fala nesses lugares, qual o lugar de origem desses atores, e sobre o que se tratam suas reivindicações de reconhecimento. A análise apontou a existência da circulação da semântica da luta ao longo das três arenas, mas com características próprias. Enquanto os jornais centralizaram a cobertura na pressão pelo esclarecimento da ação dos militares, a página oficial da CNV no Facebook oficial procurou dar mais visibilidade aos familiares, revelando uma disputa de personalidades na construção da memória pública. Nossos achados também revelam um protagonismo dos militares enquanto sujeitos e objetos dos atos de falas analisados. Tal constatação revela a dificuldade de se aprofundar a noção de quem foram as vítimas do regime militar, de criar uma aproximação à essas vítimas e suas histórias e tensiona a teoria do reconhecimento no que tange a possibilidade de autorrealização dos sujeitos, uma vez que não é o que domina a semântica do reconhecimento. Concluímos que a luta por reconhecimento permanece em curso no país, mas é atravessada pelas questões estruturais que constituem o trabalho de memória no país e pela dicotomia imposta em um debate público marcado por uma profunda divisão.
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A pesquisa analisou as construções semânticas, isto é, as interpretações coletivas e compartilhadas acerca da história da ditadura, as quais foram encontradas nas seguintes arenas: (1) nos depoimentos das audiências públicas realizadas ela CNV; (2) nas postagens da CNV no Facebook; (3) nas notícias que circularam em duas publicações de abrangência nacional (O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo). Interessa-nos investigar a quem é atribuído espaço de fala nesses lugares, qual o lugar de origem desses atores, e sobre o que se tratam suas reivindicações de reconhecimento. A análise apontou a existência da circulação da semântica da luta ao longo das três arenas, mas com características próprias. Enquanto os jornais centralizaram a cobertura na pressão pelo esclarecimento da ação dos militares, a página oficial da CNV no Facebook oficial procurou dar mais visibilidade aos familiares, revelando uma disputa de personalidades na construção da memória pública. Nossos achados também revelam um protagonismo dos militares enquanto sujeitos e objetos dos atos de falas analisados. Tal constatação revela a dificuldade de se aprofundar a noção de quem foram as vítimas do regime militar, de criar uma aproximação à essas vítimas e suas histórias e tensiona a teoria do reconhecimento no que tange a possibilidade de autorrealização dos sujeitos, uma vez que não é o que domina a semântica do reconhecimento. Concluímos que a luta por reconhecimento permanece em curso no país, mas é atravessada pelas questões estruturais que constituem o trabalho de memória no país e pela dicotomia imposta em um debate público marcado por uma profunda divisão.The thesis defended in this work is that the struggle for truth and justice in Brazil is a struggle for recognition. To do so, we articulate the concepts of struggle for recognition (HONNETH, 2003) and public memory (JELIN, 2002) based on the analysis of the personal histories that circulated about the civil-military dictatorship during the National Truth Commission (2012-2014). We analyzed the semantic constructions, that is, the collective and shared interpretations about the history of the dictatorship. These interpretations were found in the following arenas: (1) in the testimonies of the public hearings conducted by the National Truth Commission (NTC); (2) on NTCs Facebook posts; (3) in the news circulated in two national newspapers (O Estado de São Paulo and Folha de São Paulo). We are interested in identify who is the actor of the speech act; who is the subject of talk and what their claims of recognition are about. The analysis pointed out the existence of the circulation of the semantics of the struggle along the three arenas, but with its own characteristics. While newspapers centered their coverage on the clarification of military's actions, the Commission's official Facebook page sought to give more visibility to family members, revealing a race for perspective in building public memory. Our findings also reveal a protagonist of the military as subjects and objects of the acts of speech analyzed. This finding reveals the difficulty of deepening the notion of who were victims of the military regime and of drawing an approach to these victims and their histories. In addition, the dissertation stresses the theory of recognition regarding the possibility of self-actualization of the subjects. We conclude that the struggle for recognition continues in the country, but it was crossed by the structural issues that constitute the work of memory in the country and by the dichotomy imposed in a public debate marked by a deep division.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGDireitos humanosComissão Nacional da Verdade (Brasil)ComunicaçãoComissão da VerdadeMemória PúblicaDireitos HumanosReconhecimentoMídia, memória pública e comissão da verdade no Brasil: a luta pela verdade e justiça como uma luta por reconhecimentoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese__versao_final___vanessa_veiga_de_oliveira___ppgcom___jan_2018.pdfapplication/pdf3475118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AUVG8X/1/tese__versao_final___vanessa_veiga_de_oliveira___ppgcom___jan_2018.pdf4ea294a479f2a264cae18d06fe8db0a3MD51TEXTtese__versao_final___vanessa_veiga_de_oliveira___ppgcom___jan_2018.pdf.txttese__versao_final___vanessa_veiga_de_oliveira___ppgcom___jan_2018.pdf.txtExtracted texttext/plain506061https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AUVG8X/2/tese__versao_final___vanessa_veiga_de_oliveira___ppgcom___jan_2018.pdf.txt4d2e5b1eefac88dd3747b2f28367d1edMD521843/BUBD-AUVG8X2019-11-14 04:02:59.032oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-AUVG8XRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:02:59Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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