Propriedades, negritude e moradia na produção da segregação racial da cidade: cenário Belo Horizonte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lisandra Mara Silva
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-B7CGVF
Resumo: Objetiva-se com este estudo discutir o lugar da propriedade fundiária na produção da segregação racial da cidade. Inicia-se com investigação teórica sobre a ideia de propriedade privada constituída nos processos históricos-sociais europeus - o direto de propriedade - que se espalha no globo com a modernidade colonizadora tornando-se o principal símbolo do capitalismo. Também investiga-se teorias sobre o racismo de modo a subsidiar análises sobre como opera na produção da cidade e compartilha espaço com a negritude: estratégias de enfrentamento ao racismo. Desenvolve-se análises a partir de dados empíricos obtidos em entrevistas e em pesquisas institucionais, fundamentadas em teorias dentre as quais se destacam elementos conceituais analíticos sobre a produção do espaço urbano, o poder microfísico e o poder em estruturas: contribuições de Santos, Bourdieu e Foucault respectivamente. Na história de Belo Horizonte - criada para ser a cidade branca da República em um país colonizado da periferia do capitalismo global - permanece invisível na historiografia oficial a população negra, seu maior contingente populacional. Nas relações de poder constituídas desde a formação das primeiras favelas até as recentes ocupações urbanas de glebas de terra, observa-se a ilegalidade compulsória como condição do acesso à terra urbana por parte dos trabalhadores pobres da cidade, negros em sua maioria. Estabelecida no campo de disputa do direito como a forma hegemônica da propriedade, percebe-se que a propriedade jurídica, ao institucionalizar o legal versus o ilegal, configura-se como instrumento de racismo e a ilegalidade compulsória como condição da raça. Condição enfrentada, junto a outras precariedades reservadas à população pobre na cidade, por meio da luta por direitos fortalecida por redes de solidariedade, pelo protagonismo de mulheres e pela negritude. Entende-se, portanto, a invisibilidade e a ilegalidade compulsória como algumas das formas de manifestação do racismo funcional à legitimação das desigualdades socioeconômicas; racismo estrutural que se reifica na cidade segregada e é produzida por ela na dialética socioespacial.
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Desenvolve-se análises a partir de dados empíricos obtidos em entrevistas e em pesquisas institucionais, fundamentadas em teorias dentre as quais se destacam elementos conceituais analíticos sobre a produção do espaço urbano, o poder microfísico e o poder em estruturas: contribuições de Santos, Bourdieu e Foucault respectivamente. Na história de Belo Horizonte - criada para ser a cidade branca da República em um país colonizado da periferia do capitalismo global - permanece invisível na historiografia oficial a população negra, seu maior contingente populacional. Nas relações de poder constituídas desde a formação das primeiras favelas até as recentes ocupações urbanas de glebas de terra, observa-se a ilegalidade compulsória como condição do acesso à terra urbana por parte dos trabalhadores pobres da cidade, negros em sua maioria. Estabelecida no campo de disputa do direito como a forma hegemônica da propriedade, percebe-se que a propriedade jurídica, ao institucionalizar o legal versus o ilegal, configura-se como instrumento de racismo e a ilegalidade compulsória como condição da raça. Condição enfrentada, junto a outras precariedades reservadas à população pobre na cidade, por meio da luta por direitos fortalecida por redes de solidariedade, pelo protagonismo de mulheres e pela negritude. Entende-se, portanto, a invisibilidade e a ilegalidade compulsória como algumas das formas de manifestação do racismo funcional à legitimação das desigualdades socioeconômicas; racismo estrutural que se reifica na cidade segregada e é produzida por ela na dialética socioespacial.The objective of this study is to discuss the place of land ownership in the production of the city's racial segregation. It begins with theoretical research on the idea of private property constituted in the European historical-social processes - the right of a property - that spreads in the globe with the colonizing modernity becoming the primary symbol of capitalism. Also, we will investigate theories on racism to subsidize analyzes on strategies of coping with racism and in how it operates in the production of the city and at the same time as it shares space with the blackness. There will be the development of different analyzes, focused on empirical data obtained from interviews and institutional research; these analyzes will be based on theories such as analytical-conceptual elements about the production of urban space, microphysics of power and power in structures: the contributions of Santos, Bourdieu, and Foucault respectively. Thus, in the history of Belo Horizonte - created to be the whitest city of the Republic, in a colonized country at the periphery of global capitalism - the black population, its most substantial populational contingent, remains invisible from official historiography. From the formation of the first favelas to the recent urban occupations of land areas, power relations and their compulsory illegality are observed as a condition of access to urban land by the city's mostly black workers. Legal property - established in the field of the dispute of the right as the hegemonic form of wealth - constitutes an instrument of racism while the compulsory illegality constitute the condition of race, by institutionalizing the legal versus the illegal. Along with other precariousness reserved for the poor in the city, this condition is faced through the struggle for rights strengthened by networks of solidarity, the protagonism of women and the blackness. It is understood, therefore, the invisibility and the compulsory illegality as some of the forms of manifestation of the functional racism to the legitimation of the socioeconomic inequalities; it is structural racism that reifies in the segregated city and is produced by it in the socio-spatial dialectic.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGSegregaçãoHabitaçãoPropriedade privadaNegrosSegregação racial da cidadeMoradiaPropriedade privadaPropriedades, negritude e moradia na produção da segregação racial da cidade: cenário Belo Horizonteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisseta_lisandra_comerrata.pdfapplication/pdf3447016https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-B7CGVF/1/disseta_lisandra_comerrata.pdf51afbef7334994b054ab97f913cb3d81MD51TEXTdisseta_lisandra_comerrata.pdf.txtdisseta_lisandra_comerrata.pdf.txtExtracted texttext/plain598705https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-B7CGVF/2/disseta_lisandra_comerrata.pdf.txt6f8f6e956b519db2e61176a0564ae560MD521843/MMMD-B7CGVF2019-11-14 04:16:31.73oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-B7CGVFRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:16:31Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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