Sobre pessoas, pedras e formigas : relações simbiopoéticas na escultura de pedra-sabão mineira

• Autor(a) principal: Victória Carolina Pinheiro Lopes Dias
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/58884
• topic: Pedra-sabão; Esculturas; Minas gerais; Narrativas; Pluriversos; Antropologia - Teses; Escultura - Teses; Arte - Minas Gerais - Teses; Pedra-sabão - Teses

Minas Gerais possui, desde o período colonial, uma expressiva produção de cultura material ligada à pedra-sabão, com destaque para as cidades de Mariana e Ouro Preto. A produção atual se concentra em distritos e subdistritos destas cidades. É comum encontrarmos nessas localidades pequenas unidades produtivas que são extensões das moradias das pessoas artesãs. Essa configuração oferece um contexto rico em experiências que atravessam o processo criativo e produtivo das coisas esculpidas. Esta tese é uma etnografia do pluriverso criativo do mestre escultor Duilo Bretas, morador de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto. Eu o chamo de mestre pela relação de aprendizado que estabelecemos e por ele ter esse reconhecimento por parte de muitos artesãos da região. A relação de mestre e discípula permitiu que este trabalho fosse fundado no aprendizado, na criação, na troca, na experiência e na colaboração. A partir do microcosmo do mestre artesão, este estudo buscou investigar qual a natureza das relações entre as pessoas e as coisas de pedra. O objetivo foi demonstrar que, ao descortinar essas relações, podemos ampliar as narrativas sobre as ações de diversos seres implicados no processo de composição de esculturas, e, assim, acolher o pluralismo existencial de seres e coisas. O caminho metodológico foi fluído como o curso de um rio, pois se orientou pelos ritmos e movimentos de vida, dos quais pude participar. Trabalhar com uma certa liberdade metodológica me possibilitou criar correspondências entre diferentes saberes e adotar práticas e modos específicos de proceder inspirados em métodos contra indutivos, como a teoria “contra o método”. O mote de conhecimentos diversos me instigou a criar uma narrativa textual na qual as argumentações não se restringiram à textualidade escrita; desenhos e fotografias habitam o texto como parte da narrativa. Ao final, pude observar que as relações entre as pessoas e as coisas de pedras, no processo de compor esculturas, são tão diversas quanto os seres que participam, cada um, a seu modo, dessa composição.