Os processos formativos do investigador da Polícia Civil de Minas Gerais

• Autor(a) principal: Letícia Domingos Sena
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/35281
• topic: Polícia Civil; Currículo; Discurso; Investigador de polícia; Bom policial; Educação; Academia de Polícia Civil de Minas Gerais; Formação profissional; Policiais - Conduta; Currículos; Minas Gerais - Polícia Civil; Segurança Pública - Minas Gerais

A carreira de Investigador de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (PCMG) se transformou com a exigência da formação mínima do Ensino Superior para a admissão. Novos processos formativos se somaram às antigas práticas da cultura policial garantindo a diversidade de funções multidisciplinares para o cargo. Neste trabalho direcionamos nosso olhar para os discursos que circulam acerca do “bom policial” em documentação gerada com finalidades diversas na Academia de Polícia Civil de Minas Gerais (Acadepol), tais como: legislações, normas, projetos de curso, Matriz Curricular Nacional, Estudo de Perfil Profissiográfico e Mapeamento de Competências (Secretaria Nacional de Segurança Pública). Realizamos aproximações com as concepções pós-críticas de currículo, com conceitos de polícia e com pressupostos foucaultianos com vistas a compreender o currículo e questionar a emersão de formações discursivas acerca do “bom policial” e práticas acionadas pelo funcionamento desses discursos e as condições de certos efeitos de verdade que circulam nessas relações de poder-saber. Realizamos uma pesquisa documental de caráter qualitativo, partindo da metodologia de Análise de Conteúdo para seleção das fontes e constituição do corpus. Os resultados demonstram tensões e disputas que transitam nesses currículos em uma busca exaustiva e constante pela ordenação de condutas, constituindo posições de sujeito relativas ao bom policial, determinando o que deve ser rejeitado ou excluído e possibilitando diferentes versões de Investigador de Polícia, dada a multiplicidade de possibilidades da atuação no cargo. As diferentes formações discursivas emergem de preceitos recorrentes de hierarquia e disciplina, avaliações que determinam aptidão ou não, exigência de perfis adaptáveis, práticas condizentes com a valorização da violência legalizada e de combate ao crime, discretas disputas por espaço dos saberes voltados às filosofias de policiamento comunitário e outros. O bom policial destaca-se como aquele eficiente, profissional, sempre pronto a atuar e capaz de utilizar a força e a violência legalizada no combate ao crime. Nesse sentido, articulam-se, entram em conflito e disputam espaço nesses currículos, atuando na constituição do que é desejável para um bom policial desde o ingresso na carreira até as formações continuadas.