Avaliação da qualidade da assistência à saúde da criança na Atenção Primária à Saúde no município de Diamantina, Minas Gerais, Brasil

• Autor(a) principal: George Sobrinho Silva
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-AQNN8J
• topic: Atenção primária à saúde; Avaliação de serviços de saúde; Criança; Pediatria

OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo analisar o grau de presença e extensão dos atributos da Atenção Primária à Saúde na atenção à saúde da criança na visão de usuários e profissionais que atuam dos serviços de saúde do município de Diamantina. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo observacional transversal realizado no municípiode Diamantina localizado na mesorregião do Vale do Jequitinhonha no Estado de Minas Gerais, Brasil. A amostra de usuários foi composta por 707 crianças de 0 a 4 anos, sendo 498 da área urbana e 209 da rural. Os respondentes foram escolhidos por sorteio aleatório simplescom base nos cadastros das equipes de Saúde da Família (eSF). Foram entrevistados 14 médicos e 8 enfermeiros que preencheram os critérios de inclusão. Para a coleta de dados foram utilizados três instrumentos, sendo um questionário para traçar o perfil de profissionais e usuários; o Instrumento de Avaliação Socioeconômica da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP); e o Primary care assessment tool (PCATool-Brasil), versões criança e profissional. A análise baseou-se no cálculo dos escores dos atributos da AtençãoPrimária à Saúde (APS) propostos pelo PCATool, comparando os resultados das áreas rural e urbana e entre profissionais e usuários. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparar os resultados entre as áreas urbana e rural, e a análise logística multivariada para avaliar ainfluência das variáveis explicativas sobre a ocorrência do escore geral inferior ao índice de corte. RESULTADOS: Os profissionais entrevistados eram, em geral, jovens, poucos possuíam pós-graduação específica para atuar na APS e tinham vínculos trabalhistas considerados frágeis com o município. Dentre os usuários, as mães foram as principaisentrevistadas. As famílias eram, em sua maioria, de baixa renda e dependentes de programas de distribuição de renda como o Bolsa Família, e tinham a eSF como principal fonte de cuidado para seus filhos. As crianças apresentaram média de idade de 29,9±17,5 meses;51,6% do sexo feminino, 85,8% tiveram alguma das doenças prevalentes da infância, 22,1% possuíam histórico de hospitalização e 95,2% estavam com calendário vacinal em dia. Os resultados da avaliação dos atributos da APS mostraram que houve diferença entre asavaliações dos profissionais e dos usuários. Os profissionais tenderam a atribuir forte grau de implantação para a maioria dos atributos, com destaque para os atributos da coordenação do cuidado sistemas de informações (8,9) e a orientação familiar (8,9). Já para os usuários,os escores dos atributos da APS estão, em geral, abaixo do índice de corte preconizado pelo PCATool, e apenas coordenação - sistema de informações (7,8) e o acesso de primeiro contato utilização (6,8) alcançaram o valor de corte. Não houve diferença com significância estatística entre os escores atribuídos pelos profissionais para os serviços das áreas urbana e rural. Já na opinião dos usuários, a APS tendeu a ter os escores médios significativamente superiores na área rural. Na análise dos fatores associados ao menores escores atribuídos pelos usuários para a assistência recebida pelas crianças nas áreas urbana e rural do município, os resultados sugeriram que os usuários que não receberiam Bolsa Família (OR=1,6; IC 1,2-2,2), que residiam na área urbana (OR=1,5; IC 1,1-2,1) e não tinham afiliação à eSF (OR=3,2; IC 2,1-5,1) tinham maior chance de avaliar os serviços com escoresinferiores ao índice de corte, independentemente de outras variáveis. CONCLUSÃO: os resultados dessa pesquisa mostraram que a avaliação da APS para a atenção à criança de Diamantina coincide com o contexto de outros estudos realizados no Brasil. A avaliação daAPS está associada a aspectos relacionados às características dos usuários e a forma de organização dos serviços, que ainda se reportam ao modelo biomédico de assistência, comprometendo, sobretudo, o acesso aos serviços, a integralidade da atenção e a falta de abordagem familiar e comunitária na oferta dos serviços.