Tratamento tópico da leucoplasia pilosa bucal e desenvolvimento e validação de um instrumento para avaliação do conhecimento de cirurgiões dentistas sobre HIV/AIDS

• Autor(a) principal: Mariela Dutra Gontijo de Moura
• Data de Publicação: 2009
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ZMRO-86BH5U
• topic: Infecção HIV; Leucoplasia pilosa oral; Aciclovir; Penciclovir; Questionários; Podofilina; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; Leucoplasia bucal/terapia; Leucoplasia bucal; AIDS (Doença); Leucoplasia pilosa/terapia; HIV (Vírus)

A tese apresentada constou de duas pesquisas. A primeira foi um estudo de ensaio clínico randomizado com os objetivos de apresentar um novo tratamento tópico para a leucoplasia pilosa bucal (LPB), utilizando-se solução alcoólica de podofilina a 25% associada ao penciclovir creme a 1% (PP); avaliar variáveis de prognóstico que podem influenciar nos tratamentos tópicos com solução alcoólica de podofilina a 25% (P), com solução alcoólica de podofilina a 25% associada ao aciclovir a 5% (PA) e com PP; e avaliar o desempenho desses três protocolos de tratamento tópico através da cura ou não da LPB, do índice de cura em relação ao tempo e da recidiva doze meses após a cura. As variáveis de prognóstico avaliadas foram: gênero, idade, anos de educação formal, rota de transmissão, CD4, CD8, carga viral, plaquetas, candidíase oral, uso de terapia antiretroviral altamente ativa (HAART), uso prévio de aciclovir, uso prévio de antifúngico, uso de drogas injetáveis, uso de AZT, consumo de cigarro e de álcool. Realizou-se também a pesquisa da presença do vírus Esptein-Barr (EBV) antes e depois do tratamento tópico da LBP. Os 42 pacientes HIV-positivos e portadores de 69 lesões de LPB foram recrutados aleatoriamente do Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias Orestes Diniz (CTR-DIP), em Belo Horizonte, Minas Gerais. A presença do EBV foi avaliada em 15 destes 42 pacientes, onde a extração do DNA foi realizada por meio de raspado da borda lateral de língua e amplificada pela reação em cadeia de polimerase (PCR) antes e após o tratamento tópico. A LPB foi diagnosticada pela citologia esfoliativa. O modelo proporcional de Cox foi usado para 10avaliar as variáveis de prognóstico e o desempenho dos três protocolos de tratamento. Os resultados demonstraram que os três protocolos de tratamento tópico apresentaram a mesma taxa de cura da lesão, mas a partir da sexta semana de tratamento, PA foi mais eficiente na cura da LPB comparado à P e à PP. A recidiva foi observada em três e sete lesões tratadas com P e com PP, respectivamente. O uso prévio de antifúngico diminuiu a taxa de cura da LPB em 59%. Todos os 15 pacientes com LPB antes do tratamento tópico foram positivos para o EBV, mas imediatamente após a cura da LPB, 11 pacientes continuaram positivos para o EBV. O tratamento tópico mais recomendado para a LPB é PA. A elevada prevalência do EBV na borda lateral de língua dos pacientes sem LPB após o tratamento tópico reforça o papel desse vírus na recorrência da LPB.A segunda pesquisa realizou o desenvolvimento e a validação de um questionário para avaliar o conhecimento dos dentistas sobre HIV/AIDS (DK-HIV-Q). O formato inicial do DK-HIV-Q foi desenvolvido com 33 itens e com quatro domínios específicos: conhecimento declarativo de transmissão de HIV/AIDS, conhecimento declarativo de manifestações orais relacionadas ao HIV/AIDS, conhecimento procedimental de prática odontológica, e conhecimento procedimental de medidas de controle de infecção. O estudo foi desenvolvido em Córdoba, Argentina e como o DK-HIV-Q foi desenvolvido por uma pesquisadora brasileira foi necessário realizar tradução, adaptação trans-cultural dos itens e retro-tradução. Em seguida, avaliações conceituais, de item, semântica, operacional e de equivalência do DK-HIV-Q foram executadas por um grupo de experts. Depois, o DK-HIV-Q foi aplicado em dois estudos pilotos, com uma amostra de conveniência de 20 cirurgiões dentistas argentinos. Posteriormente a essas etapas, a confiabilidade do teste-reteste foi determinada pelo cálculo do Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) 11 usando uma amostra randomizada de 25 cirurgiões dentistas argentinos. Dados foram coletados de uma amostra randomizada de 251 cirurgiões dentistas argentinos, onde a consistência interna do instrumento foi acessada pelo Coeficiente Alfa de Cronbach e também foram realizadas a análise fatorial exploratória (EFA) e a análise fatorial confirmatória (CFA). Os resultados mostraram que não houve discrepâncias entre a tradução e a retro-tradução. Os experts concordaram completamente com a relevância conceitual do instrumento com 33 itens. A confiabilidade do teste-reteste revelou estabilidade das respostas em um curto período de tempo com satisfatória reprodutibilidade de 0.95. O DK-HIV-Q apresentou uma estrutura com um fator geral de segunda ordem e quatro fatores específicos. A consistência interna foi 0.68 para o conhecimento dos dentistas sobre HIV/AIDS (fator geral), 0.53 para o conhecimento declarativo sobre transmissão de HIV/AIDS (fator 1), 0.71 para o conhecimento declarativo de manifestações orais de HIV/AIDS (fator 2), 0.59 para conhecimento procedimental de prática odontológica (fator 3) e 0.48 para conhecimento procedimental de medidas de controle de infecção (fator 4). A remoção de oito itens melhorou o funcionamento do instrumento e o DK-HIV-Q com 25 itens provou ser um instrumento útil para avaliar o conhecimento dos dentistas sobre HIV/AIDS e mostrou que o fator 2 está mais correlacionado com o conhecimento dos dentistas sobre HIV/AIDS (fator geral). Novas pesquisas são necessárias para adicionar mais itens nos fatores 1, 3 e 4 e para avaliar as propriedades psicométricas em amostras diversificadas de cirurgiões dentistas.