Os Passos da Paixão de Portinari da Igreja da Pampulha vistos através da história da arte técnica

• Autor(a) principal: Maria Tereza Dantas Moura
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/48042; https://orcid.org/0000-0001-9579-9473
• topic: Portinari; Via-Sacra; Pintura sobre madeira; História da Arte Técnica; Conservação-restauração; Portinari, Cândido, 1903-1962; Igreja São Francisco de Assis (Belo Horizonte, MG); Pintores brasileiros; Pintura - Conservação e restauração - Técnica; Arte brasileira - História - Séc. XX; Pintura - Conservação e restauração

Os Passos da Paixão de Cristo foram pintados por Candido Portinari (1903-1962), em 1945, para integrar a decoração interna da Igreja da Pampulha, juntamente com os outros seis painéis do artista, incluindo-se azulejos e afrescos. A Igreja, por sua vez, faz parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer e o engenheiro Joaquim Cardozo, entre 1942 e 1944. Dado a grande importância do pintor na arte brasileira, há uma vasta bibliografia sobre a biografia e o estilo do artista. No entanto, poucas referências se têm sobre a Via-Sacra de fato. Quase nada se tem sobre as técnicas e materiais que foram aplicados pelo artista, nas respectivas pinturas, e poucos estudos foram tratados no escopo da História da Arte Técnica. O objetivo-geral deste trabalho foi realizar a caracterização das obras da Via-Sacra apontando-se dados materiais, históricos, estéticos e culturais, entendendo-se a obra como um bem material dotado de sentido social. Usando-se como metodologia de abordagem a História da Arte Técnica, apresentamos uma investigação interdisciplinar deste conjunto de pinturas. A pesquisa é estruturada em três eixos: o histórico, o estético e o material, que se interpõem sobre os objetos artísticos analisados pelo olhar do conservador-restaurador, que busca investigar, nessas três instâncias, as características das obras visando-se a respectiva compreensão e conservação. Analisamos a vasta documentação sobre a Igreja da Pampulha, encontrando-se importantes registros sobre os Passos, que têm uma cronologia própria, uma vez que as obras são móveis e participaram de exposições e restauros. As representações feitas por Portinari, para essas obras, retratam características que relacionam ao momento artístico vivido pelo pintor e também ao projeto arquitetônico de Niemeyer que ficam muito claras quando comparadas à Via-Sacra da Igreja Matriz de Batatais, pintada pelo artista em 1955. As análises científicas revelaram dados inéditos e significativos sobre a técnica construtiva das obras, desde o suporte até as camadas mais superficiais, por meio do diagnóstico das fotografias com luz visível, rasante, ultravioleta e infravermelho, que apontaram dados sobre a superfície pictórica e os desenhos subjacentes, das radiografias e tomografia que foram fundamentais para caracterizar o tipo de madeira utilizado nos painéis e seu estado de conservação, e dos exames físico-químicos que possibilitaram a identificação e/ou indicações sobre a composição dos pigmentos e cargas das tintas e base de preparação. A interação entre as áreas de conhecimento se mostrou satisfatória e enriquecedora como metodologia de análise de obras de arte, trazendo-se resultados consistentes e muitas possibilidades de desdobramentos e avanços de pesquisa.