A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Frederico Rios Cury dos Santos
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/32696
https://orcid.org/0000-0002-0496-8452
Resumo: A origem do termo “guerra cultural” é controversa. Foi nos Estados Unidos, no entanto, que a expressão se tornou popularizada, através da publicação de Culture Wars, de James Davison Hunter, em 1991. Tratava-se da descrição do embate entre duas visões de mundo antagônicas, uma conservadora, associada à direita política, e outra progressista, relacionada, predominantemente, às esquerdas, mas não só. A guerra cultural traz em seu bojo problemas de ordem social e moral que dizem respeito, por exemplo, à sexualidade, ao comportamento, à raça, à religiosidade etc., implicando ainda questões políticas e econômicas. Do ponto de vista da linguagem, pergunta-se: tendo em vista esses embates culturais na sociedade, existiria uma retórica que lhe seja peculiar? Seria possível pensar em algumas regularidades, ainda que essa guerra assuma contornos próprios em diferentes países e períodos históricos? Pergunta-se, também, no que diz respeito à votação do impeachment na Câmara dos Deputados: pode esse debate público conduzido no Parlamento ser considerado como imbuído de uma Retórica da Guerra Cultural? Em que medida os deputados levaram em consideração o auditório, aquilo que Charaudeau denomina de “instância cidadã”, para a consecução de suas estratégias argumentativas? Seria possível dizer que a retórica presenciada durante o rito é um reflexo de uma cultura política arraigada entre os brasileiros? Em que sentido se pode afirmar que a argumentação observada no impeachment contribuiu ou não para a manutenção das instituições democráticas? De que recursos argumentativos se valeram os atores políticos na defesa de seus pontos de vista? Para tentar responder a essas questões, esta pesquisa se utiliza, como corpus de apoio, dos pronunciamentos realizados na Câmara dos Deputados do Brasil, quando da votação sobre a admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016, através de algumas categorias da Retórica, entendida no âmbito do discurso, da noção de gênero do discurso em Dominique Maingueneau, da ideia de contrato de comunicação do discurso político proposta por Patrick Charaudeau, bem como de noções de regras do debate e da argumentação no espaço democrático, propostas, por exemplo, por Angenot e Danblon. Tendo em vista os cerca de 500 pronunciamentos da Câmara dos Deputados, procurou-se, em um primeiro momento, categorizar os discursos de acordo, por exemplo, com a decisão (se “sim” ou “não” ao impeachment); com a menção ou não ao mérito do processo (o crime de responsabilidade); com a referência ou não à palavra “Deus” ou à própria religião; com a citação ou não da própria família, do curral eleitoral, da palavra “democracia”; com a expressão ou não do valor do igualitarismo; com o uso ou não da palavra “golpe”, entre outras constantes. Em seguida, são selecionados discursos representativos de cada uma dessas constantes, para, à luz dos referenciais teórico-metodológicos expostos acima, proceder-se ao tratamento do corpus. Chegou-se a uma tipificação de constantes que comporiam a chamada “Retórica da Guerra Cultural”. Do ponto de vista da importância do auditório, observou-se que ele, na figura do eleitorado, foi pedra angular na construção discursiva dos parlamentares, através da manifestação cada vez mais direta de um conservadorismo que seria próprio à cultura brasileira. Quanto às instituições democráticas, verificou-se que a forma como a argumentação foi empreendida no espaço público contribuiu para a corrosão das mesmas.
id UFMG_80cfab0ca332ab8b5b456342078ce15e
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/32696
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Helcira Maria Rodrigues de Limahttp://lattes.cnpq.br/2109410145220432Dominique MaingueneauRosalice Botelho Wakim Souza PintoMaria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira AndradeElisa Maria Amorim VieiraWander Emediato de SouzaHelcira Maria Rodrigues de Limahttps://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=F60256F8775E909964FE9A8B2FBFBA41#Frederico Rios Cury dos Santos2020-03-05T00:17:32Z2019-12-09http://hdl.handle.net/1843/32696https://orcid.org/0000-0002-0496-8452A origem do termo “guerra cultural” é controversa. Foi nos Estados Unidos, no entanto, que a expressão se tornou popularizada, através da publicação de Culture Wars, de James Davison Hunter, em 1991. Tratava-se da descrição do embate entre duas visões de mundo antagônicas, uma conservadora, associada à direita política, e outra progressista, relacionada, predominantemente, às esquerdas, mas não só. A guerra cultural traz em seu bojo problemas de ordem social e moral que dizem respeito, por exemplo, à sexualidade, ao comportamento, à raça, à religiosidade etc., implicando ainda questões políticas e econômicas. Do ponto de vista da linguagem, pergunta-se: tendo em vista esses embates culturais na sociedade, existiria uma retórica que lhe seja peculiar? Seria possível pensar em algumas regularidades, ainda que essa guerra assuma contornos próprios em diferentes países e períodos históricos? Pergunta-se, também, no que diz respeito à votação do impeachment na Câmara dos Deputados: pode esse debate público conduzido no Parlamento ser considerado como imbuído de uma Retórica da Guerra Cultural? Em que medida os deputados levaram em consideração o auditório, aquilo que Charaudeau denomina de “instância cidadã”, para a consecução de suas estratégias argumentativas? Seria possível dizer que a retórica presenciada durante o rito é um reflexo de uma cultura política arraigada entre os brasileiros? Em que sentido se pode afirmar que a argumentação observada no impeachment contribuiu ou não para a manutenção das instituições democráticas? De que recursos argumentativos se valeram os atores políticos na defesa de seus pontos de vista? Para tentar responder a essas questões, esta pesquisa se utiliza, como corpus de apoio, dos pronunciamentos realizados na Câmara dos Deputados do Brasil, quando da votação sobre a admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016, através de algumas categorias da Retórica, entendida no âmbito do discurso, da noção de gênero do discurso em Dominique Maingueneau, da ideia de contrato de comunicação do discurso político proposta por Patrick Charaudeau, bem como de noções de regras do debate e da argumentação no espaço democrático, propostas, por exemplo, por Angenot e Danblon. Tendo em vista os cerca de 500 pronunciamentos da Câmara dos Deputados, procurou-se, em um primeiro momento, categorizar os discursos de acordo, por exemplo, com a decisão (se “sim” ou “não” ao impeachment); com a menção ou não ao mérito do processo (o crime de responsabilidade); com a referência ou não à palavra “Deus” ou à própria religião; com a citação ou não da própria família, do curral eleitoral, da palavra “democracia”; com a expressão ou não do valor do igualitarismo; com o uso ou não da palavra “golpe”, entre outras constantes. Em seguida, são selecionados discursos representativos de cada uma dessas constantes, para, à luz dos referenciais teórico-metodológicos expostos acima, proceder-se ao tratamento do corpus. Chegou-se a uma tipificação de constantes que comporiam a chamada “Retórica da Guerra Cultural”. Do ponto de vista da importância do auditório, observou-se que ele, na figura do eleitorado, foi pedra angular na construção discursiva dos parlamentares, através da manifestação cada vez mais direta de um conservadorismo que seria próprio à cultura brasileira. Quanto às instituições democráticas, verificou-se que a forma como a argumentação foi empreendida no espaço público contribuiu para a corrosão das mesmas.The origin of the term "culture war" is controversial. It was in the United States, however, that the expression became popular through the publication of James Davison Hunter's Culture Wars in 1991. It was a description of the clash between two antagonistic worldviews, one conservative, associated with the right politics, and a progressive one, predominantly related to the left, but not only. The concept of culture wars bring with it social and moral problems that concern, for example, sexuality, behavior, race, religiosity, etc., as well as political and economic issues. From the point of view of language, one questions: given these cultural clashes in society, would there be a rhetoric peculiar to it? Would it be possible to think of some regularities, even if this war has its own contours in different countries and historical periods? One also questions, regarding the impeachment voting in the House of Deputies, if public debate conducted in Parliament can be seen as imbued with a Rhetoric of the Culture Wars. How did the deputies take into consideration the auditorium, what Charaudeau calls the “citizen instance”, to achieve their argumentative strategies? Could it be said that the rhetoric witnessed during the rite is a reflection of an entrenched political culture among Brazilians? In what sense can it be said that the argumentation observed in impeachment contributed or not to the maintenance of democratic institutions? What argumentative resources did the political actors use to defend their views? To try to answer these questions, this research uses, as a supporting corpus, the pronouncements adopted in the Brazilian Chamber of Deputies, when voting on the admissibility of Dilma Rousseff's impeachment, on April 17, 2016. One takes into consideration some categories of Rhetoric, understood in the context of discourse; categories of the notion of gender of discourse in Dominique Maingueneau; categories presumed from the idea of communication contract of political discourse proposed by Patrick Charaudeau, as well as notions of rules of debate and argumentation in the democratic space, proposed, for example, by Angenot and Danblon. In view of the approximate 500 pronouncements of the House of Deputies, it was firstly sought to categorize speeches according to, for example, the decision (whether “yes” or “no” to impeachment); according to mentioning or not the merits of the case (the crime of responsibility); according to the use of not of the word "God" or to religion itself; according to mentioning or not one’s family, the electoral corral, and the word “democracy”; according to mentioning or not the value of egalitarianism; according to mentioning or not the word “coup”, among other constants. Then, representative speeches of each of these constants are selected, so that, in the light of the theoretical-methodological references exposed above, the corpus can be treated. One came to a typification of constants that would make up the so-called “Rhetoric of the Culture Wars”. From the point of view of the importance of the audience, it was observed that it, in the figure of the electorate, was a cornerstone in the discursive construction of parliamentarians, mainly due to the increasingly direct manifestation of a conservatism that would be proper to Brazilian culture. Regarding democratic institutions, one found that the way argumentation was undertaken in the public space contributed to their corrosion.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Estudos LinguísticosUFMGBrasilFALE - FACULDADE DE LETRASPrograma Institucional de Internacionalização – CAPES - PrInthttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccessAnálise do discursoDiscurso políticoRetóricaBrasil - História - Golpe, 2016Processos (impedimentos) - BrasilRetóricaGuerra CulturalDiscursoDemocraciaParlamentoA retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma RousseffThe rhetoric of culture wars and Brazilian parliament: argumentation in Dilma Rousseff's impeachmentinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTESE_FredericoRiosUFMG_PDFA_Completa II-compactado (1).pdfTESE_FredericoRiosUFMG_PDFA_Completa II-compactado (1).pdfapplication/pdf4669188https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32696/7/TESE_FredericoRiosUFMG_PDFA_Completa%20II-compactado%20%281%29.pdf66d8edc22b6135116c77aa9c40e2427bMD57CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32696/5/license_rdfcfd6801dba008cb6adbd9838b81582abMD55LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32696/6/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD561843/326962021-06-23 13:10:53.039oai:repositorio.ufmg.br:1843/32696TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2021-06-23T16:10:53Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv The rhetoric of culture wars and Brazilian parliament: argumentation in Dilma Rousseff's impeachment
title A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
spellingShingle A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
Frederico Rios Cury dos Santos
Retórica
Guerra Cultural
Discurso
Democracia
Parlamento
Análise do discurso
Discurso político
Retórica
Brasil - História - Golpe, 2016
Processos (impedimentos) - Brasil
title_short A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
title_full A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
title_fullStr A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
title_full_unstemmed A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
title_sort A retórica da guerra cultural e o parlamento brasileiro: a argumentação no impeachment de Dilma Rousseff
author Frederico Rios Cury dos Santos
author_facet Frederico Rios Cury dos Santos
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Helcira Maria Rodrigues de Lima
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/2109410145220432
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Dominique Maingueneau
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Rosalice Botelho Wakim Souza Pinto
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Elisa Maria Amorim Vieira
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Wander Emediato de Souza
dc.contributor.referee5.fl_str_mv Helcira Maria Rodrigues de Lima
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=F60256F8775E909964FE9A8B2FBFBA41#
dc.contributor.author.fl_str_mv Frederico Rios Cury dos Santos
contributor_str_mv Helcira Maria Rodrigues de Lima
Dominique Maingueneau
Rosalice Botelho Wakim Souza Pinto
Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade
Elisa Maria Amorim Vieira
Wander Emediato de Souza
Helcira Maria Rodrigues de Lima
dc.subject.por.fl_str_mv Retórica
Guerra Cultural
Discurso
Democracia
Parlamento
topic Retórica
Guerra Cultural
Discurso
Democracia
Parlamento
Análise do discurso
Discurso político
Retórica
Brasil - História - Golpe, 2016
Processos (impedimentos) - Brasil
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Análise do discurso
Discurso político
Retórica
Brasil - História - Golpe, 2016
Processos (impedimentos) - Brasil
description A origem do termo “guerra cultural” é controversa. Foi nos Estados Unidos, no entanto, que a expressão se tornou popularizada, através da publicação de Culture Wars, de James Davison Hunter, em 1991. Tratava-se da descrição do embate entre duas visões de mundo antagônicas, uma conservadora, associada à direita política, e outra progressista, relacionada, predominantemente, às esquerdas, mas não só. A guerra cultural traz em seu bojo problemas de ordem social e moral que dizem respeito, por exemplo, à sexualidade, ao comportamento, à raça, à religiosidade etc., implicando ainda questões políticas e econômicas. Do ponto de vista da linguagem, pergunta-se: tendo em vista esses embates culturais na sociedade, existiria uma retórica que lhe seja peculiar? Seria possível pensar em algumas regularidades, ainda que essa guerra assuma contornos próprios em diferentes países e períodos históricos? Pergunta-se, também, no que diz respeito à votação do impeachment na Câmara dos Deputados: pode esse debate público conduzido no Parlamento ser considerado como imbuído de uma Retórica da Guerra Cultural? Em que medida os deputados levaram em consideração o auditório, aquilo que Charaudeau denomina de “instância cidadã”, para a consecução de suas estratégias argumentativas? Seria possível dizer que a retórica presenciada durante o rito é um reflexo de uma cultura política arraigada entre os brasileiros? Em que sentido se pode afirmar que a argumentação observada no impeachment contribuiu ou não para a manutenção das instituições democráticas? De que recursos argumentativos se valeram os atores políticos na defesa de seus pontos de vista? Para tentar responder a essas questões, esta pesquisa se utiliza, como corpus de apoio, dos pronunciamentos realizados na Câmara dos Deputados do Brasil, quando da votação sobre a admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016, através de algumas categorias da Retórica, entendida no âmbito do discurso, da noção de gênero do discurso em Dominique Maingueneau, da ideia de contrato de comunicação do discurso político proposta por Patrick Charaudeau, bem como de noções de regras do debate e da argumentação no espaço democrático, propostas, por exemplo, por Angenot e Danblon. Tendo em vista os cerca de 500 pronunciamentos da Câmara dos Deputados, procurou-se, em um primeiro momento, categorizar os discursos de acordo, por exemplo, com a decisão (se “sim” ou “não” ao impeachment); com a menção ou não ao mérito do processo (o crime de responsabilidade); com a referência ou não à palavra “Deus” ou à própria religião; com a citação ou não da própria família, do curral eleitoral, da palavra “democracia”; com a expressão ou não do valor do igualitarismo; com o uso ou não da palavra “golpe”, entre outras constantes. Em seguida, são selecionados discursos representativos de cada uma dessas constantes, para, à luz dos referenciais teórico-metodológicos expostos acima, proceder-se ao tratamento do corpus. Chegou-se a uma tipificação de constantes que comporiam a chamada “Retórica da Guerra Cultural”. Do ponto de vista da importância do auditório, observou-se que ele, na figura do eleitorado, foi pedra angular na construção discursiva dos parlamentares, através da manifestação cada vez mais direta de um conservadorismo que seria próprio à cultura brasileira. Quanto às instituições democráticas, verificou-se que a forma como a argumentação foi empreendida no espaço público contribuiu para a corrosão das mesmas.
publishDate 2019
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-12-09
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-03-05T00:17:32Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/32696
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0002-0496-8452
url http://hdl.handle.net/1843/32696
https://orcid.org/0000-0002-0496-8452
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.pt_BR.fl_str_mv Programa Institucional de Internacionalização – CAPES - PrInt
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FALE - FACULDADE DE LETRAS
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32696/7/TESE_FredericoRiosUFMG_PDFA_Completa%20II-compactado%20%281%29.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32696/5/license_rdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32696/6/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 66d8edc22b6135116c77aa9c40e2427b
cfd6801dba008cb6adbd9838b81582ab
34badce4be7e31e3adb4575ae96af679
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1797971360888127488