Estudo soroepidemiológico da doença de chagas no município de Josenópolis, Norte de Minas Gerais

• Autor(a) principal: Rafaela de Oliveira Silva
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/55414
• topic: Doença de Chagas; Inquérito sorológico; Soroprevalência; Triatoma pseudomaculata; Programa de Controle da Doença de Chagas; Doença de Chagas; Coleta de dados; Estudos soropidemiológicos; Triatoma; Dissertações acadêmicas

O presente estudo teve como objetivo determinar a soroprevalência da doença de Chagas (DCh) em crianças de 0 a 14 anos residentes no município de Josenópolis, Norte de Minas Gerais, e avaliar os aspectos relacionados ao programa de controle da endemia naquela localidade. O estudo foi realizado em quatro fases. Na primeira etapa realizou-se o levantamento do número de pacientes chagásicos do município através das fichas de territorização do Programa de Saúde da Família (PSF). Foram encontrados 332 pacientes representando (7,7%) do total de pacientes atendidos nos serviços de saúde. Na segunda fase, foi realizado o inquérito soroepidemiológico para estimar a situação atual de transmissão da DCh. Inicialmente foi realizada a triagem sorológica através de amostras de sangue total coletadas em papel de filtro de 1.131 crianças (99,1% das registradas no PSF). As amostras foram analisadas pela técnica de enzimaimunoensaio (EIE). A seguir, as amostras consideradas reativas e indeterminadas foram submetidas à sorologia confirmatória em amostra de sangue venoso pelas técnicas de EIE, hemaglutinação indireta (HAI), imunofluorescência indireta (IFI) e enzimaimunoensaio recombinante (EIE-rec). Nenhuma amostra foi considerada reativa. O resultado do inquérito demonstrou ausência de infecção por T. cruzi em menores de 15 anos, indicando baixa transmissão recente da DCh no município. Na terceira fase foram levantados os dados vetoriais através da fonte de dados do sistema de informação do Programa de Controle da doença de Chagas (SIS/PCDCh) disponibilizados pela Gerência Regional de Saúde (GRS) de Montes Claros (MOC), incluindo o período de janeiro de 1997 a outubro de 2013 e dados entomológicos da vigilância epidemiológica do município de Josenópolis referente aos triatomíneos entregues pela população incluindo o ano 2011 e 2012. Os dados analisados apontaram baixa densidade de insetos e a presença de seis espécies de triatomíneos no município: Triatoma pseudomaculata, T. vitticeps, Panstrongylus geniculatus, T. sordida, P. megistus e T. melanocephala. O local de maior captura das espécies foi o intradomicílio (75,4%). A presença de infecção natural foi observada somente nas espécies T. vitticeps e T. pseudomaculata. Na quarta fase, foi avaliado o conhecimento específico dos profissionais de saúde e da vigilância epidemiológica.Verificou-se que (80%) dos entrevistados não realizaram curso de capacitação e desconhecem as práticas do programa de controle. Dentre as maiores dificuldades encontradas, foram assinaladas a falta de capacitação dos profissionais de saúde, desconhecimento da população das práticas do Programa de Controle de Doença de Chagas (PCDCh), ausência de materiais educativos e precariedade dos meios de transporte. Conclusão: Nossos resultados apontaram para interrupção de transmissão ativa de DCh em Josenópolis e evidenciam baixa densidade de triatomíneos nos domicílios da região. Entretanto, a presença do T. vitticeps no ambiente domiciliar, indicando concomitância de ciclos doméstico e silvestre, deve ser considerada no planejamento de medidas de vigilância. A manutenção da vigilância, o monitoramento da infestação, a capacitação profissional e a melhoria das moradias devem ser conduzidas a fim de manter a interrupção da transmissão. A educação da população e o estímulo para sua participação nas ações de controle também devem ser recomendados.