Migração interna e deslocamento forçado: análise do padrão migratório colombiano do final do século XX e começo do século XXI

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sulma Marcela Cuervo Ramirez
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9WNJGS
Resumo: As trajetórias migratórias conformam uma forma de pegada histórica da sociedade, através da qual se revela espacialmente a ordem que a sociedade seguiu para seu processo de produção e reprodução econômica e social. O modo como se dá a articulação entre esses fatores econômicos e sociais e essas trajetórias migratórias, em um contexto histórico particular, constitui o padrão migratório. Sob esta premissa, este estudo tem como propósito fundamental verificar se existe, de fato, um padrão da migração interna no caso colombiano; busca-se avaliar o comportamento da migração interna como parte das transformações econômicas, produtivas e sociais que a Colômbia experimentou no período, configuradas em situações de conflito político e armado. Para alcançar este propósito, são analisados os microdados censitários demográficos referentes a 1993 e 2005, fornecidos pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística - DANE; e o Registro Único de População Deslocada da Rede Nacional de Informação sobre as Vítimas do Conflito Armado - RUPD-RNI, da Colômbia, disponível para o período 1985-2014. O conceito que se adota como migrante refere-se ao indivíduo que residia, há cinco anos, em um município diferente do município de recenseamento, independente de seu local de nascimento, e que sobrevive à mortalidade e a reemigração. No caso do deslocamento forçado, consideram-se os eventos acumulados anualmente, independentemente se foram experimentados por uma mesma pessoa, ou se aconteceram dentro ou fora dos limites municipais. A análise dos dados e a aplicação de técnicas de estimação de migração e de análise multivariada permitiram detectar, de um lado, regularidades espaciais que surgem das trocas migratórias no espaço e, de outro, que no padrão de migração interna colombiano se articulam e sobrepõem dois sistemas de trajetórias migratórias, marcadamente seletivos. O primeiro sistema corresponde às trajetórias migratórias de ordem intrarregional, derivadas do parcimonioso processo de industrialização, iniciado no século XIX e consolidado na segunda metade do século XX, e que configuram as principais cidades capitais e suas áreas de aglomeração metropolitana. Neste sistema predominam as trajetórias migratórias interurbanas, mas articuladas ainda com áreas tradicionais de expulsão, que sustentam, ainda, fluxos de origem rural. Um segundo sistema migratório se origina nas áreas historicamente excluídas dos trajetos da industrialização, onde recentemente tem sido expandida a fronteira agrícola para o agronegócio e para a exploração de petróleo. Nessas áreas, configuram-se condições para a produção e comercialização de negócios ilícitos com os quais as populações camponesas se encontram articuladas ou rejeitadas de diversas formas. Esse processo acaba sustentando as correntes migratórias de origem rural para dois tipos de periferias: aquelas circundantes às áreas urbanas consolidadas, e aquelas que formam os corredores marginais nas áreas de fronteira internacional. As diversas trajetórias migratórias, dominantes e secundárias, que se configuram nos dois sistemas migratórios, reproduzem os fatores estruturais de inequidade espacial presentes na geografia colombiana, e, a partir deles, a seletividade para a migração. Por exemplo, os fluxos que se originam nas áreas urbanas são dominados por adultos mais educados, mas os que emergem das áreas rurais para as fronteiras, por jovens adultos com baixa escolaridade. Nos primeiros sobressaem as mulheres e nos segundos a participação masculina é maior. O arcabouço teórico das migrações, derivadas da macroeconomia neoclássica, com o Modelo de Equilíbrio, e da escola estruturalista, com o Modelo Centro Periferia e a Teoria dos Sistemas Mundiais, sustenta, de forma fragmentada os diferentes momentos históricos da evolução do padrão migratório do caso colombiano, particularmente para a segunda metade do século XX. Para este novo século, precisam ser incorporados marcos analíticos que considerem, além da dimensão econômica, fatores de ordem político e social que contribuam para a melhor compreensão das dinâmicas de expulsão em condição forçada, dentro e além dos limites nacionais. As mudanças do padrão migratório entre o final do século XX e começos do século XXI caracterizam-se pela diminuição do volume da migração interna de caráter voluntário e, em contrapartida, pelo aumento dos deslocamentos de caráter forçado, internos e internacionais, mas que não são captados nos censos demográficos. Entre os dois períodos se acentuaram as maiores distâncias entre origens e destinos e surgem novas áreas de influência migratória que acabam complementando os raios de ação para todos os sistemas migratórios e a consolidação dos sistemas de trocas migratórias intrarregionais, dominadas por mulheres e por jovens adultos.
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Sob esta premissa, este estudo tem como propósito fundamental verificar se existe, de fato, um padrão da migração interna no caso colombiano; busca-se avaliar o comportamento da migração interna como parte das transformações econômicas, produtivas e sociais que a Colômbia experimentou no período, configuradas em situações de conflito político e armado. Para alcançar este propósito, são analisados os microdados censitários demográficos referentes a 1993 e 2005, fornecidos pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística - DANE; e o Registro Único de População Deslocada da Rede Nacional de Informação sobre as Vítimas do Conflito Armado - RUPD-RNI, da Colômbia, disponível para o período 1985-2014. O conceito que se adota como migrante refere-se ao indivíduo que residia, há cinco anos, em um município diferente do município de recenseamento, independente de seu local de nascimento, e que sobrevive à mortalidade e a reemigração. No caso do deslocamento forçado, consideram-se os eventos acumulados anualmente, independentemente se foram experimentados por uma mesma pessoa, ou se aconteceram dentro ou fora dos limites municipais. A análise dos dados e a aplicação de técnicas de estimação de migração e de análise multivariada permitiram detectar, de um lado, regularidades espaciais que surgem das trocas migratórias no espaço e, de outro, que no padrão de migração interna colombiano se articulam e sobrepõem dois sistemas de trajetórias migratórias, marcadamente seletivos. O primeiro sistema corresponde às trajetórias migratórias de ordem intrarregional, derivadas do parcimonioso processo de industrialização, iniciado no século XIX e consolidado na segunda metade do século XX, e que configuram as principais cidades capitais e suas áreas de aglomeração metropolitana. Neste sistema predominam as trajetórias migratórias interurbanas, mas articuladas ainda com áreas tradicionais de expulsão, que sustentam, ainda, fluxos de origem rural. Um segundo sistema migratório se origina nas áreas historicamente excluídas dos trajetos da industrialização, onde recentemente tem sido expandida a fronteira agrícola para o agronegócio e para a exploração de petróleo. Nessas áreas, configuram-se condições para a produção e comercialização de negócios ilícitos com os quais as populações camponesas se encontram articuladas ou rejeitadas de diversas formas. Esse processo acaba sustentando as correntes migratórias de origem rural para dois tipos de periferias: aquelas circundantes às áreas urbanas consolidadas, e aquelas que formam os corredores marginais nas áreas de fronteira internacional. As diversas trajetórias migratórias, dominantes e secundárias, que se configuram nos dois sistemas migratórios, reproduzem os fatores estruturais de inequidade espacial presentes na geografia colombiana, e, a partir deles, a seletividade para a migração. Por exemplo, os fluxos que se originam nas áreas urbanas são dominados por adultos mais educados, mas os que emergem das áreas rurais para as fronteiras, por jovens adultos com baixa escolaridade. Nos primeiros sobressaem as mulheres e nos segundos a participação masculina é maior. O arcabouço teórico das migrações, derivadas da macroeconomia neoclássica, com o Modelo de Equilíbrio, e da escola estruturalista, com o Modelo Centro Periferia e a Teoria dos Sistemas Mundiais, sustenta, de forma fragmentada os diferentes momentos históricos da evolução do padrão migratório do caso colombiano, particularmente para a segunda metade do século XX. Para este novo século, precisam ser incorporados marcos analíticos que considerem, além da dimensão econômica, fatores de ordem político e social que contribuam para a melhor compreensão das dinâmicas de expulsão em condição forçada, dentro e além dos limites nacionais. As mudanças do padrão migratório entre o final do século XX e começos do século XXI caracterizam-se pela diminuição do volume da migração interna de caráter voluntário e, em contrapartida, pelo aumento dos deslocamentos de caráter forçado, internos e internacionais, mas que não são captados nos censos demográficos. Entre os dois períodos se acentuaram as maiores distâncias entre origens e destinos e surgem novas áreas de influência migratória que acabam complementando os raios de ação para todos os sistemas migratórios e a consolidação dos sistemas de trocas migratórias intrarregionais, dominadas por mulheres e por jovens adultos.Migratory trajectories conform a form of historical "footprint" of society, through which are spatially reveals the order that society followed for their process economic and social production. The way are gives articulation between these economic and social factors and these migratory trajectories in a particular historical context, is the migratory pattern. Under this premise, this study has as fundamental purpose check whether there is indeed a pattern of internal migration in the Colombian case, we seek to evaluate the behavior of internal migration as part of the economic, productive and social transformations that Colombia experienced in the late twentieth century and early twenty-first century, in situations of political and armed conflict. To achieve this purpose, the demographic census micro data for 1993 and 2005, provided by the National Administrative Department of Statistics are analyzed - DANE; and the Unified Registry of Displaced Population Information Network National Victims of the Armed Conflict in Colombia RUPDs-INR, available for the period 1985 -. 2014 The concept that is adopted as migrant refers to the individual who resided five years ago in a municipality other than the municipality of registration, regardless of their place of birth; and that survives death and re-emigration. In the case of forced displacement, we consider the cumulative events annually, regardless of whether they were experienced by the same person, and it occurred inside or outside the municipal boundaries. The data analysis and the application of techniques for the estimation of migration and multivariate analysis allowed the detection of one hand, spatial regularities that arise from migratory exchanges in space and on the other, that the pattern of internal migration Colombian articulate and overlap two migratory trajectories markedly selective systems. The first system corresponds to the migratory trajectories of intra-regional order, derived from the parsimonious industrialization process started in the nineteenth century and consolidated in the second half of the twentieth century, and which constitute the major cities and their metropolitan areas. This system are dominated by inter-urban migratory trajectories, but still articulated with traditional areas of expulsion, which also underpin flows of rural origin. A second migratory system arise in areas historically excluded of the paths of industrialization, where has recently been expanded agricultural frontier for agribusiness and oil exploration. In these areas are configured conditions for the production and marketing of illicit businesses in which peasant populations are hinged or rejected in different ways. This process ends up sustaining migratory flows from rural areas to two types of borders: those surrounding the consolidated urban areas, and those that make the marginal corridors in the areas of international border. The various migratory, dominant and secondary trajectories, that are configured on both migration systems reproduce the structural factors of spatial inequity present in Colombian geography, and, from them, the selectivity for migration. For example, streams that originate in urban areas are dominated by more educated adults; but those who emerge from rural areas to the boundaries, by young adults with low education. The theoretical framework of migration, derived from neoclassical macroeconomics, with the model Equilíbrio; and the structuralist school, with the Center-Periphery Model and the Theory of Global Systems, explains a fragmented manner different historical moments of the evolution of the migratory pattern of the Colombian case, particularly for the second half of the twentieth century. For this new century, are necessary analytical frameworks that consider, beyond the economic dimension, political and social factors that contribute to the better understanding of the dynamics of expulsion in forced condition within and beyond national boundaries. The changes in migration pattern between the late twentieth century and early twenty-first century is characterized by a decrease in the volume of internal migration voluntary and increase in forced displacements of character, domestic and international, but that are not captured in censuses. Between the two periods have widened distances migratory between origins and destinations, and there are new areas for migratory influences that complement the rays of action for all migration and strengthen systems intra-regional migratory exchanges, dominated by women and young adults.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMigração interna ColômbiaColômbia História Séc XXMigração forçada ColômbiaDemografiaMigração interna e deslocamento forçado: análise do padrão migratório colombiano do final do século XX e começo do século XXIinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_doutorado_smcr.pdfapplication/pdf4046792https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9WNJGS/1/tese_doutorado_smcr.pdf562840e29320c84306cf434941e84502MD51TEXTtese_doutorado_smcr.pdf.txttese_doutorado_smcr.pdf.txtExtracted texttext/plain452129https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9WNJGS/2/tese_doutorado_smcr.pdf.txte456b333df9650195b3e987c049a5974MD521843/BUBD-9WNJGS2019-11-14 14:46:12.864oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9WNJGSRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T17:46:12Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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