Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Beatriz Santana Caçador
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/GCPA-95YNTZ
Resumo: O presente estudo teve como objetivo compreender a identidade social do Enfermeiro no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Distrito Sanitário Centro Sul, no município de Belo Horizonte, tendo como pressuposto que a reorganização ideológica e estrutural do processo de trabalho por meio da ESF influenciou a configuração identitária desses Enfermeiros. O estudo foi realizado com sete equipes de saúde da família no município de Belo Horizonte, MG. Os sujeitos da pesquisa constituíram-se de dois grupos: os nucleares - sete enfermeiros; e os secundários: sete agentes comunitários de saúde, seis técnicos de enfermagem e quatro médicos, todos atuantes na saúde da família há pelo menos cinco anos, totalizando vinte e quatro sujeitos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG (Parecer: 0128.203.000-10) e da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) (Parecer 006.2012A). Trata-se de uma pesquisa qualitativa e para coleta de dados foi utilizada a entrevista com roteiro semi estruturado após o consentimento dos sujeitos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para análise dos dados, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo à luz de Bardin (1977). Os resultados foram agrupados em três dimensões, a saber: Dimensão Micropolítica que compõe a análise do mundo vivido dos enfermeiros, a Identidade Social Real e Virtual e também o Relacionamento Interpessoal e Construção Identitária; Dimensão Organizacional que aborda os avanços e desafios da ESF; e a Dimensão Sistêmica na qual se analisa a Rede de Assistência à Saúde (RAS) em Belo Horizonte, suas potencialidades e fragilidades e a influencia deste arranjo organizacional nas práticas cotidianas dos enfermeiros da ESF. Na Dimensão Micropolítica os dados revelaram que o mundo vivido pelos enfermeiros da ESF é marcado por situações ambíguas no seu cotidiano que transitam entre uma maior autonomia de intervenção e tomada de decisão à impotência e ausência de governabilidade para transformar realidades e necessidades por eles identificadas. Os enfermeiros experimentam, ainda, sentimentos de prazer tendo em vista as possibilidades de atuação emancipatória que a ESF lhes proporciona, mas também angústia e sofrimento pela pouca valorização profissional e reconhecimento que lhes são conferidos pela gestão. Apontam que os salários não são proporcionais à carga de responsabilidades e cobranças que a eles se impõem. Seu cotidiano é caracterizado por sobrecarga de atribuições de várias naturezas, específicas para o enfermeiro ou não, contribuindo para que na ESF o conjunto de atividades prescritas como da estratégia não sejam prioridade. Com relação à Dimensão Organizacional, constatou-se que a estrutura física dos centros de saúde determina condições de trabalho precárias que limitam a atuação do enfermeiro. A gestão determina processos de trabalho incoerentes com a lógica da ESF como é o caso da implantação do Protocolo de Manchester na APS. Fazer a ESF funcionar sem proporcionar condições para sua efetivação pode gerar deturpação na lógica de trabalho das equipes fazendo com que os usuários sejam tutelados pela ESF ao invés de emanciparem-se como sujeitos. O desequilíbrio no atendimento da demanda espontânea fortalece o distanciamento entre as dimensões prescrita e real na ESF. Além disso, na perspectiva dos profissionais da ESF, o enfermeiro é quem dá o tom e o ritmo do trabalho à saúde da família, refletindo a própria identidade da estratégia. A Dimensão Sistêmica apresenta a RAS como importante dispositivo de organização da assistência e que merece destaque por ser desenvolvida em uma capital de grande porte, com Belo Horizonte. Entretanto, muitos são os desafios que ainda precisam ser superados dentro os quais destaca-se a falta de continuidade no cuidado face ao estrangulamento da atenção secundária, carência de profissionais para determinadas especialidades e ausência de serviços para atender algumas necessidades de saúde como por exemplo demandas de adolescentes dependente químicos. Assim, os profissionais da ESF identificam demandas que ficam reprimidas ali, o que compromete a resolutividade do cuidado iniciado na APS. Perante as fragilidades estruturais que apresenta a ESF e comprometem a qualidade do trabalho do enfermeiro, percebe-se que este profissional reconhece suas atribuições na ESF, compreende a necessidade de mudar a lógica das intervenções em saúde, mas não encontra condições viabilizadoras para efetuar essas transformações. Os enfermeiros da ESF lutam, no cotidiano, para serem enfermeiros de ESF e a distância entre o prescrito e o real no seu exercício profissional lhes gera sentimentos de sofrimento, frustração e angústia. Uma alternativa sugerida pelos sujeitos nucleares e secundários desta pesquisa para minimizar esse quadro, é a implantação de Equipes de Apoio de enfermeiros nos centros de saúde que ficariam responsáveis pelas demandas da unidade, possibilitando aos enfermeiros da equipe da ESF realizarem suas atribuições dentro da ESF. O estudo possibilitou compreender a realidade vivida pelos enfermeiros da ESF, identificar as singularidades deste cenário bem como analisar sua construção identitária. Além disso, foi possível delinear elementos que dizem respeito às formas complexas do Ser e fazer do enfermeiro por meio das quais identidade, formação e trabalho se relacionam. Por fim, o estudo revelou as interfaces existentes entre os arranjos organizacionais e a configuração identitária do enfermeiro na ESF.
id UFMG_8a87c878c216f219e5bab8447ef598b1
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/GCPA-95YNTZ
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Maria Jose Menezes BritoFlavia Regina Souza RamosKenia Lara da SilvaBeatriz Santana Caçador2019-08-11T23:49:37Z2019-08-11T23:49:37Z2012-12-20http://hdl.handle.net/1843/GCPA-95YNTZO presente estudo teve como objetivo compreender a identidade social do Enfermeiro no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Distrito Sanitário Centro Sul, no município de Belo Horizonte, tendo como pressuposto que a reorganização ideológica e estrutural do processo de trabalho por meio da ESF influenciou a configuração identitária desses Enfermeiros. O estudo foi realizado com sete equipes de saúde da família no município de Belo Horizonte, MG. Os sujeitos da pesquisa constituíram-se de dois grupos: os nucleares - sete enfermeiros; e os secundários: sete agentes comunitários de saúde, seis técnicos de enfermagem e quatro médicos, todos atuantes na saúde da família há pelo menos cinco anos, totalizando vinte e quatro sujeitos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG (Parecer: 0128.203.000-10) e da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) (Parecer 006.2012A). Trata-se de uma pesquisa qualitativa e para coleta de dados foi utilizada a entrevista com roteiro semi estruturado após o consentimento dos sujeitos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para análise dos dados, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo à luz de Bardin (1977). Os resultados foram agrupados em três dimensões, a saber: Dimensão Micropolítica que compõe a análise do mundo vivido dos enfermeiros, a Identidade Social Real e Virtual e também o Relacionamento Interpessoal e Construção Identitária; Dimensão Organizacional que aborda os avanços e desafios da ESF; e a Dimensão Sistêmica na qual se analisa a Rede de Assistência à Saúde (RAS) em Belo Horizonte, suas potencialidades e fragilidades e a influencia deste arranjo organizacional nas práticas cotidianas dos enfermeiros da ESF. Na Dimensão Micropolítica os dados revelaram que o mundo vivido pelos enfermeiros da ESF é marcado por situações ambíguas no seu cotidiano que transitam entre uma maior autonomia de intervenção e tomada de decisão à impotência e ausência de governabilidade para transformar realidades e necessidades por eles identificadas. Os enfermeiros experimentam, ainda, sentimentos de prazer tendo em vista as possibilidades de atuação emancipatória que a ESF lhes proporciona, mas também angústia e sofrimento pela pouca valorização profissional e reconhecimento que lhes são conferidos pela gestão. Apontam que os salários não são proporcionais à carga de responsabilidades e cobranças que a eles se impõem. Seu cotidiano é caracterizado por sobrecarga de atribuições de várias naturezas, específicas para o enfermeiro ou não, contribuindo para que na ESF o conjunto de atividades prescritas como da estratégia não sejam prioridade. Com relação à Dimensão Organizacional, constatou-se que a estrutura física dos centros de saúde determina condições de trabalho precárias que limitam a atuação do enfermeiro. A gestão determina processos de trabalho incoerentes com a lógica da ESF como é o caso da implantação do Protocolo de Manchester na APS. Fazer a ESF funcionar sem proporcionar condições para sua efetivação pode gerar deturpação na lógica de trabalho das equipes fazendo com que os usuários sejam tutelados pela ESF ao invés de emanciparem-se como sujeitos. O desequilíbrio no atendimento da demanda espontânea fortalece o distanciamento entre as dimensões prescrita e real na ESF. Além disso, na perspectiva dos profissionais da ESF, o enfermeiro é quem dá o tom e o ritmo do trabalho à saúde da família, refletindo a própria identidade da estratégia. A Dimensão Sistêmica apresenta a RAS como importante dispositivo de organização da assistência e que merece destaque por ser desenvolvida em uma capital de grande porte, com Belo Horizonte. Entretanto, muitos são os desafios que ainda precisam ser superados dentro os quais destaca-se a falta de continuidade no cuidado face ao estrangulamento da atenção secundária, carência de profissionais para determinadas especialidades e ausência de serviços para atender algumas necessidades de saúde como por exemplo demandas de adolescentes dependente químicos. Assim, os profissionais da ESF identificam demandas que ficam reprimidas ali, o que compromete a resolutividade do cuidado iniciado na APS. Perante as fragilidades estruturais que apresenta a ESF e comprometem a qualidade do trabalho do enfermeiro, percebe-se que este profissional reconhece suas atribuições na ESF, compreende a necessidade de mudar a lógica das intervenções em saúde, mas não encontra condições viabilizadoras para efetuar essas transformações. Os enfermeiros da ESF lutam, no cotidiano, para serem enfermeiros de ESF e a distância entre o prescrito e o real no seu exercício profissional lhes gera sentimentos de sofrimento, frustração e angústia. Uma alternativa sugerida pelos sujeitos nucleares e secundários desta pesquisa para minimizar esse quadro, é a implantação de Equipes de Apoio de enfermeiros nos centros de saúde que ficariam responsáveis pelas demandas da unidade, possibilitando aos enfermeiros da equipe da ESF realizarem suas atribuições dentro da ESF. O estudo possibilitou compreender a realidade vivida pelos enfermeiros da ESF, identificar as singularidades deste cenário bem como analisar sua construção identitária. Além disso, foi possível delinear elementos que dizem respeito às formas complexas do Ser e fazer do enfermeiro por meio das quais identidade, formação e trabalho se relacionam. Por fim, o estudo revelou as interfaces existentes entre os arranjos organizacionais e a configuração identitária do enfermeiro na ESF.The present study aimed to understand the nurses social identity in the context of the Family Health Strategy (ESF) in a Health District in Belo Horizonte, with the assumption that the ideological and structural reorganization of the work process through the ESF had influenced the identity configuration of these nurses. The study was conducted with seven family health care teams in the city of Belo Horizonte, MG. The study subjects consisted of two groups: the core - seven nurses, and the side: seven community health agents, six practical nurses and four doctors, all working in family health team for at least five years, totaling twenty- four subjects. The study was approved by the UFMGs Ethics and Research Committee ( 0128.203.000-10) and the in the local Ethics and Research Committee of Belo Horizonte (PBH) (006.2012A). This is a qualitative research and for the data collection was used the semi-structured interview after the consent of the subjects and signing the inform consent (TCLE). For data analysis, we used the technique of content analysis in the light of Bardin (1977). The results were grouped into three dimensions, namely: Micropolitical Dimension that makes the analysis of the lived world of nurses, the Real and Virtual Social Identity and also Interpersonal Relationship and the Identity construction;Organizational Dimension which covers the progress and challenges of the ESF, and the Systemic Dimension in which he analyzes the Health Care Network (RAS) in Belo Horizonte, their strengths and weaknesses and the influence of this organizational arrangement in the daily practices of the ESF nurses. In the Micropolitical Dimension the data revealed that the world experienced by nurses of the ESF is marked by ambiguous situations in their daily work, transiting between greater autonomy of action and decision-making to impotence and lack of governance to transform realities and needs that they have identified. Nurses experience also feelings of pleasure considering the emancipatory possibilities of action that the ESF gives them, but they also feel anguish and suffering because of the little professional appreciation and recognition given to them by management. The nurses indicate that wages are not proportional to the load of responsibilities and demands that are impose to them. Their everyday life is characterized by the overload of different kinds of assignments, specific to the nurse or not, contributing to the ESF set of prescribed activities and the strategy not being priority in their work. Regarding to the Organizational Dimension, it was found that the structure of the health centers determines precarious working conditions that limit nurses' performance. The management determines inconsistent work processes with the logic of the ESF as is the case of the implementation of the Manchester's Protocol in the primary health care system (APS). Making the ESF work without providing conditions for its implementation can generate distortion in the logic of the working teams causing the user's protection by ESF rather than the emancipation of themselves as subjects. The imbalance of the spontaneous demand assistance strengthens the gap between the prescribed and real dimension of the ESF. Moreover, in the perspective of the ESF professionals, the nurse is the one who sets the tone and pace of work to the family health care team, reflecting the very identity of the strategy. The Systemic Dimension presents the RAS as an important device in the assistance's organization and that deserves a standout for being developed in a large capital, like Belo Horizonte. However, there are many challenges that must be overcome, like: the lack of continuity in care due to the bottleneck of secondary health care system, shortage of professionals for certain specialties and lack of services to assist some needs such as adolescent's drug abuse demands. Thus, the ESF professionals identify demands that are repressed, which compromises the resolution of care starts in APS. Given the structural weaknesses that ESF presents and compromise the quality of nursing work, it is notice that this professional recognizes its responsibilities in ESF, understands the need to change the logic of health interventions, but did not find enablers conditions to perform these transformations. The ESF nurses struggle, in their everyday, to be EFS's nurses and the distance between the prescribed and real in their professional endeavors generates feelings of grief, frustration and anguish. An alternative suggested by the nuclear and secondary subjects of this research to minimize this framework is the deployment of Support Teams of nurses in the health centers that would be responsible for the demands of the unit, enabling ESF's nurses to perform their duties within the ESF. The study allowed us to understand the reality experienced by nurses in the ESF, identify the singularities of this scenario and analyze their identity. Furthermore, it was possible to outline elements relate to complex forms of being and the doing of the nurses through which identity, training and work are related. Finally, the study revealed the interfaces between organizational arrangements and the identity configuration of the nurse in the ESF.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPapel do Profissional de Enfermagem/psicologiaRelações InterprofissionaisPoder (Psicologia)HumanosEnfermeiras/spsicologiaPesquisa QualitativaEnfermagemQuestionáriosPrograma Saúde da FamíliaCarga de Trabalho/psicologiaSaúde da FamíliaEnfermagemCrise de IdentidadeConfiguração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da famíliainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALbeatriz_santana_ca_ador.pdfapplication/pdf1796071https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/GCPA-95YNTZ/1/beatriz_santana_ca_ador.pdfbec41d3f4c80415459e60f1aa843d2d5MD51TEXTbeatriz_santana_ca_ador.pdf.txtbeatriz_santana_ca_ador.pdf.txtExtracted texttext/plain458996https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/GCPA-95YNTZ/2/beatriz_santana_ca_ador.pdf.txtf270e7a2acc39017f2b19ad8c696ce51MD521843/GCPA-95YNTZ2019-11-14 06:19:55.929oai:repositorio.ufmg.br:1843/GCPA-95YNTZRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T09:19:55Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
title Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
spellingShingle Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
Beatriz Santana Caçador
Saúde da Família
Enfermagem
Crise de Identidade
Papel do Profissional de Enfermagem/psicologia
Relações Interprofissionais
Poder (Psicologia)
Humanos
Enfermeiras/spsicologia
Pesquisa Qualitativa
Enfermagem
Questionários
Programa Saúde da Família
Carga de Trabalho/psicologia
title_short Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
title_full Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
title_fullStr Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
title_full_unstemmed Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
title_sort Configuração identitária do enfermeiro no contexto da estratégia de saúde da família
author Beatriz Santana Caçador
author_facet Beatriz Santana Caçador
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Maria Jose Menezes Brito
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Flavia Regina Souza Ramos
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Kenia Lara da Silva
dc.contributor.author.fl_str_mv Beatriz Santana Caçador
contributor_str_mv Maria Jose Menezes Brito
Flavia Regina Souza Ramos
Kenia Lara da Silva
dc.subject.por.fl_str_mv Saúde da Família
Enfermagem
Crise de Identidade
topic Saúde da Família
Enfermagem
Crise de Identidade
Papel do Profissional de Enfermagem/psicologia
Relações Interprofissionais
Poder (Psicologia)
Humanos
Enfermeiras/spsicologia
Pesquisa Qualitativa
Enfermagem
Questionários
Programa Saúde da Família
Carga de Trabalho/psicologia
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Papel do Profissional de Enfermagem/psicologia
Relações Interprofissionais
Poder (Psicologia)
Humanos
Enfermeiras/spsicologia
Pesquisa Qualitativa
Enfermagem
Questionários
Programa Saúde da Família
Carga de Trabalho/psicologia
description O presente estudo teve como objetivo compreender a identidade social do Enfermeiro no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Distrito Sanitário Centro Sul, no município de Belo Horizonte, tendo como pressuposto que a reorganização ideológica e estrutural do processo de trabalho por meio da ESF influenciou a configuração identitária desses Enfermeiros. O estudo foi realizado com sete equipes de saúde da família no município de Belo Horizonte, MG. Os sujeitos da pesquisa constituíram-se de dois grupos: os nucleares - sete enfermeiros; e os secundários: sete agentes comunitários de saúde, seis técnicos de enfermagem e quatro médicos, todos atuantes na saúde da família há pelo menos cinco anos, totalizando vinte e quatro sujeitos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG (Parecer: 0128.203.000-10) e da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) (Parecer 006.2012A). Trata-se de uma pesquisa qualitativa e para coleta de dados foi utilizada a entrevista com roteiro semi estruturado após o consentimento dos sujeitos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para análise dos dados, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo à luz de Bardin (1977). Os resultados foram agrupados em três dimensões, a saber: Dimensão Micropolítica que compõe a análise do mundo vivido dos enfermeiros, a Identidade Social Real e Virtual e também o Relacionamento Interpessoal e Construção Identitária; Dimensão Organizacional que aborda os avanços e desafios da ESF; e a Dimensão Sistêmica na qual se analisa a Rede de Assistência à Saúde (RAS) em Belo Horizonte, suas potencialidades e fragilidades e a influencia deste arranjo organizacional nas práticas cotidianas dos enfermeiros da ESF. Na Dimensão Micropolítica os dados revelaram que o mundo vivido pelos enfermeiros da ESF é marcado por situações ambíguas no seu cotidiano que transitam entre uma maior autonomia de intervenção e tomada de decisão à impotência e ausência de governabilidade para transformar realidades e necessidades por eles identificadas. Os enfermeiros experimentam, ainda, sentimentos de prazer tendo em vista as possibilidades de atuação emancipatória que a ESF lhes proporciona, mas também angústia e sofrimento pela pouca valorização profissional e reconhecimento que lhes são conferidos pela gestão. Apontam que os salários não são proporcionais à carga de responsabilidades e cobranças que a eles se impõem. Seu cotidiano é caracterizado por sobrecarga de atribuições de várias naturezas, específicas para o enfermeiro ou não, contribuindo para que na ESF o conjunto de atividades prescritas como da estratégia não sejam prioridade. Com relação à Dimensão Organizacional, constatou-se que a estrutura física dos centros de saúde determina condições de trabalho precárias que limitam a atuação do enfermeiro. A gestão determina processos de trabalho incoerentes com a lógica da ESF como é o caso da implantação do Protocolo de Manchester na APS. Fazer a ESF funcionar sem proporcionar condições para sua efetivação pode gerar deturpação na lógica de trabalho das equipes fazendo com que os usuários sejam tutelados pela ESF ao invés de emanciparem-se como sujeitos. O desequilíbrio no atendimento da demanda espontânea fortalece o distanciamento entre as dimensões prescrita e real na ESF. Além disso, na perspectiva dos profissionais da ESF, o enfermeiro é quem dá o tom e o ritmo do trabalho à saúde da família, refletindo a própria identidade da estratégia. A Dimensão Sistêmica apresenta a RAS como importante dispositivo de organização da assistência e que merece destaque por ser desenvolvida em uma capital de grande porte, com Belo Horizonte. Entretanto, muitos são os desafios que ainda precisam ser superados dentro os quais destaca-se a falta de continuidade no cuidado face ao estrangulamento da atenção secundária, carência de profissionais para determinadas especialidades e ausência de serviços para atender algumas necessidades de saúde como por exemplo demandas de adolescentes dependente químicos. Assim, os profissionais da ESF identificam demandas que ficam reprimidas ali, o que compromete a resolutividade do cuidado iniciado na APS. Perante as fragilidades estruturais que apresenta a ESF e comprometem a qualidade do trabalho do enfermeiro, percebe-se que este profissional reconhece suas atribuições na ESF, compreende a necessidade de mudar a lógica das intervenções em saúde, mas não encontra condições viabilizadoras para efetuar essas transformações. Os enfermeiros da ESF lutam, no cotidiano, para serem enfermeiros de ESF e a distância entre o prescrito e o real no seu exercício profissional lhes gera sentimentos de sofrimento, frustração e angústia. Uma alternativa sugerida pelos sujeitos nucleares e secundários desta pesquisa para minimizar esse quadro, é a implantação de Equipes de Apoio de enfermeiros nos centros de saúde que ficariam responsáveis pelas demandas da unidade, possibilitando aos enfermeiros da equipe da ESF realizarem suas atribuições dentro da ESF. O estudo possibilitou compreender a realidade vivida pelos enfermeiros da ESF, identificar as singularidades deste cenário bem como analisar sua construção identitária. Além disso, foi possível delinear elementos que dizem respeito às formas complexas do Ser e fazer do enfermeiro por meio das quais identidade, formação e trabalho se relacionam. Por fim, o estudo revelou as interfaces existentes entre os arranjos organizacionais e a configuração identitária do enfermeiro na ESF.
publishDate 2012
dc.date.issued.fl_str_mv 2012-12-20
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-11T23:49:37Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-11T23:49:37Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/GCPA-95YNTZ
url http://hdl.handle.net/1843/GCPA-95YNTZ
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/GCPA-95YNTZ/1/beatriz_santana_ca_ador.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/GCPA-95YNTZ/2/beatriz_santana_ca_ador.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv bec41d3f4c80415459e60f1aa843d2d5
f270e7a2acc39017f2b19ad8c696ce51
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589188014047232