De mulher a pajé: aprendizagem das mulheres pajés Yawanawa como transformação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cynthia Inés Carrillo Sáenz
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/32639
Resumo: Este trabalho aborda a aprendizagem xamânica das mulheres pajés Yawanawa como transformação. Partindo, inicialmente da noção de aprendizagem como gênese, a complexidade de processos implicados na aprendizagem xamânica aponta outras direções. O corpo, tema central para a compreensão da noção de pessoa nas sociedades ameríndias, é o local onde as transformações acontecem. A partir da perspectiva do corpo, analisamos a forma como conceituam o ser Yawanawa, ser mulher Yawanawa e ser pajé Yawanawa. O corpo Yawanawa é produzido, e, através de um longo processo, e imbuído de agência masculina ou feminina. O corpo feminino Yawanawa e a agência feminina estão associados à produção de seres humanos através dos processos de gestação e nutrição, e associados à categoria bata (doce), enquanto o corpo masculino Yawanawa é formado com mais tsimu (amargo), e preparado para interações com seres não-humanos, yuxin. Ainda, o corpo feminino, pelos seus processos relacionados à sua especificidade (menstruação, gestação, puerpério) seria um corpo ‘visível’ aos olhos dos yuxin, e sujeito à ação vingativa e predatória dos mesmos. Por outro lado, o corpo do pajé é aquele que se transforma através de uma série de processos: dietas e rigorosos resguardos e uso de substâncias amargas consideradas ‘espíritos fortes’, tais como o muká, o seya, o uni, o rume e o yutxi, com os quais o pajé torna-se um (samakei), com a finalidade de ‘ver’ os yuxin e ‘ser visto’ por eles como afim ou parente, assim como desenvolver a capacidade de se transformar e transformar a realidade ao seu redor. No passado, a prática xamânica era restrita aos homens. Em decorrência dos processos colonizadores sofridos pelo povo Yawanawa, a mesma foi quase abandonada durante décadas (da década de 60 a 1999). A partir de vários processos históricos, relacionados às interações dos Yawanawa com o mundo dos nawa (brancos), tais como afirmação da identidade, demarcação de terra e aliança com nawas, surge uma nova geração de pajés, com a retomada das iniciações do muká. Nesta nova geração de pajés, a partir da iniciação de duas irmãs, Hushahu e Putanny, novas transformações são produzidas tanto no campo da agência feminina como da agência xamânica: surgem os kenes (desenhos) permeados ‘da força’ e o canto feminino ingressa aos rituais de uni (ayahuasca). A partir do juramento sagrado do muká, as mulheres transformam, um corpo de mulher, em um corpo de mulher pajé. E, como pajés, adquirem a capacidade de se transformarem, e de transformarem a realidade em sua volta. Aqui percorremos a transformação de mulher a pajé, a partir da narrativa mítica, como metáfora e fio condutor; e também, a partir de dados etnográficos de pajés iniciadas(os), assim como da experiência de transformação vivenciada em campo pela pesquisadora.
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O corpo feminino Yawanawa e a agência feminina estão associados à produção de seres humanos através dos processos de gestação e nutrição, e associados à categoria bata (doce), enquanto o corpo masculino Yawanawa é formado com mais tsimu (amargo), e preparado para interações com seres não-humanos, yuxin. Ainda, o corpo feminino, pelos seus processos relacionados à sua especificidade (menstruação, gestação, puerpério) seria um corpo ‘visível’ aos olhos dos yuxin, e sujeito à ação vingativa e predatória dos mesmos. Por outro lado, o corpo do pajé é aquele que se transforma através de uma série de processos: dietas e rigorosos resguardos e uso de substâncias amargas consideradas ‘espíritos fortes’, tais como o muká, o seya, o uni, o rume e o yutxi, com os quais o pajé torna-se um (samakei), com a finalidade de ‘ver’ os yuxin e ‘ser visto’ por eles como afim ou parente, assim como desenvolver a capacidade de se transformar e transformar a realidade ao seu redor. No passado, a prática xamânica era restrita aos homens. Em decorrência dos processos colonizadores sofridos pelo povo Yawanawa, a mesma foi quase abandonada durante décadas (da década de 60 a 1999). A partir de vários processos históricos, relacionados às interações dos Yawanawa com o mundo dos nawa (brancos), tais como afirmação da identidade, demarcação de terra e aliança com nawas, surge uma nova geração de pajés, com a retomada das iniciações do muká. Nesta nova geração de pajés, a partir da iniciação de duas irmãs, Hushahu e Putanny, novas transformações são produzidas tanto no campo da agência feminina como da agência xamânica: surgem os kenes (desenhos) permeados ‘da força’ e o canto feminino ingressa aos rituais de uni (ayahuasca). A partir do juramento sagrado do muká, as mulheres transformam, um corpo de mulher, em um corpo de mulher pajé. E, como pajés, adquirem a capacidade de se transformarem, e de transformarem a realidade em sua volta. Aqui percorremos a transformação de mulher a pajé, a partir da narrativa mítica, como metáfora e fio condutor; e também, a partir de dados etnográficos de pajés iniciadas(os), assim como da experiência de transformação vivenciada em campo pela pesquisadora.This work approaches the female Yawanawa pajés shamanic learning as a transformation. Initially departing from the concept of learning as genesis, the complexity of processes involved in shamanic learning points to other directions. The body, central issue for the comprehension of the conception of person in American indigenous societies, is the local where transformations occur. Starting from the body approach, we analyze how being Yawanawa, being a Yawanawa woman and being a Yawanawa pajé are conceptualized. The Yawanawa body is produced, and, through a long process, it is imbued with male or female agency. Yawanawa female body and agency are associated to the production of human beings through processes of gestation and nurturing, and are associated to the bata (sweet) category, while Yawanawa male body is formed with more tsimu (bitter), and is prepared for interactions with non-human beings, yuxin. Furthermore, female body is, naturally, due to its processes related to its specificity (menstruation, pregnancy, puerperium), is a ‘visible’ body to the eyes of the yuxin, and susceptible to their revengeful and predatory action. On the other side, the pajé’s body is that one which transforms itself through a series of processes: diets and rigorous isolation, and the use bitter substances considered to be ‘strong spirits’, such as muká, seya, uni, rume and yutxi, which whom the pajé turns one (samakei), with the objective of ‘seeing’ the yuxin and ‘being seen’ by them as an affine or relative, as well as developing capacities such as being able to transform himself and to transform the surrounding reality. In the past, shamanic practice was exclusive to men. Due to the colonization processes suffered by the Yawanawa people, it was almost abandoned for decades (form the 60’s to 1999). Stem from various historical processes, related to interactions between the Yawanawas and the nawas (white people) world, such as identity affirmation, land demarcation and alliances with nawas, a new generation of pajés emerges with the resumption of muká initiations. In this new generation of pajés, as a consequence of the initiation of two sisters, Hushahu and Putanny, further transformations are produced on the field of female agency as well as on shamanic agency: kenes (drawings), which are shot through with ‘the force’, emerge, and female chanting gets into the uni (ayahuasca) rituals. Through the muká sacred oath, women transform a female body into a female pajé body. And, as pajés, they acquire the capability of transforming themselves, and transforming reality around them. Here we go through this transformation from woman to pajé, departing from the mythological narration, as a metaphor and conducting thread; as well as from ethnographic data collected from initiated pajés, and the researcher’s own field camp transformation experience.CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão SocialUFMGBrasilFAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃOEducaçãoÍndios da América do Sul - MulheresXamanismoAprendizagem como transformaçãoXamanismo feminino YawanawaAprendizagem ritualCorpo de mulher pajéDe mulher a pajé: aprendizagem das mulheres pajés Yawanawa como transformaçãoFrom woman to pajé: Yawanawa female shamans' apprenticeship as a transformationinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDissertação Cynthia Carrillo final.pdfDissertação Cynthia Carrillo final.pdfDe mulher a pajé: Aprendizagem das mulheres pajés Yawanawa como transformaçãoapplication/pdf1570101https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32639/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Cynthia%20Carrillo%20final.pdf0024d3611eef4c2edcf3802e92c3de81MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32639/2/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD52TEXTDissertação Cynthia Carrillo final.pdf.txtDissertação Cynthia Carrillo final.pdf.txtExtracted texttext/plain376960https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32639/3/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Cynthia%20Carrillo%20final.pdf.txtb9050d31680072897c60416d28c790efMD531843/326392020-03-03 03:27:24.232oai:repositorio.ufmg.br:1843/32639TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-03-03T06:27:24Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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