A interface lazer e gênero no cotidiano de jovens aprendizes: um estudo no contexto da Fundação CDL Pró-Criança

• Autor(a) principal: Tatiana Domingues Pereira
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/35853
• topic: Jovens; Lazer; Mulheres

Ser mulher, jovem, trabalhadora e estudante são dimensões marcadas por assimetrias nas práticas culturais, econômicas, políticas, educacionais e de lazer. Assim, esta tese teve como objetivo verificar as percepções das jovens aprendizes, integrantes do Programa Educação e Trabalho (PET) desenvolvido pela Fundação CDL Pró-Criança, sobre a influência do trabalho, da escolarização e do gênero em suas práticas de lazer. A metodologia adotada caracterizou-se como qualitativa, quantitativa, bibliográfica, descritiva e documental. Na coleta de dados, para identificar o que as jovens entendem sobre o lazer e descrever a percepção das mesmas sobre as práticas de lazer no seu tempo disponível, aplicou-se um questionário e foi realizada uma entrevista semiestruturada. Outro entrevista semiestruturada foi realizada com as supervisoras do programa, para investigar como o lazer é abordado pelo PET. Os resultados apontaram que tanto as jovens quanto as supervisoras entendem por lazer momentos de diversão com amigos, família, ou sozinho; descansar; se distrair; curtir o fim de semana; ter tempo livre e fazer o que se quer sem obrigação. No que tange aos conteúdos culturais do lazer realizados pelas jovens, houve maior incidência nos interesses sociais e virtuais. As jovens relataram ter tempo para usufuir o lazer, entretanto, boa parte delas alegou dificuldades de acesso relacionadas à falta de dinheiro e à falta de segurança. Na categoria trabalho, constatou-se que a opção das jovens por participarem do PET se deu, principalmente, como uma forma de se inserirem no mercado de trabalho, tendo como principal vantagem a aquisição de experiência profissional. O trabalho como aprendizes, na percepção das jovens, não interfere nos estudos. No que se refere ao gênero, não percebem diferenciação na distribuição e na quantidade de tarefas quando, comparadas ao sexo oposto, mas ressaltam que para eles há uma assimetria quanto às tarefas domésticas. Foi possível levantar, por meio da entrevista com as supervisoras que, apesar da pouca carga horária destinada às atividades culturais, percebe-se a importância do lazer para as jovens, de modo que o assunto é desenvolvido de forma transversal nas disciplinas do programa. Verificou-se, ainda, a influência do fator renda nos tipos de lazer vivenciados pelas jovens. Quanto ao uso de dispositivos móveis, mesmo pertencendo a famílias de baixa renda, é reduzido o número de casos de alunos sem acesso, embora seu uso seja proibido no programa. As supervisoras apontaram que as jovens também percebem a diferença de fruição do lazer de acordo com o gênero, além de reconhecem a centralidade do trabalho para as mesmas e concordarem que elas estão privadas do lazer em virtude do trabalho e do estudo, aliado a outros tipos de atividades. E, segundo as supervisoras, o trabalho não interfere no rendimento escolar das alunas. A análise dos resultados permitiu tecer uma discussão com os teóricos pesquisados e apontar algumas sugestões ao PET, no sentido de implementarem uma educação pautada no lazer.