Discurso religioso e jornalismo: estudo contrastivo de jornais católico e evangélicos

• Autor(a) principal: Eduardo Assunc?o Franco
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/LETR-AWKH2T
• topic: ética cidadã; apropriação; ética religiosa; imprensa de referência; Mídia religiosa; imbricação; Análise do discurso; Discurso midiático; Discurso jornalístico; Ética; Discurso religioso

Verificamos, nesta tese, nossa hipótese inicial de que os jornais impressos Mensageiro da Paz, O São Paulo e Folha Universal, controlados, respectivamente, pela Assembleia de Deus, Igreja Católica e Igreja Universal do Reino de Deus, se apropriam de elementos da imprensa de referência para tentar atingir seus objetivos de comunicação e evangelização, entre outros. Gêneros da imprensa de referência, como reportagens, editoriais, artigos de opinião, rubricas e nomenclaturas são utilizados pelos três jornais analisados. Isso confirma a imbricação do discurso religioso com o discurso midiático. Uma das diferenças entre os jornais da mídia religiosa e os da mídia de referência é que os primeiros realizam a problematização dos temas que abordam considerando a ética religiosa, ou seja, as normas, dogmas e doutrinas das igrejas que os controlam, sem levar em conta a ética cidadã postulada por Emediato (2009). Verificamos ainda semelhanças e diferenças entre os três jornais na escolha de temas e problematizações. Essas diferenças têm como base, em grande medida, as orientações religiosas das igrejas, que se refletem na configuração de seus jornais. Na tese, apresentamos um histórico da mídia religiosa no Brasil, discorremos sobre as características do discurso religioso e o discurso midiático, além de tratarmos de algumas teorias do discurso, com destaque para a Teoria Semiolinguística (TS), de Charaudeau (2009). Postulamos a existência do sujeito da religião, que teria visão crítica em relação às determinações das igrejas e se equipara ao sujeito interpretante (TUi) proposto por Charaudeau. Na evangelização ou difusão da fé que muitas igrejas realizam utilizando, entre outros recursos, a mídia religiosa, teólogos como Comblin (1990) alertam que não é dado espaço para o diálogo e a participação efetiva dos fiéis. Nossa pesquisa mostra, com efeito, que a gestão das vozes é feita de modo a privilegiar certos atores das próprias igrejas em questão. Nossa metodologia consistiu em selecionar 13 exemplares dos três jornais da mídia religiosa, coletados em 2015, e analisá-los utilizando como categorias de análise os modos de organização do discurso da TS. Além dos estudos de Charaudeau (2004, 2007, 2008, 2009, 2010, 2015), o referencial teórico que utilizamos é composto por trabalhos de Maingueneau (2005, 2008, 2009), Emediato (2007, 2008, 2009, 2010, 2013, 2017), Mouillaud (1997), Machado (1995, 2001, 2005), Fonseca (1995, 2003), Carranza (2011), Libanio (1984, 2004, 2008), Mariano (1999) e Campos (1997, 2011, 2013), entre outros.