"O feto que attenta contra sua vida": o aborto como terapia nas teses médicas (1830-1890)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Isabela de Oliveira Dornelas
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/34357
https://orcid.org/0000-0003-2328-0183
Resumo: Esta dissertação de mestrado propõe uma análise do discurso médico que durante o século XIX se posiciona em defesa do uso do aborto como um recurso terapêutico indicado para mulheres que estivessem extremamente doentes em função da gestação ou que fossem consideradas sem condições físicas de dar à luz. Partindo da análise das teses médicas produzidas nas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, nota- se que esta é uma recomendação indicada para um amplo gradiente de sintomas e doenças, desde os vômitos incoercíveis, eclampsia e estreitamento dos quadris. No entanto, não era somente os parteiros partidários do aborto terapêutico que produziam discursos sobre os usos deste procedimento. A religião, a justiça e até mesmo dentro do campo médico haviam oposições à prática abortiva. Esse trabalho procura demonstrar as estratégias argumentativas dos médicos favoráveis ao aborto como recurso terapêutico frente as interdições citadas. Apesar de ser um movimento discursivo, afastado da prática efetiva do cotidiano médico a discussão em favor do aborto terapêutico acarretou em uma significante alteração no Código Penal de 1890 em que foi previsto o uso do aborto necessário. Porém, isso não significou uma vitória da medicalização e do discurso médico, pois essa legislação também prevê pena para os médicos que lançassem mão deste recurso e resultasse em morte materna. As teses médicas utilizadas como fontes principais nesse trabalho em diálogo com as outras instâncias com as quais os médicos discutem sobre o aborto terapêutico indicam a complexidade do tema e a suas disputas por ser um assunto discutido para além do âmbito da medicina.
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No entanto, não era somente os parteiros partidários do aborto terapêutico que produziam discursos sobre os usos deste procedimento. A religião, a justiça e até mesmo dentro do campo médico haviam oposições à prática abortiva. Esse trabalho procura demonstrar as estratégias argumentativas dos médicos favoráveis ao aborto como recurso terapêutico frente as interdições citadas. Apesar de ser um movimento discursivo, afastado da prática efetiva do cotidiano médico a discussão em favor do aborto terapêutico acarretou em uma significante alteração no Código Penal de 1890 em que foi previsto o uso do aborto necessário. Porém, isso não significou uma vitória da medicalização e do discurso médico, pois essa legislação também prevê pena para os médicos que lançassem mão deste recurso e resultasse em morte materna. As teses médicas utilizadas como fontes principais nesse trabalho em diálogo com as outras instâncias com as quais os médicos discutem sobre o aborto terapêutico indicam a complexidade do tema e a suas disputas por ser um assunto discutido para além do âmbito da medicina.This master’s degree thesis proposes an analysis of the medical speeach that during the 19th century argues in defense of the use of abortion as a therapeutic resource indicated for women who were extremely ill due to gestation or who were considered without the physical conditions to give birth. Based on the analysis of the medical theses produced at the Faculties of Medicine of Bahia and Rio de Janeiro, is note that the surgery is a recommended for a wide gradient of symptoms and diseases, from intractable vomiting, eclampsia hips issues. However, it was not only the accoucheurs supporters of the therapeutic abortion that produced speeches about the uses of this procedure. Religion, justice, and even within the medical field had oppositions to abortion practice. This analysis seeks to demonstrate the argumentative strategies of doctors in favor of abortion as a therapeutic resource against the prohibitions. Despite being a discursive movement, away from the effective practice of medical daily, the discussion in favor of therapeutic abortion led to a significant change in the Penal Code − of 1890 in which the use of necessary abortion was predicted. However, this did not mean a victory for medicalization and medical discourse, since this legislation also provides a penalty for doctors that practice abortion. The medical theses used as main sources in this work in dialogue with the other instances with which doctors discuss therapeutic abortion indicate the complexity of the topic and its controversy as a subject discussed beyond the scope of medicine.FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas GeraisporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em HistóriaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE HISTÓRIAAborto terapêuticoSaúde públicaTeses médicas"O feto que attenta contra sua vida": o aborto como terapia nas teses médicas (1830-1890)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALO feto que attenta contra sua vida -Dissertação Isabela - corrigida e depositada BC ficha ok .pdfO feto que attenta contra sua vida -Dissertação Isabela - corrigida e depositada BC ficha ok .pdfapplication/pdf1332863https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34357/1/O%20feto%20que%20attenta%20contra%20sua%20vida%20-Dissertac%cc%a7a%cc%83o%20Isabela%20-%20corrigida%20e%20depositada%20BC%20ficha%20ok%20.pdf3236710ef5b4ed7c3375780a9a0adadbMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34357/2/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD521843/343572020-11-10 09:41:46.891oai:repositorio.ufmg.br:1843/34357TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-11-10T12:41:46Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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