Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marcus Vinícius Augustus Fernandes Rocha Bernardo
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-9UQNG6
Resumo: Esta pesquisa investiga as possibilidades do uso da fabricação digital em arquiteturas produzidas através de sistemas de produção que não o da indústria da construção, buscando compreender o problema em relação ao conceito de variedade, especialmente como abordado pela cibernética (ASHBY, 1956). A premissa inicial é de que o desenvolvimento da arquitetura de massa, que no Brasil se baseia predominantemente na manufatura capitalista, tende a ter uma geração de variedade muito limitada, com soluções padronizadas e repetidas, devido principalmente ao fato deste sistema ser dividido em uma parte reprodutiva de larga escala e uma pequena parte decisória centralizada. Em suma, a baixa variedade se mostra resultado de uma mútua limitação entre a parte decisória e a reprodutiva, que por sua vez é fruto da concentração do poder de decisão. No entanto, como esta concentração é um elemento essencial do modelo produtivo de quem toma as decisões, o problema da variedade só pode ser tratado em suas ramificações secundárias. A existência de cooperativas que utilizam a mesma organização de trabalho da manufatura demonstra, porém, que a propriedade coletiva dos meios de produção não significa em si a adoção de um processo de trabalho mais dialógico e diverso. Neste sentido, os vários movimentos de colaboração e disseminação do conhecimento em rede, baseados nas tecnologias da informação e comunicação, apontam para novas possibilidades de reversão do processo de concentração do poder decisório que questionam tanto o conceito tradicional de propriedade, quanto a organização tradicional do trabalho (MASTNY et al, 2012). Uma das situações onde os problemas da baixa variedade industrial aparecem de forma extremada é na produção de moradias em favelas e comunidades onde um contexto de alta complexidade, tanto morfológico quanto de organização social, dificulta o uso de ferramentas e processos convencionais de projeto e de construção. Neste contexto, a fabricação digital parece ser uma resposta tecnológica interessante por lidar com flexibilidade e soluções não padronizadas, especialmente se considerarmos a possibilidade de serem produzidas a baixo custo de forma caseira e terem seu uso compartilhado pela comunidade por meio de oficinas comunitárias. Estas possibilidades são avaliadas por meio de uma pesquisa-ação, constatando que o primeiro passo para a reversão de tal controle é promover o diálogo, entre as tecnologias de ponta e as tecnologias de base, e não a aplicação de uma sobre a outra. As oficinas comunitárias se mostraram como potenciais ferramentas para promover este diálogo entre diferentes conhecimentos que encontram-se hoje divididos em diferentes classes sociais.
id UFMG_9048a90f8cd3d843edb959265bfbcd8d
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-9UQNG6
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Jose dos Santos Cabral FilhoDavid Moreno SperlingSandro Canavezzi de AbreuMarcus Vinícius Augustus Fernandes Rocha Bernardo2019-08-10T17:32:22Z2019-08-10T17:32:22Z2014-11-27http://hdl.handle.net/1843/MMMD-9UQNG6Esta pesquisa investiga as possibilidades do uso da fabricação digital em arquiteturas produzidas através de sistemas de produção que não o da indústria da construção, buscando compreender o problema em relação ao conceito de variedade, especialmente como abordado pela cibernética (ASHBY, 1956). A premissa inicial é de que o desenvolvimento da arquitetura de massa, que no Brasil se baseia predominantemente na manufatura capitalista, tende a ter uma geração de variedade muito limitada, com soluções padronizadas e repetidas, devido principalmente ao fato deste sistema ser dividido em uma parte reprodutiva de larga escala e uma pequena parte decisória centralizada. Em suma, a baixa variedade se mostra resultado de uma mútua limitação entre a parte decisória e a reprodutiva, que por sua vez é fruto da concentração do poder de decisão. No entanto, como esta concentração é um elemento essencial do modelo produtivo de quem toma as decisões, o problema da variedade só pode ser tratado em suas ramificações secundárias. A existência de cooperativas que utilizam a mesma organização de trabalho da manufatura demonstra, porém, que a propriedade coletiva dos meios de produção não significa em si a adoção de um processo de trabalho mais dialógico e diverso. Neste sentido, os vários movimentos de colaboração e disseminação do conhecimento em rede, baseados nas tecnologias da informação e comunicação, apontam para novas possibilidades de reversão do processo de concentração do poder decisório que questionam tanto o conceito tradicional de propriedade, quanto a organização tradicional do trabalho (MASTNY et al, 2012). Uma das situações onde os problemas da baixa variedade industrial aparecem de forma extremada é na produção de moradias em favelas e comunidades onde um contexto de alta complexidade, tanto morfológico quanto de organização social, dificulta o uso de ferramentas e processos convencionais de projeto e de construção. Neste contexto, a fabricação digital parece ser uma resposta tecnológica interessante por lidar com flexibilidade e soluções não padronizadas, especialmente se considerarmos a possibilidade de serem produzidas a baixo custo de forma caseira e terem seu uso compartilhado pela comunidade por meio de oficinas comunitárias. Estas possibilidades são avaliadas por meio de uma pesquisa-ação, constatando que o primeiro passo para a reversão de tal controle é promover o diálogo, entre as tecnologias de ponta e as tecnologias de base, e não a aplicação de uma sobre a outra. As oficinas comunitárias se mostraram como potenciais ferramentas para promover este diálogo entre diferentes conhecimentos que encontram-se hoje divididos em diferentes classes sociais.This research investigates the possibilities of using digital manufacturing in architecture produced through production systems other than the construction industry, trying to understand the problem in relation to the concept of variety, especially as addressed by cybernetics (ASHBY, 1956). The initial assumption is that the development of mass architecture, which in Brazil is based predominantly in capitalist manufacture, tends to result in a very limited variety, of repeated and standardized solutions, mainly due to the fact that this system is divided into a reproductive part of large scale and a small part of centralized decision-making. In short, the low variety is the result of a mutual limitation between the operative part and the reproductive, which in turn is a result of the concentration of decision-making power. However, as this concentration is an essential element of the production model of the decision maker, the problem of the variety can only be treated on their secondary branches. The existence of cooperatives that use the same work organization in manufacturing demonstrates, however, that the collective ownership of the means of production does not mean itself the adoption of a more dialogical and diverse work. In this sense, the various movements of collaboration and dissemination of knowledge in networks, based on information and communication technologies, lead to new possibilities of reversing the concentrated decision making process that questions both the traditional concept of ownership, as the traditional organization of labor (Mastny et al, 2012). One of the situations where problems of low industrial diversity appear in an extreme form is the production of housing in slums and communities where a context of high complexity, both morphological as social organization, makes hard the use of industrial processes for design and construction. In this context, the digital manufacturing technology seems to be an interesting answer for dealing with flexibility and non-standard solutions, especially considering the possibility of being produced home at low cost and have shared use through community workshops. These possibilities are evaluated through action research, concluding that the first step to reverse centralized decision is to promote dialogue between the cutting edge technologies and core technologies, and not the application of one over the other. Community workshops are pointed as potential tools for promoting that dialogue between the different skills that are divided into different social classes.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGArquitetura e tecnologiaAutoconstruçãoVariedadeEconomia colaborativaFabricação digitalDa produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favelainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_marcus_vinicius_augustus_fernandes_rocha_bernardo.pdfapplication/pdf9438405https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-9UQNG6/1/disserta__o_marcus_vinicius_augustus_fernandes_rocha_bernardo.pdf0cd409e5324efd1e238a565d78f97676MD51TEXTdisserta__o_marcus_vinicius_augustus_fernandes_rocha_bernardo.pdf.txtdisserta__o_marcus_vinicius_augustus_fernandes_rocha_bernardo.pdf.txtExtracted texttext/plain375460https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-9UQNG6/2/disserta__o_marcus_vinicius_augustus_fernandes_rocha_bernardo.pdf.txtf17fd626e337f7d913bd8aa9106ab17cMD521843/MMMD-9UQNG62019-11-14 06:46:40.905oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-9UQNG6Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T09:46:40Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
title Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
spellingShingle Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
Marcus Vinícius Augustus Fernandes Rocha Bernardo
Autoconstrução
Variedade
Economia colaborativa
Fabricação digital
Arquitetura e tecnologia
title_short Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
title_full Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
title_fullStr Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
title_full_unstemmed Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
title_sort Da produção industrial à convencional: uma experiência com fabricação digital e compartilhamento na favela
author Marcus Vinícius Augustus Fernandes Rocha Bernardo
author_facet Marcus Vinícius Augustus Fernandes Rocha Bernardo
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Jose dos Santos Cabral Filho
dc.contributor.referee1.fl_str_mv David Moreno Sperling
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Sandro Canavezzi de Abreu
dc.contributor.author.fl_str_mv Marcus Vinícius Augustus Fernandes Rocha Bernardo
contributor_str_mv Jose dos Santos Cabral Filho
David Moreno Sperling
Sandro Canavezzi de Abreu
dc.subject.por.fl_str_mv Autoconstrução
Variedade
Economia colaborativa
Fabricação digital
topic Autoconstrução
Variedade
Economia colaborativa
Fabricação digital
Arquitetura e tecnologia
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Arquitetura e tecnologia
description Esta pesquisa investiga as possibilidades do uso da fabricação digital em arquiteturas produzidas através de sistemas de produção que não o da indústria da construção, buscando compreender o problema em relação ao conceito de variedade, especialmente como abordado pela cibernética (ASHBY, 1956). A premissa inicial é de que o desenvolvimento da arquitetura de massa, que no Brasil se baseia predominantemente na manufatura capitalista, tende a ter uma geração de variedade muito limitada, com soluções padronizadas e repetidas, devido principalmente ao fato deste sistema ser dividido em uma parte reprodutiva de larga escala e uma pequena parte decisória centralizada. Em suma, a baixa variedade se mostra resultado de uma mútua limitação entre a parte decisória e a reprodutiva, que por sua vez é fruto da concentração do poder de decisão. No entanto, como esta concentração é um elemento essencial do modelo produtivo de quem toma as decisões, o problema da variedade só pode ser tratado em suas ramificações secundárias. A existência de cooperativas que utilizam a mesma organização de trabalho da manufatura demonstra, porém, que a propriedade coletiva dos meios de produção não significa em si a adoção de um processo de trabalho mais dialógico e diverso. Neste sentido, os vários movimentos de colaboração e disseminação do conhecimento em rede, baseados nas tecnologias da informação e comunicação, apontam para novas possibilidades de reversão do processo de concentração do poder decisório que questionam tanto o conceito tradicional de propriedade, quanto a organização tradicional do trabalho (MASTNY et al, 2012). Uma das situações onde os problemas da baixa variedade industrial aparecem de forma extremada é na produção de moradias em favelas e comunidades onde um contexto de alta complexidade, tanto morfológico quanto de organização social, dificulta o uso de ferramentas e processos convencionais de projeto e de construção. Neste contexto, a fabricação digital parece ser uma resposta tecnológica interessante por lidar com flexibilidade e soluções não padronizadas, especialmente se considerarmos a possibilidade de serem produzidas a baixo custo de forma caseira e terem seu uso compartilhado pela comunidade por meio de oficinas comunitárias. Estas possibilidades são avaliadas por meio de uma pesquisa-ação, constatando que o primeiro passo para a reversão de tal controle é promover o diálogo, entre as tecnologias de ponta e as tecnologias de base, e não a aplicação de uma sobre a outra. As oficinas comunitárias se mostraram como potenciais ferramentas para promover este diálogo entre diferentes conhecimentos que encontram-se hoje divididos em diferentes classes sociais.
publishDate 2014
dc.date.issued.fl_str_mv 2014-11-27
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-10T17:32:22Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-10T17:32:22Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/MMMD-9UQNG6
url http://hdl.handle.net/1843/MMMD-9UQNG6
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-9UQNG6/1/disserta__o_marcus_vinicius_augustus_fernandes_rocha_bernardo.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-9UQNG6/2/disserta__o_marcus_vinicius_augustus_fernandes_rocha_bernardo.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 0cd409e5324efd1e238a565d78f97676
f17fd626e337f7d913bd8aa9106ab17c
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589392202203136