Percepção da qualidade de vida relacionada à visão e sintomas de depressão em pacientes com retinocoroidite supostamente toxoplásmica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jacqueline Souza Dutra
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-AJJLWF
Resumo: Introdução: A retinocoroidite é a principal manifestação clínica da toxoplasmose e pode impactar na função visual e na qualidade de vida relacionada visão (QVRV). Existem poucos estudos de QVRV em indivíduos com este agravo, com resultados conflitantes. Estudos também apontam para associação entre a toxoplasmose e alterações neuropsiquiátricas. Objetivo: Investigar a percepção da QVRV e a prevalência/gravidade de sintomas depressivos em pacientes com retinocoroidite supostamente toxoplásmica (RT) atendidos em serviço de referência. Método: Estudo transversal, realizado no Setor de Uveíte do Hospital São Geraldo/HC-UFMG com 207 pacientes com RT e 211 controles, pareados por idade, sexo e perfil socioeconômico, no período de setembro de 2014 a setembro de 2015. Dados de QVRV, sintomas depressivos, clínicos oftalmológicos e demográficos foram coletados, tabulados pelo software EpiData e analisados pelo SPSS usando estatística descritiva e analítica com p< 0,05. Resultados: Foram incluídos 190 com RT (50,3%) e 188 controles (49,7%). Todos os 190 pacientes e 56,0% (102/182) dos indivíduos do grupo controle tinham anticorpos IgG para o T. gondii. Dos pacientes, 63/188 (33,5%) mostraram acuidade visual (AV) 20/200 em um dos olhos. As lesões por RT eram bilaterais em 56/189 (29,6%), maculares em 60/188 (31,9%) e ativas em 98/188 (52,1%). Recidivas foram relatadas/evidenciadas por 99/188 (52,7%). Dentre os indivíduos do grupo controle, apenas 2/188(1,1%) tinham AV <20/63 e >20/200 em um dos olhos e 3/188(1,6%) tinham visão monocular. As pontuações da QVRV para todas as subescalas foram significativamente mais baixas em indivíduos com RT, quando comparados aos controles. Os menores escores de QVRV nos pacientes foram particularmente associados ao sexo feminino (p=0,004), histórico de recidiva (p=0,02), uso concomitante de corticosteroide sistêmico (p=0,008), visão monocular (p <0,001) e cegueira (AV 20/200 no melhor olho) (p <0,001). Indivíduos com lesões ativas, bilaterais ou maculares também tiveram escores QVRV mais baixos, mas com resultados não significativos (p>0,05). Controles soropositivos e soronegativos para toxoplasmose tiveram escores de QVRV (p=0,983) e de sintomas de depressão (p=0,238) semelhantes. Conclusão: A RT afeta a QVRV em indivíduos brasileiros, particularmente em mulheres, utilizando corticosteroides sistêmicos, com comprometimento da função visual e recidivas da RT. Cerca de um terço dos pacientes com RT tinha evidência de sintomas depressivos, que também se associou a escores de QVRV inferiores. Investigação neuropsiquiátrica pode ser justificada nestes indivíduos.
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Dados de QVRV, sintomas depressivos, clínicos oftalmológicos e demográficos foram coletados, tabulados pelo software EpiData e analisados pelo SPSS usando estatística descritiva e analítica com p< 0,05. Resultados: Foram incluídos 190 com RT (50,3%) e 188 controles (49,7%). Todos os 190 pacientes e 56,0% (102/182) dos indivíduos do grupo controle tinham anticorpos IgG para o T. gondii. Dos pacientes, 63/188 (33,5%) mostraram acuidade visual (AV) 20/200 em um dos olhos. As lesões por RT eram bilaterais em 56/189 (29,6%), maculares em 60/188 (31,9%) e ativas em 98/188 (52,1%). Recidivas foram relatadas/evidenciadas por 99/188 (52,7%). Dentre os indivíduos do grupo controle, apenas 2/188(1,1%) tinham AV <20/63 e >20/200 em um dos olhos e 3/188(1,6%) tinham visão monocular. As pontuações da QVRV para todas as subescalas foram significativamente mais baixas em indivíduos com RT, quando comparados aos controles. Os menores escores de QVRV nos pacientes foram particularmente associados ao sexo feminino (p=0,004), histórico de recidiva (p=0,02), uso concomitante de corticosteroide sistêmico (p=0,008), visão monocular (p <0,001) e cegueira (AV 20/200 no melhor olho) (p <0,001). Indivíduos com lesões ativas, bilaterais ou maculares também tiveram escores QVRV mais baixos, mas com resultados não significativos (p>0,05). Controles soropositivos e soronegativos para toxoplasmose tiveram escores de QVRV (p=0,983) e de sintomas de depressão (p=0,238) semelhantes. Conclusão: A RT afeta a QVRV em indivíduos brasileiros, particularmente em mulheres, utilizando corticosteroides sistêmicos, com comprometimento da função visual e recidivas da RT. Cerca de um terço dos pacientes com RT tinha evidência de sintomas depressivos, que também se associou a escores de QVRV inferiores. Investigação neuropsiquiátrica pode ser justificada nestes indivíduos.Introduction: Retinochoroiditis is the main clinical manifestation of toxoplasmosis and may impact on visual function and vision-related quality of life (VRQL). There are few studies of VRQL in these individuals, with conflicting results. Recent evidence also points to the association between toxoplasmosis and neuropsychiatric disorders. Objective: To investigate individual perception on VRQL and prevalence/severity of depression in patients with toxoplasmic retinochoroiditis (TR) seen at a uveitis referral center in Brazil. Methods: Comparative observational cross-sectional study. NEI-VFQ-25 and BDI-II questionnaires were applied to respectively assess VRQL and depression in 207 individuals with TR seen at the Uveitis Unit of Hospital São Geraldo/HC-UFMG and 211 controls between September/2014 and June/2015. Clinical and demographical data were collected during the same visit. Epidata and SPSS softwares were used for descriptive and analytic statistics, with p<0.05. Results: 190 individuals with TR (50.3%) and 188 paired controls (49,7%) were eventually included in the study. All 190 patients with TR and 102/182 (56.0%) control individuals had serum IgG antibodies to T. gondii. Among patients with TR, 63/188 (33.5%) had best corrected visual acuity (BCVA) 20/200 in one eye. TR was bilateral in 56/189 (28.8%), macular in 60/188 (31.9%) and active in 98/188(52.1%). Prior recurrences of TR were reported by 99/188 (52.7%). Among controls, only 2/188 (1.1%) had BCVA <20/63 and >20/200 in one eye; monocular vision was noted in 1.6% (3/188). VRQL scores for all subscales were significantly lower in individuals with TR when compared to controls. These lower VRQL scores were particularly associated with female sex (p=0.004), history of prior TR recurrences (p=0.02), concomitant use of systemic corticosteroids (p=0.008), monocular vision (p<0.001) and blindness (BCVA 20/200 in the better-seeing eye) p<0.001. Individuals with active, bilateral or macular TR also had lower VRQL scores, although not statistically significant (p>0.05). Depression was more prevalent among patients with TR (55/189; 29.1%) than among controls (35/188; 18.6%)p=0,023, also being associated with lower VRQL scores (p<0.001). Controls seropositive and seronegative for toxoplasmosis had similar VRQL scores (p=0.983) as well as comparable rates of depression (p=0.238). Conclusion: TR affects VRQL in Brazilian individuals, particularly in women, using systemic corticosteroids, with significant visual dysfunction and recurrences of TR. Nearly one third of patients with TR had evidence of depression, which was also associated with lower VRQL scores. Neuropsychiatric assessment of these individuals may be warranted.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGCoriorretiniteDepressãoUveíteQualidade de vidaPerfil de impacto da doençaToxoplasmose ocularToxoplasmoseInquéritos e questionáriosOftalmologiaDepressãoUveíteQualidade de vidaToxoplasmose ocularPercepção da qualidade de vida relacionada à visão e sintomas de depressão em pacientes com retinocoroidite supostamente toxoplásmicainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALjacqueline_s_d_arruda_dissertac_a_o_final_2016.pdfapplication/pdf2618385https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-AJJLWF/1/jacqueline_s_d_arruda_dissertac_a_o_final_2016.pdf5524f9877d3b502e4f809a99baa69623MD51TEXTjacqueline_s_d_arruda_dissertac_a_o_final_2016.pdf.txtjacqueline_s_d_arruda_dissertac_a_o_final_2016.pdf.txtExtracted texttext/plain149602https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-AJJLWF/2/jacqueline_s_d_arruda_dissertac_a_o_final_2016.pdf.txt040e966e841aa3504865f11e21e15fffMD521843/BUOS-AJJLWF2023-05-08 14:56:54.449oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-AJJLWFRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-05-08T17:56:54Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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