Muçulmanos na França: formação de uma minoria e desafios para sua integração

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Daniela Portella Sampaio
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/EJAO-8KBK5C
Resumo: Este trabalho consiste em uma análise do processo integrativo dos muçulmanos na França. No momento de sua chegada, o caráter econômico da migração, o estabelecimento do grupo em moradias provisórias e afastadas dos grandes centros e a não-intenção da permanência marcaram o modo como o grupo foi recebido pela sociedade e como ele se percebia nela. Com o fim do programa migratório em 1974, os muçulmanos decidem permanecer no país e o reagrupamento familiar acarreta o crescimento do seu contingente no hexágono, constituindo-o como uma minoria. A França, tradicionalmente, conforma uma assimilação formal e substantiva de populações estrangeiras no espaço de duas gerações, desta forma, as segundas e terceiras gerações desses imigrantes tornam-se francesas juridicamente, vinculando-se ao Estado como cidadãos. Porém, a assimilação substantiva do grupo pela escola não se apresenta efetiva. A não-integração do grupo é observável na dispersão política e na falta de representantes legítimos, nas altas taxas de desemprego e criminalidade, e na baixa escolaridade. Essa marginalização política e sócio-econômica é agravada pela não-identificação com a nação e os valores franceses. O Islã passa a ser apropriado culturalmente, por aqueles que ainda não se sentem vinculados plenamente à nação e por aqueles que se sentem discriminados na sociedade. A França defende seu modelo assimilacionista de integração, por ele propor uma assimilação através do não-reconhecimento das diferenças. O laïcité viria então reforçar a identidade nacional republicana, determinando o seu caráter não religioso. Porém, a própria França conviviria com dois sistemas de identidade, onde a identidade diferencialista das regiões não-centrais substanciaria a identidade nacional universalista. Este paradoxo seria um traço inerente da nação francesa e ao lidar atualmente com a minoria muçulmana, esta colocaria um dilema para a continuidade dessa estrutura identitária nacional do país, pois representaria o novo foco diferencialista da nação. Os desdobramentos desta interação levarão a integração ou não da minoria no país.
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A França, tradicionalmente, conforma uma assimilação formal e substantiva de populações estrangeiras no espaço de duas gerações, desta forma, as segundas e terceiras gerações desses imigrantes tornam-se francesas juridicamente, vinculando-se ao Estado como cidadãos. Porém, a assimilação substantiva do grupo pela escola não se apresenta efetiva. A não-integração do grupo é observável na dispersão política e na falta de representantes legítimos, nas altas taxas de desemprego e criminalidade, e na baixa escolaridade. Essa marginalização política e sócio-econômica é agravada pela não-identificação com a nação e os valores franceses. O Islã passa a ser apropriado culturalmente, por aqueles que ainda não se sentem vinculados plenamente à nação e por aqueles que se sentem discriminados na sociedade. A França defende seu modelo assimilacionista de integração, por ele propor uma assimilação através do não-reconhecimento das diferenças. O laïcité viria então reforçar a identidade nacional republicana, determinando o seu caráter não religioso. Porém, a própria França conviviria com dois sistemas de identidade, onde a identidade diferencialista das regiões não-centrais substanciaria a identidade nacional universalista. Este paradoxo seria um traço inerente da nação francesa e ao lidar atualmente com a minoria muçulmana, esta colocaria um dilema para a continuidade dessa estrutura identitária nacional do país, pois representaria o novo foco diferencialista da nação. Os desdobramentos desta interação levarão a integração ou não da minoria no país.This work consists at analyzing the integrative process of Muslims in France. At the moment of their arrival, the economical character of immigration, the group establishment in provisory and distant livelihoods, and the non-intentionality of their staying marked the way the group was received by the society and how it perceived itself. With the end of the migratory program in 1974, the Muslims decided to stay at the country and the familiar regrouping led to the Muslim population growth, constituting it as a minority. France, traditionally, assimilates formally and substantively foreign people in two generations. Therefore, the second and third generations of these immigrants became juridical French, being bonded to the State as citizens. However, the substantive assimilation by the school didn.t seem effective. The non-integration is observable by the political scatter and the lack of legitimate representation; by the high rates of unemployment and criminality, and by the low educational level of the group. This political and socio-economical marginalization is more deteriorated by the non-identification with the nation and with the French national values. Thus, the Islam becomes culturally absorbed by those who don.t feel totally bonded to the nation, and by those who feel discriminated by the society. France defends its assimilationist mode of integration because it proposes assimilation through the non-recognition of difference and the laicite reinforces the national republican identity, determining its non-religious feature. However, France has always managed two identity systems, where the Differentialist identity from peripherical regions offered substance to the Universalist national identity. This paradox would be an inherent feature of French nation. Nowadays, France faces a challenge to the continuity of this national identity structure because it needs to deal with a Muslim minority that represents the new source of differentialism in the nation. The outcomes of this interaction will lead to the integration (or not) of this minority in the country.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGSociologiaMuçulmanos FrançaMinoriasAssimilação (Sociologia)MinoriaIslãFrançaAssimilaçãoMuçulmanosIntegraçãoMuçulmanos na França: formação de uma minoria e desafios para sua integraçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_daniela_portella_sampaio.pdfapplication/pdf2265667https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/EJAO-8KBK5C/1/disserta__o_daniela_portella_sampaio.pdf7fbb74620a439435c1186caab5c34168MD51TEXTdisserta__o_daniela_portella_sampaio.pdf.txtdisserta__o_daniela_portella_sampaio.pdf.txtExtracted texttext/plain444150https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/EJAO-8KBK5C/2/disserta__o_daniela_portella_sampaio.pdf.txtc0c2c4f654f1409b2079fd11749e6cf0MD521843/EJAO-8KBK5C2019-11-14 09:20:47.595oai:repositorio.ufmg.br:1843/EJAO-8KBK5CRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T12:20:47Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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