A recepção do Concílio Vaticano II na Província Marista de São Paulo : a adaptação da identidade da vida religiosa e da educação católica (1967-1986)

• Autor(a) principal: Adriano Cecatto
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/36193; https://orcid.org/0000-0003-4432-8764
• topic: Modernidade; Concílio Vaticano II; Recepção; Educação Católica

O Instituto Marista é uma congregação religiosa de Irmãos que surgiu em 1817 com o propósito de atender às demandas de educação com as escolas municipais, no interior da França. Em 1897, esse instituto chegou ao Brasil e organizou-se em províncias ao longo do século XX. Entre as províncias brasileiras, havia a Província Marista de São Paulo (1958-2002), cujos religiosos trabalharam predominantemente com a educação escolar em colégios privados. Por meio do Concílio Vaticano II (1962-1965), a Igreja Católica Romana solicitou a atualização dos institutos religiosos e da educação, que ocorreu de maneira processual e com distintos ritmos entre as instituições e sujeitos. O principal objetivo desta tese é investigar a recepção do Concílio Vaticano II na Província Marista de São Paulo, de 1967 a 1986. A análise busca confrontar as experiências dos Capítulos Gerais com as expectativas da Província Marista de São Paulo para a compreensão das experiências históricas que condicionaram os Irmãos Maristas num período em que lhes foi exigida a renovação da vida religiosa e de suas escolas. O referencial teórico-metodológico fundamenta-se nos conceitos de recepção (Gilles Routhier) e de modernidade (Reinhart Koselleck). As contribuições de Reinhart Koselleck ensejam uma análise da relação dos Irmãos Maristas com a modernidade com suporte nas categorias “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”. São duas categorias meta-históricas para a apreensão do tempo histórico. O escopo documental desta pesquisa é constituído por fontes oficiais, eclesiásticas e privadas, organizadas e administradas pelo Instituto Marista. A recepção do Concílio Vaticano II constituiu-se sob variadas bases hermenêuticas e caracterizou-se por sua criatividade e seletividade, o que é observado na relação entre a atualização proposta pelos documentos e as mudanças práticas na organização da província. Na oficialidade de seus documentos, a Província Marista de São Paulo seguiu as orientações para a inserção dos religiosos entre os pobres, nas missões e nas pastorais eclesiais. Ante as exigências da renovação, houve resistência dos religiosos, e as suas lideranças optaram por conciliar dois caminhos para o apostolado: permanecer nos colégios e inserir-se progressivamente entre os pobres. Se, por um lado, ocorreu uma lenta adaptação da vida religiosa dos Irmãos (recrutamento, formação, vida comunitária), por outro, atualizaram os colégios em conformidade com as leis de educação do País, dialogaram com as tendências pedagógicas, incluíram professores leigos, implantaram a educação mista e se ajustaram à concorrência do mercado educacional.