Iconographia spiritualis: arte paleocristã e simbolismo funerário em um fragmento tumular na Basílica de Santa Agnese Fuori Le Mura em Roma - 370-440

• Autor(a) principal: Claudio Monteiro Duarte
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AFALNB
• topic: Antiguidade Tardia; Escultura funerária; Sarcófagos romanos; Iconografia paleocristã; História; Arte antiga; Arte e religião; Escultura

Esta tese estuda o fragmento de uma lastra funerária conservada na Basílica de Santa Agnese fuori le mura, em Roma. Trata-se de um retângulo de mármore destinado a cobrir um túmulo escavado na parede de uma catacumba. O objeto é datado, segundo se acredita, do final do século IV ou do início do V, e foi confeccionado de modo a se assemelhar à frente de um sarcófago. Sobre o objeto foram esculpidos relevos com simbologia cristã e motivos decorativos, e se mesclam aspectos derivados do passado romano pagão com elementos novos, especificamente inventados para um público cristão. Através do estudo aprofundado de cada uma das características iconográficas e formais desses relevos, buscou-se um maior conhecimento da arte paleocristã, do processo de sua formação e desenvolvimento, de sua relação com a tradição intelectual e artística pré-cristã e com os processos culturais, políticos e religiosos em curso no mundo romano ao longo do século IV. Por meio do levantamento e da discussão de toda a fortuna crítica sobre a peça, foi possível perceber o processo de formação da Arqueologia e da História da arte paleocristã, trazendo à luz a tradição secular das ferramentas eruditas da área, possibilitando uma discussão a respeito das suas controvérsias historiográficas atuais. Como o costume de se sepultar em sarcófagos de mármore era uma forte tradição na sociedade romana, depois adotada pela população cristã, o estudo detalhado desses monumentos funerários, pagãos e cristãos, pode levar não só a um melhor conhecimento das transformações da escultura funerária antiga, mas também revelar aspectos importantes das crenças e das expectativas em relação à morte na cultura tardo-antiga. Por fim, através do confronto de textos antigos, que revelassem mudanças no modo de se encarar a vida espiritual, com a emergência de novas tradições figurativas, buscaram-se evidências do desenvolvimento de uma cultura visual especificamente cristã, nova em relação ao passado clássico-helenístico, mas preservando alguns de seus elementos mais sutis.