Violência autoinfligida em Betim: tentativas de suicídio e fatores associados

• Main Author: Ana Maria Barros Peres
• Publication Date: 2017
• Format: Master thesis
• Language: por
• Source: Repositório Institucional da UFMG
• Download full: http://hdl.handle.net/1843/31710
• topic: Tentativas de Suicídio; Fatores associados; Suicídio; Betim-MG; Prevenção do suicídio e tentativas; Tentativa de Suicídio; Violência; Suicídio; Indicadores de Morbimortalidade; Estudos transversais; Dissertação acadêmica

O atual cenário da Saúde Pública se depara, no Brasil e no mundo, com o fenômeno que o desafia: a violência. O suicídio é uma das formas de violência e, no mundo há mais óbitos por suicídio do que por guerra e homicídio. Nos últimos anos, o suicídio teve aumento significativo nos países de média e baixa renda e a maioria dos países não possui estratégia de prevenção. O objetivo deste trabalho foi estudar o perfil de morbimortalidade da violência autoinfligida, especificamente, tentativas de suicídio, em Betim-MG. Foi realizada abordagem psicossocial, dialogando com diferentes formulações teóricas: Émile Durkheim,Sigmund Freud e Neury José Botega. Método: pesquisa transversal, do tipo inquérito domiciliar, de base populacional, intitulada Saúde e Violência (SAUVI), realizada, em 2014 e 2015, pelo Programa de Pós-Graduação de Promoção de Saúde e Prevenção da Violência, no município Betim-MG. As variáveis dependentes: tentativas de suicídio pelo entrevistado; tentativas de suicídio por alguém da casa/família; meio utilizado e motivo. As variáveis explicativas: sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade, estado civil, cor, renda, renda familiar, ocupação); cultura (religião, tipos de participação em grupos, tipos de violência); doenças (câncer, depressão, ansiedade/outro problema psiquiátrico), drogas, medicamento para dormir e ingestão alcoólica; e outros tipos de violência. Foram feitas análises descritiva, com distribuição de frequência, bivariada e multivariadas, a saber, modelo de regressão logística e análise de correspondência. Resultados: verificou-se a associação de tentativas de suicídio pelo entrevistado (p< 0,05) com: sexo, renda, ocupação, participação em grupos de autoajuda (alcoólicos anônimos), falta de acesso a direito social; diferentes tipos de violência, distúrbios emocionais/mentais e uso de medicamento para dormir; verificou-se associação de tentativas de suicídios por familiares com renda familiar baixa e com outros tipos de violência. O modelo final de regressão logística mostrou associação com as variáveis sexo, tomar remédio para dormir e a não participação em grupos, tais como, ONGs, grupos religiosos. A análise de correspondência mostrou associação maior dos entrevistados que tentaram suicídio devido a tristeza/depressão com o sexo feminino e com histórico de suicídio na família; as tentativas de suicídio por crise financeira tiveram associação com o sexo feminino, sem histórico de suicídio na família e com o sexo masculino, com registro de suicídio na família. As tentativas de suicídio dos entrevistados devido a crise familiar tiveram maior associação com o sexo masculino sem registro de suicídio na família, ocorrendo associação maior quando se usava objeto perfurocortante/arma de fogo ; envenenamento/intoxicação/outros se associou com o sexo feminino independente do histórico familiar; entrevistados do sexo masculino e com registro de suicídio na família mostraram mais associados com tentativas de suicídio por enforcamento/pular de lugar alto. Conclui-se que as tentativas de suicídio se associam com vários fatores, o que abre possibilidades para sua abordagem e prevenção.