Caracterizações sociodemográficas dos domicílios poligâmicos e não poligâmicos no Benim, em 2013; Burkina Faso, em 2006; e Togo, em 2010.

• Autor(a) principal: Abdoul Razack Mamoudou
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/52603
• topic: Demografia da poligamia; Fecundidade; Mortalidade; Família; Casamento; Poligamia; Fecundidade; Demografia

Nos países africanos, como em outras regiões do mundo, convivem diferentes regimes demográficos e estágios da transição demográfica, apesar de ser reconhecida a responsabilidade da região, exclusivamente a África Subsaariana na maior parte do crescimento da população mundial nas próximas décadas. No entanto, o contexto da África francófona apresenta tanto no ritmo, quanto na trajetória, heterogeneidades importantes nas variáveis demográficas. Além disso, há aspectos culturais que impõem na sociedade certas práticas e comportamentos que podem moldar os dinamismos demográficos. Por exemplo, os casamentos, que têm muitas vezes a finalidade de procriação, podem afetar os comportamentos da fecundidade e da mortalidade em uma sociedade. Na maior parte da literatura demográfica sobre essa região, muitos tentam descartar o peso do complexo diferencial cultural para se discutir as tendências. Por isso, o objetivo deste trabalho foi caracterizar as mulheres nos domicílios poligâmicos de países fronteiriços (Benim, Togo e Burkina Faso) no que tange às suas características sociodemográficas e culturais considerando as regiões e subdivisões administrativas nos últimos censos demográficos disponíveis de cada país. Partido disso, definiram-se os seguintes objetivos específicos: revisar as abordagens teóricas sobre a poligamia; analisar as proporções de mulheres polígamas, assim como a distribuição no território levando em conta as variáveis sociodemográficas e subdivisões administrativas (Benim, Burkina Faso e Togo); e analisar o possível impacto da prática nas características sociodemográficas. A pesquisa usou dados do Ipums-I de 2013, 2006 e 2010, respectivamente, do Benim, Burkina Faso e Togo para análises descritivas e exploratórias. Os resultados revelam que há uma predominância de mulheres não polígamas em relação às mulheres polígamas em todas as faixas etárias no Benim e Togo, exceto na idade avançada em Burkina Faso. Ressalta-se uma desproporcionalidade na prática da poligamia tanto nos países quanto nos níveis sub-regionais. Ou seja, a poligamia apresenta proporções distintas, sendo mais elevada em Burkina Faso, em seguida no Benim, e, por último, no Togo. Além disso, as mulheres polígamas têm um perfil socioeconômico, domiciliar e educacional mais baixo comparado ao perfil das não polígamas. Por exemplo, além de todos os países apresentarem predominâncias de mulheres polígamas na zona rural e com ensino primário incompleto, as proporções de mulheres polígamas eram maiores para aquelas que não possuíam eletricidade, esgoto, televisão e banheiro. Enquanto isso, os comportamentos das mulheres a partir das curvas das Taxas Específicas de Fecundidade Marital no Benim e em Burkina Faso são bem parecidos e se divergem das mulheres do Togo, pois a curva de TEFM das polígamas no Togo ficou a um nível abaixo e descolado daquela das monógamas. Enquanto isso, as curvas do Benim e Burkina Faso ficaram bem próximas e coladas com quase o mesmo nível entre essas mulheres. Enfim, a prática está associada às variáveis sociodemográficas. Essa associação foi negativa para os grupos etários, os níveis de educação, a religião cristã e para algumas sub-regiões; consequentemente, as razões de chances se diferem. Pode-se dizer que o fato de ser cristã, ter um filho vivo, possuir eletricidade, banheiro, ou saber ler e escrever, por exemplo, reduz a razão da chance de ser polígama. Contudo, os modelos indicaram que tanto as variáveis de caraterísticas domiciliares, religiosos, socioeconômico e sub-regionais tiveram associações positivas ou negativas na poligamia.