Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vívian Tatiene Nunes Campos
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/58782
https://orcid.org/0000-0002-8897-3346
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo compreender, a partir de perspectiva interseccional, de que forma as mães de crianças com microcefalia representaram sua experiência por meio de postagens em uma página do Facebook criada e gerenciada por elas mesmas. O objeto empírico da investigação é a página da União de Mães de Anjos (UMA) de Pernambuco. Como arcabouço teórico e conceitual, a pesquisa baseou-se na comunicação praxiológica; na transversalidade entre comunicação e saúde; e na interseccionalidade. O conceito de experiência, a partir de Dewey (1980) e Collins (2019a), e o de representação, de acordo com as reflexões de Hall (2016) e Borges (2012), foram acionados para a observação e análise do material. As reflexões sobre concepções históricas sobre a maternidade e o cuidado foram essenciais para a pesquisa. Enquanto autoras do feminismo hegemônico podem retratar a maternidade como um fator de limitação e opressão, e têm na defesa ao direito ao aborto uma de suas mais importantes reivindicações, autoras feministas negras complexificam essa questão, destacando outras problemáticas e camadas sobre os direitos reprodutivos e especificidades da maternidade no entrecruzamento de raça, gênero e classe. Na reflexão sobre a experiência dessas mulheres, que são, em sua maioria, negras, em idade fértil, empobrecidas e nordestinas, consideramos ainda outros eixos de opressão, trazendo discussões sobre deficiência e capacitismo, bem como sobre o racismo ambiental. No processo de construção metodológica, adotamos como referência a análise de conteúdo, a partir da proposta de Bardin (2002), para apreender nosso corpus, que foi também atravessada pela perspectiva interseccional. Como resultado da pesquisa, observamos nos enquadramentos uma ressignificação da experiência com o sofrimento, configurando a maternidade enquanto uma missão divina, destinada a mães que são escolhidas, as mães de anjos. Os dados mostraram que o grupo evitou retratar as mães enquanto pessoas vulneráveis, abandonadas pelos companheiros, o que poderia reforçar o estereótipo social de vitimização e mais estigmatização. As mães de crianças de microcefalia assumem um papel político pela organização, apoio mútuo e reivindicação de seus direitos ao poder público. O grupo num contexto político-religioso conservador, buscou representar as mulheres enquanto mães de anjos e guerreiras, em razão da particularidade do cuidado de crianças com microcefalia e do enfrentamento da sobrecarga física e emocional relacionada a esse trabalho e a essa função, entendidos por elas como missão.
id UFMG_93c8bee642be19817812f9803a477337
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/58782
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Laura Guimarães Corrêahttp://lattes.cnpq.br/9199148893356289Maria Aparecida MouraVanessa Veiga de OliveiraTamires Ferreira CoêlhoMárcia Maria da Cruzhttp://lattes.cnpq.br/0376932049958861Vívian Tatiene Nunes Campos2023-09-19T15:32:14Z2023-09-19T15:32:14Z2023-07-14http://hdl.handle.net/1843/58782https://orcid.org/0000-0002-8897-3346Esta pesquisa teve como objetivo compreender, a partir de perspectiva interseccional, de que forma as mães de crianças com microcefalia representaram sua experiência por meio de postagens em uma página do Facebook criada e gerenciada por elas mesmas. O objeto empírico da investigação é a página da União de Mães de Anjos (UMA) de Pernambuco. Como arcabouço teórico e conceitual, a pesquisa baseou-se na comunicação praxiológica; na transversalidade entre comunicação e saúde; e na interseccionalidade. O conceito de experiência, a partir de Dewey (1980) e Collins (2019a), e o de representação, de acordo com as reflexões de Hall (2016) e Borges (2012), foram acionados para a observação e análise do material. As reflexões sobre concepções históricas sobre a maternidade e o cuidado foram essenciais para a pesquisa. Enquanto autoras do feminismo hegemônico podem retratar a maternidade como um fator de limitação e opressão, e têm na defesa ao direito ao aborto uma de suas mais importantes reivindicações, autoras feministas negras complexificam essa questão, destacando outras problemáticas e camadas sobre os direitos reprodutivos e especificidades da maternidade no entrecruzamento de raça, gênero e classe. Na reflexão sobre a experiência dessas mulheres, que são, em sua maioria, negras, em idade fértil, empobrecidas e nordestinas, consideramos ainda outros eixos de opressão, trazendo discussões sobre deficiência e capacitismo, bem como sobre o racismo ambiental. No processo de construção metodológica, adotamos como referência a análise de conteúdo, a partir da proposta de Bardin (2002), para apreender nosso corpus, que foi também atravessada pela perspectiva interseccional. Como resultado da pesquisa, observamos nos enquadramentos uma ressignificação da experiência com o sofrimento, configurando a maternidade enquanto uma missão divina, destinada a mães que são escolhidas, as mães de anjos. Os dados mostraram que o grupo evitou retratar as mães enquanto pessoas vulneráveis, abandonadas pelos companheiros, o que poderia reforçar o estereótipo social de vitimização e mais estigmatização. As mães de crianças de microcefalia assumem um papel político pela organização, apoio mútuo e reivindicação de seus direitos ao poder público. O grupo num contexto político-religioso conservador, buscou representar as mulheres enquanto mães de anjos e guerreiras, em razão da particularidade do cuidado de crianças com microcefalia e do enfrentamento da sobrecarga física e emocional relacionada a esse trabalho e a essa função, entendidos por elas como missão.This research aimed to understand, from an intersectional perspective, how mothers of children with microcephaly represented their experience through posts on a Facebook page created and managed by themselves. The empirical object of the investigation is the page União de Mães de Anjos (UMA) of Pernambuco. As a theoretical and conceptual framework, the research was based on praxiological communication; the transversality between communication and health; and intersectionality. The concept of experience, from Dewey (1980) and Collins (2019a), and that of representation, according to the reflections of Hall (2016) and Borges (2012), were used for the observation and analysis of the material. Reflections on historical conceptions of motherhood and care were essential for the research. While hegemonic feminist authors may portray motherhood as a limiting and oppressive factor, and have the defense of the right to abortion as one of their most important claims, black feminist authors complicate this issue, highlighting other issues and layers of reproductive rights and specificities of motherhood at the crossroads of race, gender and class. In reflecting on the experience of these women, who are mostly black, of childbearing age, impoverished and from the Northeast, we also consider other axes of oppression, bringing discussions about disability and ableism, as well as about environmental racism. In the process of methodological construction, we adopted content analysis as a reference, based on Bardin's proposal (2002), to apprehend our corpus, which was also crossed by the intersectional perspective. As a result of the research, we observed in the framings a resignification of the experience with suffering, configuring motherhood as a divine mission, destined to mothers who are chosen, the mothers of angels. Data showed that the group avoided portraying mothers as vulnerable people, abandoned by their partners, which could reinforce the social stereotype of victimization and further stigmatization. Mothers of children with microcephaly assume a political role through organization, mutual support and claiming their rights to public authorities. The group, in a conservative political-religious context, sought to represent women as mothers of angels and warriors, due to the particularity of caring for children with microcephaly and coping with the physical and emotional overload related to this work and this function, understood by them as a mission.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Comunicação SocialUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIALComunicação - TesesMaternidade - TesesInterseccionalidade (Sociologia) - TesesZika virus - TesesMaternidadeInterseccionalidadeComunicação e saúdeZika vírusMães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebookinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALMÃES DE ANJOS E GUERREIRAS a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook.pdfMÃES DE ANJOS E GUERREIRAS a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook.pdfapplication/pdf6127093https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58782/1/M%c3%83ES%20DE%20ANJOS%20E%20GUERREIRAS%20a%20representa%c3%a7%c3%a3o%20da%20maternidade%20de%20m%c3%a3es%20de%20crian%c3%a7as%20com%20microcefalia%20em%20postagens%20no%20Facebook.pdf425dc3f84e8fcdb1f3a0f5c51e1293feMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58782/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/587822023-09-19 12:32:14.777oai:repositorio.ufmg.br:1843/58782TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-09-19T15:32:14Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
title Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
spellingShingle Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
Vívian Tatiene Nunes Campos
Maternidade
Interseccionalidade
Comunicação e saúde
Zika vírus
Comunicação - Teses
Maternidade - Teses
Interseccionalidade (Sociologia) - Teses
Zika virus - Teses
title_short Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
title_full Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
title_fullStr Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
title_full_unstemmed Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
title_sort Mães de anjos e guerreiras : a representação da maternidade de mães de crianças com microcefalia em postagens no Facebook
author Vívian Tatiene Nunes Campos
author_facet Vívian Tatiene Nunes Campos
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Laura Guimarães Corrêa
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/9199148893356289
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Maria Aparecida Moura
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Vanessa Veiga de Oliveira
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Tamires Ferreira Coêlho
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Márcia Maria da Cruz
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/0376932049958861
dc.contributor.author.fl_str_mv Vívian Tatiene Nunes Campos
contributor_str_mv Laura Guimarães Corrêa
Maria Aparecida Moura
Vanessa Veiga de Oliveira
Tamires Ferreira Coêlho
Márcia Maria da Cruz
dc.subject.por.fl_str_mv Maternidade
Interseccionalidade
Comunicação e saúde
Zika vírus
topic Maternidade
Interseccionalidade
Comunicação e saúde
Zika vírus
Comunicação - Teses
Maternidade - Teses
Interseccionalidade (Sociologia) - Teses
Zika virus - Teses
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Comunicação - Teses
Maternidade - Teses
Interseccionalidade (Sociologia) - Teses
Zika virus - Teses
description Esta pesquisa teve como objetivo compreender, a partir de perspectiva interseccional, de que forma as mães de crianças com microcefalia representaram sua experiência por meio de postagens em uma página do Facebook criada e gerenciada por elas mesmas. O objeto empírico da investigação é a página da União de Mães de Anjos (UMA) de Pernambuco. Como arcabouço teórico e conceitual, a pesquisa baseou-se na comunicação praxiológica; na transversalidade entre comunicação e saúde; e na interseccionalidade. O conceito de experiência, a partir de Dewey (1980) e Collins (2019a), e o de representação, de acordo com as reflexões de Hall (2016) e Borges (2012), foram acionados para a observação e análise do material. As reflexões sobre concepções históricas sobre a maternidade e o cuidado foram essenciais para a pesquisa. Enquanto autoras do feminismo hegemônico podem retratar a maternidade como um fator de limitação e opressão, e têm na defesa ao direito ao aborto uma de suas mais importantes reivindicações, autoras feministas negras complexificam essa questão, destacando outras problemáticas e camadas sobre os direitos reprodutivos e especificidades da maternidade no entrecruzamento de raça, gênero e classe. Na reflexão sobre a experiência dessas mulheres, que são, em sua maioria, negras, em idade fértil, empobrecidas e nordestinas, consideramos ainda outros eixos de opressão, trazendo discussões sobre deficiência e capacitismo, bem como sobre o racismo ambiental. No processo de construção metodológica, adotamos como referência a análise de conteúdo, a partir da proposta de Bardin (2002), para apreender nosso corpus, que foi também atravessada pela perspectiva interseccional. Como resultado da pesquisa, observamos nos enquadramentos uma ressignificação da experiência com o sofrimento, configurando a maternidade enquanto uma missão divina, destinada a mães que são escolhidas, as mães de anjos. Os dados mostraram que o grupo evitou retratar as mães enquanto pessoas vulneráveis, abandonadas pelos companheiros, o que poderia reforçar o estereótipo social de vitimização e mais estigmatização. As mães de crianças de microcefalia assumem um papel político pela organização, apoio mútuo e reivindicação de seus direitos ao poder público. O grupo num contexto político-religioso conservador, buscou representar as mulheres enquanto mães de anjos e guerreiras, em razão da particularidade do cuidado de crianças com microcefalia e do enfrentamento da sobrecarga física e emocional relacionada a esse trabalho e a essa função, entendidos por elas como missão.
publishDate 2023
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-09-19T15:32:14Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-09-19T15:32:14Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2023-07-14
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/58782
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0002-8897-3346
url http://hdl.handle.net/1843/58782
https://orcid.org/0000-0002-8897-3346
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FAF - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58782/1/M%c3%83ES%20DE%20ANJOS%20E%20GUERREIRAS%20a%20representa%c3%a7%c3%a3o%20da%20maternidade%20de%20m%c3%a3es%20de%20crian%c3%a7as%20com%20microcefalia%20em%20postagens%20no%20Facebook.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58782/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 425dc3f84e8fcdb1f3a0f5c51e1293fe
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589348880285696