Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andréa Luisa Zhouri Laschefski
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://dx.doi.org/10.18764/2236-9473.v16n32p51-68
http://hdl.handle.net/1843/37648
https://orcid.org/0000-0003-4459-4018
Resumo: A partir do desastre da Samarco no Rio Doce, em curso desde 2015, o texto reflete sobre formas de produção da violência em torno de práticas institucionais e políticas que fazem o neoextrativismo possível no Brasil. Desta forma, aponta para processos como: revisão das leis e desmanche das instituições de proteção ambiental e cuidado com os direitos indígenas, quilombolas e povos tradicionais; deslocamento da política para a polícia, sinalizando as estratégias de criminalização de movimentos sociais, lideranças, mediadores e pesquisadores por parte de grupos transnacionais extrativos e do Estado. Por fim, apresenta novas gramáticas da resistência que, no caso específico, ao atualizarem elementos da tradicionalidade, como as celebrações próprias do catolicismo popular, colocam-se de forma autônoma em relação aos modelos convencionais e burocratizados de atuação política sob disciplinamento do Estado e do mercado. Para fazer esta análise, o texto aciona o princípio heurístico da variação de escalas que entrelaça processos globais, nacionais e locais na reprodução de violências históricas que, por outro lado, fazem emergir novos esforços de subjetivação nos territórios.
id UFMG_965f9de48faf31d62ccf5b313c5e5a9e
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/37648
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling 2021-08-20T12:45:33Z2021-08-20T12:45:33Z201916325168http://dx.doi.org/10.18764/2236-9473.v16n32p51-682236-9473http://hdl.handle.net/1843/37648https://orcid.org/0000-0003-4459-4018A partir do desastre da Samarco no Rio Doce, em curso desde 2015, o texto reflete sobre formas de produção da violência em torno de práticas institucionais e políticas que fazem o neoextrativismo possível no Brasil. Desta forma, aponta para processos como: revisão das leis e desmanche das instituições de proteção ambiental e cuidado com os direitos indígenas, quilombolas e povos tradicionais; deslocamento da política para a polícia, sinalizando as estratégias de criminalização de movimentos sociais, lideranças, mediadores e pesquisadores por parte de grupos transnacionais extrativos e do Estado. Por fim, apresenta novas gramáticas da resistência que, no caso específico, ao atualizarem elementos da tradicionalidade, como as celebrações próprias do catolicismo popular, colocam-se de forma autônoma em relação aos modelos convencionais e burocratizados de atuação política sob disciplinamento do Estado e do mercado. Para fazer esta análise, o texto aciona o princípio heurístico da variação de escalas que entrelaça processos globais, nacionais e locais na reprodução de violências históricas que, por outro lado, fazem emergir novos esforços de subjetivação nos territórios.Based on the Samarco disaster, ongoing in the Rio Doce since 2015, the article reflects about forms of violence production around institutional and political practices that make neo-extractivism possible in Brazil.Thus, it points to processes such as the revision of laws and the dismantling of environmental protection institutions and agencies responsible for policies related to indigenous, quilombolas and traditional peoples rights; the displacement of politics to the police, signaling the strategies of criminalization of social movements, mediators and researchers by transnational extractive groups and the State. Finally, it presents new modalities of resistance that, in this ethnographic case, by updating elements of traditionality, such as the celebrations proper to popular Catholicism, stand for autonomy in face of the conventional models of political action under both market and State discipline. To make this analysis, the text triggers the heuristic principle of scale variation that intertwines global, national and local processes in the reproduction of historical patterns of violence that, on the other hand, give rise to new efforts of subjectivation in the territories.CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoFAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas GeraisCAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIARevista Pós Ciências SociaisDegradação ambientalMineração Impacto ambientalMineração Minas GeraisDoce, Rio, Vale (MG e ES)Território, ambiente e conflitos sociaisMovimentos sociais BrasilSamarco Mineração S.A.DesastreMineraçãoViolênciaResistênciaRio DoceViolência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio DoceViolence, memory and new forms of resistance: the Samarco disaster in the Rio Doceinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/13239Andréa Luisa Zhouri Laschefskiapplication/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALandreaViolenciaMemoria.pdfandreaViolenciaMemoria.pdfapplication/pdf559233https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/37648/1/andreaViolenciaMemoria.pdfc2b6dba3054d8df9b2c6c11b8e447682MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/37648/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/376482021-08-20 09:45:34.13oai:repositorio.ufmg.br:1843/37648TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2021-08-20T12:45:34Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv Violence, memory and new forms of resistance: the Samarco disaster in the Rio Doce
title Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
spellingShingle Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
Andréa Luisa Zhouri Laschefski
Desastre
Mineração
Violência
Resistência
Rio Doce
Degradação ambiental
Mineração Impacto ambiental
Mineração Minas Gerais
Doce, Rio, Vale (MG e ES)
Território, ambiente e conflitos sociais
Movimentos sociais Brasil
Samarco Mineração S.A.
title_short Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
title_full Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
title_fullStr Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
title_full_unstemmed Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
title_sort Violência, memória e novas gramáticas da resistência: o desastre da Samarco no Rio Doce
author Andréa Luisa Zhouri Laschefski
author_facet Andréa Luisa Zhouri Laschefski
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Andréa Luisa Zhouri Laschefski
dc.subject.por.fl_str_mv Desastre
Mineração
Violência
Resistência
Rio Doce
topic Desastre
Mineração
Violência
Resistência
Rio Doce
Degradação ambiental
Mineração Impacto ambiental
Mineração Minas Gerais
Doce, Rio, Vale (MG e ES)
Território, ambiente e conflitos sociais
Movimentos sociais Brasil
Samarco Mineração S.A.
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Degradação ambiental
Mineração Impacto ambiental
Mineração Minas Gerais
Doce, Rio, Vale (MG e ES)
Território, ambiente e conflitos sociais
Movimentos sociais Brasil
Samarco Mineração S.A.
description A partir do desastre da Samarco no Rio Doce, em curso desde 2015, o texto reflete sobre formas de produção da violência em torno de práticas institucionais e políticas que fazem o neoextrativismo possível no Brasil. Desta forma, aponta para processos como: revisão das leis e desmanche das instituições de proteção ambiental e cuidado com os direitos indígenas, quilombolas e povos tradicionais; deslocamento da política para a polícia, sinalizando as estratégias de criminalização de movimentos sociais, lideranças, mediadores e pesquisadores por parte de grupos transnacionais extrativos e do Estado. Por fim, apresenta novas gramáticas da resistência que, no caso específico, ao atualizarem elementos da tradicionalidade, como as celebrações próprias do catolicismo popular, colocam-se de forma autônoma em relação aos modelos convencionais e burocratizados de atuação política sob disciplinamento do Estado e do mercado. Para fazer esta análise, o texto aciona o princípio heurístico da variação de escalas que entrelaça processos globais, nacionais e locais na reprodução de violências históricas que, por outro lado, fazem emergir novos esforços de subjetivação nos territórios.
publishDate 2019
dc.date.issued.fl_str_mv 2019
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2021-08-20T12:45:33Z
dc.date.available.fl_str_mv 2021-08-20T12:45:33Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/37648
dc.identifier.doi.pt_BR.fl_str_mv http://dx.doi.org/10.18764/2236-9473.v16n32p51-68
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv 2236-9473
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0003-4459-4018
url http://dx.doi.org/10.18764/2236-9473.v16n32p51-68
http://hdl.handle.net/1843/37648
https://orcid.org/0000-0003-4459-4018
identifier_str_mv 2236-9473
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv Revista Pós Ciências Sociais
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FAF - DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/37648/1/andreaViolenciaMemoria.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/37648/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv c2b6dba3054d8df9b2c6c11b8e447682
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589216660094976