Por mãos alheias: usos sociais da escrita na Minas Gerais colonial

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silvia Maria Amancio Rachi Vartuli
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9UGRKD
Resumo: Este trabalho pretendeu investigar a modalidade cartorária de usos sociais da escrita feitos por mulheres em Minas Gerais no período de 1780 a 1822. O corpus documental selecionado apresenta como principais fontes os testamentos post mortem, das duas últimas décadas do século XVIII até 1822, pertencentes ao acervo do Arquivo do Museu do Ouro/Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM)/Casa Borba Gato, em Sabará, referentes ao território da Comarca do Rio das Velhas. Partimos da convicção de que as relações com a escrita ultrapassam em muito a capacidade de redigir de próprio punho. Começamos a nos mover, assim, com o inquietante objetivo de tornar clara a pragmática da constituição do escrito, não o subordinando apenas à redação autônoma. Pesquisar as formas de escrita das mulheres comuns transformou-se, desse modo, em grande desafio epistêmico. Nesse sentido, buscamos nos desvencilhar da concepção aprisionadora das vinculações com a escrita numa rígida arquitetura dos sistemas de comunicação para entendê-las em espaço aberto, múltiplo e criativo. Assim, a prática de ditar, corriqueira na feitura do testamento, constituiu-se em dimensão fundamental do fenômeno denominado evento de letramento. Para nortear-nos na análise das fontes, além de autores dedicados à compreensão da alfabetização e do letramento, bem como reflexões de pesquisadores que investigaram esses fenômenos em perspectiva histórica e de autores referenciais no estudo da sociedade do nosso período colonial, elegemos a perspectiva bakhtiniana. As proposituras de Mikhail Bakhtin formam um conjunto de reflexões teóricas e nas últimas décadas têm contribuído para o desenvolvimento de procedimentos analíticos em pesquisas de diferentes áreas, as quais, de algum modo, circunscrevem os fenômenos relacionados à linguagem. Ativemo-nos ao processo de constituição do texto testamental, à análise detida das elaborações discursivas dos sujeitos. Embasados na literatura que destaca o papel da oralidade na autoria dos textos, tornou-se possível perceber como diferentes mulheres, inclusivamente as iletradas, foram capazes de elaborar e redigir textos por mãos alheias, e, dessa forma, utilizarem-se da escrita.
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Começamos a nos mover, assim, com o inquietante objetivo de tornar clara a pragmática da constituição do escrito, não o subordinando apenas à redação autônoma. Pesquisar as formas de escrita das mulheres comuns transformou-se, desse modo, em grande desafio epistêmico. Nesse sentido, buscamos nos desvencilhar da concepção aprisionadora das vinculações com a escrita numa rígida arquitetura dos sistemas de comunicação para entendê-las em espaço aberto, múltiplo e criativo. Assim, a prática de ditar, corriqueira na feitura do testamento, constituiu-se em dimensão fundamental do fenômeno denominado evento de letramento. Para nortear-nos na análise das fontes, além de autores dedicados à compreensão da alfabetização e do letramento, bem como reflexões de pesquisadores que investigaram esses fenômenos em perspectiva histórica e de autores referenciais no estudo da sociedade do nosso período colonial, elegemos a perspectiva bakhtiniana. As proposituras de Mikhail Bakhtin formam um conjunto de reflexões teóricas e nas últimas décadas têm contribuído para o desenvolvimento de procedimentos analíticos em pesquisas de diferentes áreas, as quais, de algum modo, circunscrevem os fenômenos relacionados à linguagem. Ativemo-nos ao processo de constituição do texto testamental, à análise detida das elaborações discursivas dos sujeitos. Embasados na literatura que destaca o papel da oralidade na autoria dos textos, tornou-se possível perceber como diferentes mulheres, inclusivamente as iletradas, foram capazes de elaborar e redigir textos por mãos alheias, e, dessa forma, utilizarem-se da escrita.This study aimed to investigate the social uses of writing by women in Minas Gerais from 1780 to 1822. The corpus of analysis selected has as main documents wills of the territory of Rio das Velhas District from the referred period which belongs to the Archives of the Institute of Gold / Brazilian Museums (IBRAM) / House Borba Gato in Sabará. We share the conviction that relationships with writing go far beyond the ability to write with your "own hands". Our objective was to make visible the pragmatics of the writing and not what was related to the writing skills. Searching the written forms of ordinary women thus became a great epistemic challenge. In this sense, we aimed to disengage from the conception that associates the relationships with the writing with a rigid architecture of communication systems to understand them in an open, versatile and creative space. Thus, the oral practice was a fundamental dimension of the phenomenon called literacy events. Our analyses were drawn by three sets of theoretical frameworks. Firstly, we based on authors who searched to understand the phenomena of literacy as well as on reflections of researchers who investigated the same phenomenon in a historical perspective. Secondly, we were supported by studies about the colonial period of our society. Finally, we used the Bakhtinian perspective. The theoretical propositions of Mikhail Bakhtin in recent decades has contributed to the development of analytical methods in different research areas, which somehow circumscribe the phenomena related to language in any of its modalities. We are focused on the textual construction process. Supported by literature that highlights the role of orality in written texts, it became possible to see how different women, especially those who could not read or write, were able to develop and write texts, even by the hands of others and thus use the writing.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducação  Historia  Minas GeraisEscrita Aspectos sociaisAlfabetização  HistoriaRedação de cartasCultura EscritaMinas Gerais ColonialTestamentosPor mãos alheias: usos sociais da escrita na Minas Gerais colonialinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_fae___copia.pdfapplication/pdf5583565https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9UGRKD/1/tese_fae___copia.pdfee5fb7904f7a3f3a0a8f611d1a881e31MD51TEXTtese_fae___copia.pdf.txttese_fae___copia.pdf.txtExtracted texttext/plain748961https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9UGRKD/2/tese_fae___copia.pdf.txt311b207cc89b2b9eefa15d22441237b9MD521843/BUOS-9UGRKD2019-11-14 09:59:58.16oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9UGRKDRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T12:59:58Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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