A narrativa de Maria Firmina dos Reis: nação e colonialidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Laísa Marra de paula Cunha Bastos
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/35005
Resumo: O trabalho tem como objetivo investigar as maneiras pelas quais a narrativa de Maria Firmina dos Reis (1822-1917) articula nação e colonialidade. Para tanto, o corpus principal de análise é formado por Úrsula (1859), Gupeva (1861) e A escrava (1887). Examina-se a hipótese de que esses textos dialogam com representações hegemônicas da ideia de nação brasileira, e ao mesmo tempo as desestabilizam ao introduzir perspectivas de grupos que não foram concebidos enquanto sujeitos nacionais, nomeadamente: indígenas, africanos, brasileiras/os negras/os e brasileiras brancas. Diante desse panorama, verificam-se dois gestos desenvolvidos pela autora em suas narrativas: a pedagogia para uma nova masculinidade, antiescravagista; e a representação positiva de personagens e discursos inferiorizados pela imaginação nacionalista canônica. Em Gupeva, conto indianista de atmosfera sombria, o enredo evidencia contradições sem oferecer sínteses, pois o contato entre brancos e indígenas desemboca em desonra e impossibilidade de futuro. Em Úrsula, essas contradições aglutinam-se em torno do antagonista, o senhor de escravos metaforicamente monstruoso, e são sintetizadas pelo seu disciplinamento social, físico e moral; o que se dá através de uma combinação do repertório nacionalista com o gótico. Já no conto A escrava, abertamente abolicionista, o reconhecimento da memória da escravidão e a vitória da descendência negra sugerem uma visão algo mais esperançosa daquele fim de século XIX, conforme indica a cena final, da libertação de um jovem negro. Defende-se que ao construir interpretações das relações interétnicas e de gênero calcadas em violências colonialistas, Firmina dos Reis afasta-se de imagens e projeções literárias associadas ao desejo de embranquecimento do sujeito nacional brasileiro, as quais têm codificado reflexões sobre a brasilidade, fixando um lugar de destaque para a memória das injustiças. Como resultado, a obra de Maria Firmina dos Reis torna mais abrangente e complexo o campo da literatura brasileira oitocentista e da imaginação nacional.
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Diante desse panorama, verificam-se dois gestos desenvolvidos pela autora em suas narrativas: a pedagogia para uma nova masculinidade, antiescravagista; e a representação positiva de personagens e discursos inferiorizados pela imaginação nacionalista canônica. Em Gupeva, conto indianista de atmosfera sombria, o enredo evidencia contradições sem oferecer sínteses, pois o contato entre brancos e indígenas desemboca em desonra e impossibilidade de futuro. Em Úrsula, essas contradições aglutinam-se em torno do antagonista, o senhor de escravos metaforicamente monstruoso, e são sintetizadas pelo seu disciplinamento social, físico e moral; o que se dá através de uma combinação do repertório nacionalista com o gótico. Já no conto A escrava, abertamente abolicionista, o reconhecimento da memória da escravidão e a vitória da descendência negra sugerem uma visão algo mais esperançosa daquele fim de século XIX, conforme indica a cena final, da libertação de um jovem negro. Defende-se que ao construir interpretações das relações interétnicas e de gênero calcadas em violências colonialistas, Firmina dos Reis afasta-se de imagens e projeções literárias associadas ao desejo de embranquecimento do sujeito nacional brasileiro, as quais têm codificado reflexões sobre a brasilidade, fixando um lugar de destaque para a memória das injustiças. Como resultado, a obra de Maria Firmina dos Reis torna mais abrangente e complexo o campo da literatura brasileira oitocentista e da imaginação nacional.This work aims to investigate the ways in which the narrative of Maria Firmina dos Reis (1822-1917) articulates nation and coloniality. Therefore, the main corpus of analysis is formed by Úrsula (1859), Gupeva (1861) and A escrava (1887). The hypothesis is that these texts approach hegemonic representations of the nation, and, at the same time, destabilize them by introducing perspectives of groups that were not conceived as national subjects, namely: indigenous people, Africans, black Brazilians and white Brazilian women. In this sense, two gestures developed by the author in her narratives are examined: the pedagogy for a new, anti-slavery, masculinity; and the positive representation of characters and speeches made inferior by the canonical nationalist imagination. In Gupeva, an Indianist short story of dark atmosphere, the plot shows contradictions without offering syntheses, since the contact between white men and indigenous people ends in dishonour and impossibility of future. In Ursula, these contradictions are combined around the antagonist, the metaphorically monstrous slave master, and are synthesized by his social, physical and moral disciplining, which is made through a combination of the nationalist and gothic repertoire. In the short story A Slave, openly abolitionist, the recognition of the memory of slavery and the victory of its black descendant suggest a somewhat more hopeful view of that late 19th century, as the final scene indicates, with the liberation of a young black man. It is argued that, when constructing interpretations of interethnic and gender relations based on colonialist violence, Firmina dos Reis moves away from literary images and projections around the whitening of the Brazilian national subject, which have codified reflections on Brazilianness, establishing a privileged place for the memory of injustices. As a result, the work of Maria Firmina dos Reis makes the field of 19th century Brazilian literature and the national imagination more embracing and complex.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Estudos LiteráriosUFMGBrasilFALE - FACULDADE DE LETRAShttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccess.Reis, Maria Firmina dos, 1822-1917. – Crítica e interpretaçãoFicção brasileira – História e críticaLiteratura e naçãoMaria Firmina dos ReisNaçãoColonialidadeGóticoA narrativa de Maria Firmina dos Reis: nação e colonialidadeThe narrative of Maria Firmina dos Reis: nation and colonialityinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALA NARRATIVA DE MARIA FIRMINA DOS REIS - nação e colonialidade.pdfA NARRATIVA DE MARIA FIRMINA DOS REIS - nação e colonialidade.pdfapplication/pdf1693423https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35005/1/A%20NARRATIVA%20DE%20MARIA%20FIRMINA%20DOS%20REIS%20-%20na%c3%a7%c3%a3o%20e%20colonialidade.pdfebc3eaed01363b4176f792e154236ae2MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35005/2/license_rdfcfd6801dba008cb6adbd9838b81582abMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35005/3/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD531843/350052021-02-18 11:01:24.365oai:repositorio.ufmg.br:1843/35005TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2021-02-18T14:01:24Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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