Resistência à gentrificação? : estudo de caso do bairro Bonfim em Belo Horizonte

• Autor(a) principal: Lawrence Faria Starling Solla
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/52523; https://orcid.org/0000-0003-3510-8356
• topic: Bonfim; Gentrificação; América Latina; Centro administratico municipal; Resistência; Ações emancipatórias; Gentrificação; Renovação urbana; Embelezamento urbano; Associação de moradores; Movimentos sociais

Falar sobre gentrificação no Brasil sem levar em consideração as peculiaridades destes processos no contexto latino-americano, é assumir o risco de uma aplicação inadequada ou irreal do conceito, contribuindo para a banalização do termo, usando-o de forma abstrata e generalista. Isto torna-se um desafio, dada a pouca visibilidade desfrutada pelos autores que investem nessa temática. Esta pesquisa tem por objetivo discutir a gentrificação, à luz destas teorias – mas também complementadas pelos autores clássicos como Niel Smith e David Ley, a partir de um caminho não convencional, baseado por sua não ocorrência no bairro Bonfim, em Belo Horizonte, apesar de seu potencial gentrificável. A relevância deste estudo de caso está na resistência da sociedade civil ao projeto do Centro Administrativo Municipal que seria construído no bairro, em 2013, por iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte. O Centro Administrativo, que teria uma área estimada de 55.000m² e demandaria uma massiva desapropriação no bairro, configura-se um típico processo latino-americano de gentrificação, ou seja, processo que considera a caracterização de três aspectos chaves: 1) o papel decisivo das administrações públicas pela forma violenta que elas criam novos mercados imobiliários de consumo; 2) a violência simbólica aplicada na apropriação do patrimônio arquitetônico e cultural; 3) a violência aplicada para se tornar possível o desenvolvimento econômico em cidades que foi produzida grande parte de maneira informal. De forma articulada e combativa, os moradores da região e os movimentos sociais conseguiram barrar o projeto. O entendimento dessa resistência à gentrificação pode ser uma relevante contribuição para o enfrentamento a este processo.