Estudo bioquímico, imunológico e farmacológico do veneno do escorpião Hadruroides lunatus e da patofisiologia do seu envenenamento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernanda Costal Oliveira
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9S3GAD
Resumo: O escorpião Hadruroides lunatus é o mais abundante na costa central do Peru, onde ocorre a maioria dos casos de picadas e envenenamento em humanos. Entretanto, pouco se sabe sobre a composição e mecanismo de ação do veneno. Este trabalho tem como objetivo descrever, em termos gerais, a caracterização bioquímica, imunológica e farmacológica do veneno de H. lunatus, assim como analisar a patofisiologia de seu envenenamento. Análises proteômica mostraram que o veneno é composto por peptídeos e proteínas com massas moleculares que variam entre 2.000 e 70.000 Da. A dose letal média (DL50) via intracranial (i.c.) e via intraperitoneal (i.p.), em camundongos, foram determinadas como 0,1 mg/kg e 21,55 mg/kg, respectivamente. Como parâmetros bioquímicos foram avaliadas as atividades hialuronidásica, proteolítica e fosfolipásica. No que se refere aos estudos imunológicos, demonstramos a existência de reatividade cruzada entre o veneno de H. lunatus e os venenos de Centruroides sculpturatus e Tityus serrulatus. A análise hematológica de ratos envenenados mostrou que houve uma diminuição significativa de leucócitos, neutrófilos, linfócitos e eosinófilos nesses animais. Além disso, foi detectado um aumento nos níveis séricos de proteínas totais, albumina e proteínas de fase aguda, assim como de CK, CK-MB, AST e LDH. Esses dados, juntamente com a observação de que a produção de IL-6 se encontrou elevada em camundongos envenenados, sugerem a presença de inflamação e lesão muscular. A análise histopatológica dos pulmões de ratos injetados com veneno revelou a presença de hemorragia difusa. Foi observado que o veneno estudado leva ao aumento da frequência cardíaca e causa diversas arritmias, prejudicando assim o funcionamento do coração. A análise do transiente de cálcio em cardiomiócitos confirmou o efeito deletério que o veneno exerce sobre o coração, já que este se apresentou diminuído. Estes dados sugerem que, apesar de apresentar toxicidade moderada para mamíferos o veneno de H. lunatus é capaz de induzir efeitos típicos do envenenamento escorpiônico, como as alterações cardiopulmonares demonstradas, além de apresentar atividades menos comuns nos venenos escorpiônicos, como a proteolítica e fosfolipásica, justificando o estudo mais aprofundado deste veneno.
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Como parâmetros bioquímicos foram avaliadas as atividades hialuronidásica, proteolítica e fosfolipásica. No que se refere aos estudos imunológicos, demonstramos a existência de reatividade cruzada entre o veneno de H. lunatus e os venenos de Centruroides sculpturatus e Tityus serrulatus. A análise hematológica de ratos envenenados mostrou que houve uma diminuição significativa de leucócitos, neutrófilos, linfócitos e eosinófilos nesses animais. Além disso, foi detectado um aumento nos níveis séricos de proteínas totais, albumina e proteínas de fase aguda, assim como de CK, CK-MB, AST e LDH. Esses dados, juntamente com a observação de que a produção de IL-6 se encontrou elevada em camundongos envenenados, sugerem a presença de inflamação e lesão muscular. A análise histopatológica dos pulmões de ratos injetados com veneno revelou a presença de hemorragia difusa. Foi observado que o veneno estudado leva ao aumento da frequência cardíaca e causa diversas arritmias, prejudicando assim o funcionamento do coração. A análise do transiente de cálcio em cardiomiócitos confirmou o efeito deletério que o veneno exerce sobre o coração, já que este se apresentou diminuído. Estes dados sugerem que, apesar de apresentar toxicidade moderada para mamíferos o veneno de H. lunatus é capaz de induzir efeitos típicos do envenenamento escorpiônico, como as alterações cardiopulmonares demonstradas, além de apresentar atividades menos comuns nos venenos escorpiônicos, como a proteolítica e fosfolipásica, justificando o estudo mais aprofundado deste veneno.Hadruroides lunatus scorpions are the most abundant in the Peruvian central coast, where occurs most of the cases of stings and envenoming in humans. However, little is known about the composition and mechanism of action of venom. The aim of this study is to describe, in general terms, the biochemical, immunological and pharmacological characterization of H. lunatus venom as well as to analyze the pathophysiology of its envenoming. Proteomic analysis showed that H. lunatus venom is composed of peptides and proteins with molecular weights ranging from less than 2,000 Da to greater than 70,000 Da. The median lethal dose (LD50) via intracranial (i.c.) and intraperitoneal (i.p.) in mice were determined as 0.1 mg/kg to 21.55 mg/kg, respectively. As biochemical parameters it were evaluated hyaluronidasic, proteolytic and phospholipasic activities. Regarding immunological studies, we demonstrated cross-reactivity between H. lunatus venom and Tityus serrulatus and Centruroides sculpturatus venoms. Hematological analysis in envenomed rats showed that there was a significant decrease of leukocytes, neutrophils, eosinophils and lymphocytes in these animals. Furthermore, an increase was detected in serum total proteins, albumin and acute phase proteins, as well as CK, CK-MB, AST and LDH levels. These data, together with the observation that IL-6 production was increased in envenomed mice, suggests the presence of inflammation and muscle injury. Lungs histopathological analysis revealed the presence of diffuse hemorrhage due H. lunatus envenoming. It was observed that H. lunatus venom increased heart rate and causes various arrhythmias, thereby impairing the heart functioning. Calcium transient analysis was measured in isolated cardiomyocytes and appeared diminished, confirming that H. lunatus venom exerts a deleterious effect on heart. These data suggest that, despite having moderate toxicity to mammals, the H. lunatus venom is capable of inducing effects typical of scorpion envenoming, such as the cardio-pulmonary alterations demonstrated, and also presents less common activities observed in scorpion venoms, such as proteolytic and phospholipasic, justifying further studies of this venom.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEscorpião VenenoBioquímicaHadruroides lunatusBioquímica e ImunologiaEstudo bioquímico, imunológico e farmacológico do veneno do escorpião Hadruroides lunatus e da patofisiologia do seu envenenamentoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_fernanda_costal_oliveira_pdf.pdfapplication/pdf3431241https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9S3GAD/1/disserta__o_fernanda_costal_oliveira_pdf.pdf8b90adbe369e63ada6321d947823ce16MD51TEXTdisserta__o_fernanda_costal_oliveira_pdf.pdf.txtdisserta__o_fernanda_costal_oliveira_pdf.pdf.txtExtracted texttext/plain167198https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9S3GAD/2/disserta__o_fernanda_costal_oliveira_pdf.pdf.txt874bd6e8732dcb2ba579af6a1b1e9d57MD521843/BUOS-9S3GAD2019-11-14 13:38:32.017oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9S3GADRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T16:38:32Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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