Avaliação da taxa de filtração e alterações metabólicas em Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) na presença de algas verdes e cianobactérias

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Luiza de Oliveira Hudson
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9KPKHR
Resumo: Limnoperna fortunei é um bivalve filtrador de água doce, nativo do Sudeste da Ásia, que chegou à América do Sul pela água de lastro de navios mercantes. Identificado pela primeira vez na Argentina (1991) na bacia do rio da Plata vem se expandindo em alta velocidade e já pode ser encontrado em diversos estados brasileiros. Muito semelhante ao bivalve Dreissena polymorpha, também asiático, invasor da América do Norte e Europa, apresenta larva planctônica livre natante, maturação sexual rápida com altas taxas de fecundação e ciclo de vida curto, além de ampla tolerância a variações ambientais. Essas características contribuem para a rápida dispersão e o sucesso adaptativo dessa espécie. É um filtrador eficiente capaz de reduzir o fitoplâncton da coluna dágua e enriquecer o substrato com a produção de pseudofezes. Além das alterações ambientais pode causar prejuízos econômicos como entupimento de canos e parada de máquinas em hidrelétricas e indústrias que utilizam de água bruta. As cianobactérias também são um problema constante em lagos e reservatórios, cada vez mais eutrofizados como consequência da atividade humana. Dessa forma, este estudo avaliou a taxa de filtração de L. fortunei na presença de algumas cepas de algas verdes, Chlorella sp, Ankistrodesmus sp. e Chlamydomonas sp, e de cianobactérias, Microcystis aeruginosa, cepas tóxica produtora de microcistina e não tóxica, e Anabaena sp. Os resultados mostraram que o mexilhão dourado foi capaz de filtrar com eficiência M. aeruginosa da mesma forma que as algas verdes. O mexilhão apresentou taxas de filtração baixas na presença de Anabaena sp., o que pode estar relacionado ao formato filamentoso da cepa e à possível presença de saxitoxina. No experimento de longa duração (24 dias) foi analisada a concentração de cálcio e de glicogênio em L. fortunei em jejum ou se alimentando de M. aeruginosa tóxica. Os valores de cálcio presentes nas conchas dos mexilhões não sofreram alteração em nenhum grupo durante o período experimental. As taxas de glicogênio foram baixas no grupo que permaneceu em jejum, como esperado (média de 0.197 ± 0.001 mg glicose/g tecido no 7º dia), mas no grupo tratado com M. aeruginosa (média de 2.077 ± 0.056 mg glicose/g tecido no 14º dia) os valores foram semelhantes ao controle (média 1.655 ± 0.084). Os resultados mostraram que a cianobactéria, mesmo tóxica, quando fornecida como alimento, é facilmente ingerida por indivíduos adultos de L. fortunei e não afeta certos parâmetros fisiológicos básicos, mostrando resistência do molusco à cianotoxina microcistina, como já havia sido observado por outros autores em D. polymorpha.
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Além das alterações ambientais pode causar prejuízos econômicos como entupimento de canos e parada de máquinas em hidrelétricas e indústrias que utilizam de água bruta. As cianobactérias também são um problema constante em lagos e reservatórios, cada vez mais eutrofizados como consequência da atividade humana. Dessa forma, este estudo avaliou a taxa de filtração de L. fortunei na presença de algumas cepas de algas verdes, Chlorella sp, Ankistrodesmus sp. e Chlamydomonas sp, e de cianobactérias, Microcystis aeruginosa, cepas tóxica produtora de microcistina e não tóxica, e Anabaena sp. Os resultados mostraram que o mexilhão dourado foi capaz de filtrar com eficiência M. aeruginosa da mesma forma que as algas verdes. O mexilhão apresentou taxas de filtração baixas na presença de Anabaena sp., o que pode estar relacionado ao formato filamentoso da cepa e à possível presença de saxitoxina. No experimento de longa duração (24 dias) foi analisada a concentração de cálcio e de glicogênio em L. fortunei em jejum ou se alimentando de M. aeruginosa tóxica. Os valores de cálcio presentes nas conchas dos mexilhões não sofreram alteração em nenhum grupo durante o período experimental. As taxas de glicogênio foram baixas no grupo que permaneceu em jejum, como esperado (média de 0.197 ± 0.001 mg glicose/g tecido no 7º dia), mas no grupo tratado com M. aeruginosa (média de 2.077 ± 0.056 mg glicose/g tecido no 14º dia) os valores foram semelhantes ao controle (média 1.655 ± 0.084). Os resultados mostraram que a cianobactéria, mesmo tóxica, quando fornecida como alimento, é facilmente ingerida por indivíduos adultos de L. fortunei e não afeta certos parâmetros fisiológicos básicos, mostrando resistência do molusco à cianotoxina microcistina, como já havia sido observado por outros autores em D. polymorpha.Limnoperna fortunei is a freshwater filter-feeding mussel native to Southeast Asia that was introduced to South America by ballast water in merchant ships. It was discovered in Argentina in 1991, at Rio de la Plata estuary. Since then, it can be found in many Brazilian waterbodies. Very similar to the bivalve Dreissena polymorpha, an invasive mussel from North America and Europe, both present planktonic larvae, early sexual maturity, high fecundity and wide environmental tolerance. Those characteristics allow them to overcome the transitions to be a successful invader into the new environment. They are excellent filter-feeders capable to reduce the fitoplankton biomass in watersystems and to enrich the substrate by the production of pseudofeces. Beside environmental problems they can cause economic losses because of their gregarious behavior, like the obstruction of pipes in industries and power plants. Cyanobacteria are also a constant problem in lakes and reservoir, which became eutrophic due to intense human activities. This study aimed to estimate L. fortunei filtration rates in the presence of some green algae, Chlorella sp, Ankistrodesmus sp. and Chlamydomonas sp, and the cyanobacteria, Microcystis aeruginosa, toxic and non-toxic strains, and Anabaena sp. The results showed that the golden mussel was capable of filtering M. aeruginosa at rates similar to the green algae. On the other hand, filtration rates were lower when feeding on Anabaena sp. Strains, maybe because Anabaena has a filamentous morphology and may produce saxitoxins. During a long term feeding experiment (24 days) on Microcystis, the concentration of calcium and glycogen were analyzed in L. fortunei. The calcium values present in the mussel´s shell were not different among experimental treatments. The glycogen concentration was lower in the starved group, as expected, but in the group feeding on M. aeruginosa, glycogen was similar to the control group. The results showed that toxic cyanobacteria when offered as a food with intact cells are easily ingested by adults of zebra mussel. Some physiologic parameters were also not affected by the toxin, showing the resistance of L. fortunei to cyanotoxins, as it was already been shown by others authors for D. polymorpha.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEcologiaLimnoperna fortuneiTaxa de filtraçãoCianobactériasClorofitasAvaliação da taxa de filtração e alterações metabólicas em Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) na presença de algas verdes e cianobactériasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_final_mestrado_lu_za_hudson.pdfapplication/pdf1208812https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9KPKHR/1/disserta__o_final_mestrado_lu_za_hudson.pdf9dc6c8b85b7bca2b674de16c54132d1bMD51TEXTdisserta__o_final_mestrado_lu_za_hudson.pdf.txtdisserta__o_final_mestrado_lu_za_hudson.pdf.txtExtracted texttext/plain115358https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9KPKHR/2/disserta__o_final_mestrado_lu_za_hudson.pdf.txt59a49808d2b47d82314bf620f349cf6aMD521843/BUOS-9KPKHR2019-11-14 05:00:43.229oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9KPKHRRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:00:43Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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