Dominação e violência, entre a história e a ficção: uma análise do projeto ideológico e do projeto estético de "Sargento Getúlio", de João Ubaldo Ribeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fabio Roberto Rodrigues Belo
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ECAP-79YGNA
Resumo: Nessa tese, analisamos o romance Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro. Nosso estudo está dividido em duas partes. Na primeira, dedicamos nossa atenção ao projeto ideológico do romance. Mostramos que a obra de Ubaldo permite ver que patrimonialismo patriarcal e burocracia não são tão separadas como, a princípio, era de se esperar. O contexto sócio-pólítico da narrativa, a década de 50, no nordeste brasileiro, mostra como essas duas formas de dominação se relacionam. Além de analisarmos as características de cada uma delas, dedicamos o maior espaço para examinar Getúlio, fruto, em grande medida, dessa relação. Mostramos como sua consciência dependia de seu contexto. Ao mesmo tempo obediente a seu superior, Getúlio reproduzia a violência que sofria.Terminamos essa primeira parte, mostrando como cangaço desempenha um papel importante no imaginário político de Getúlio.Na segunda parte da tese, enfocamos o projeto estético do romance. Mostramos, em primeiro lugar, como as relações amorosas presentes no romance são também relações políticas. A relação de Getúlio com os outros personagens da narrativa é construída de tal forma a deixar isso claro. Um outro aspecto importante é a tensão existente entre a ficção e a história no romance. Por um lado, o romance é claramente político e faz referências a eventos históricos tais como os partidos políticos da década de 50 e ao cangaço. Por outro, há uma forte presença do ficcional ao longo da narrativa, em forma de estórias, canções ou gestas populares. Finalmente, destacamos, no projeto estético de Sargento Getúlio, o que se pode chamar dialética das formas. Entendemos tal recurso como crítica às imagens idealizadas do humano: seja na forma da política, seja na forma do próprio sujeito. Contrapondo imagens tais como o chefe de Getúlio seja na forma do próprio sujeito. Contrapondo imagens tais como o chefe de Getúlio usando brilhantina no cabelo e os corpos despedaçados produzidos pela política por ele comandada, é possível perceber que as imagens ideais só existem à custa do recalcamento desses elementos heterogêneos, em especial, a violência.
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