Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Stanley Souza Marques
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/59352
https://orcid.org/0000-0001-5381-5615
Resumo: O pensamento político ocidental tem conservado no anonimato – a despeito das críticas feministas –, o espaço doméstico-familiar, suas especificidades, transformações democráticas, injustiças internas e implicações público-políticas. E isso porque se assume ou postula-se, quase por toda parte, a ideia, certamente mais pressuposta do que problematizada, de que o público e o doméstico são domínios suficientemente separados e suficientemente distintos. Já Axel Honneth, em "O direito da liberdade", desvia-se de um arranjo teórico desse tipo, que ainda domina o campo das teorias políticas e das teorias da justiça. Ele tanto reorienta a teoria da justiça na direção das tendências normativas imanentes ao mundo social como também se envereda pelas relações íntimas e familiares, convergindo com algumas das reivindicações históricas do feminismo. E, assim, mais promove do que interdita a reflexão sobre as conexões entre justiça e famílias, que se mostram, ali, como que incontornáveis. Honneth coloca no centro do debate sobre justiça questões como amor, intimidade, cuidado e sexualidade, porque todas elas sujeitas à autodeterminação democrática. A presente tese se move, por isso mesmo, no interior do quadro da teoria honnethiana da justiça. Propõe uma “reconstrução normativa” da esfera das famílias no Brasil, como que respondendo a uma demanda do projeto de Honneth. Uma empreitada “crítico-reconstrutiva” desse tipo, conduz, contudo, a um enquadramento específico do crescimento e da diversificação do trabalho remunerado feminino e das mudanças nas práticas educativas, dois dos fenômenos registrados por Honneth. O movimento, aqui, é duplo; segue e diverge do diagnóstico honnethiano, se considerado o cenário brasileiro: a esfera das famílias corporifica e efetiva, é verdade, como afirma Honneth, um aspecto ou faceta do valor geral de liberdade. Aciona-se, ali, um princípio de reconhecimento interno pelo qual os indivíduos se orientam, mobilizam suas lutas políticas cotidianas, experimentam uma forma de liberdade social só agora mais ou menos disponível e é possível avaliar criticamente as práticas intrafamiliares. Mas também é verdade que o ingresso em massa das mulheres no mercado de trabalho e as mudanças nas práticas de educação da prole não foram capazes de subverter algumas das “formas ideológicas de reconhecimento” das mulheres, na contramão, portanto, do diagnóstico de Honneth. Se por um lado desmancha o modelo ideológico de mulher dona de casa em período integral, muito prestigiado no século passado, sobretudo entre as famílias de camadas médias e altas, o mesmo não se pode dizer dos apelos emocionais à “boa” mãe, que devem ser tomados pelo que verdadeiramente são, é dizer, “formas ideológicas de reconhecimento”, tanto do passado como do presente, por mais modificadas que pareçam à primeira vista.
id UFMG_a65a75104299d5d2b089d1e93f0b950e
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/59352
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Marcelo Andrade Cattoni de Oliveirahttp://lattes.cnpq.br/4442732824534071Adamo Dias AlvesDavid Francisco Lopes GomesHenriete KaramMenelick de Carvalho NettoRoberta Camineiro Baggiohttp://lattes.cnpq.br/6228571232298818Stanley Souza Marques2023-10-10T00:58:53Z2023-10-10T00:58:53Z2021-08-23http://hdl.handle.net/1843/59352https://orcid.org/0000-0001-5381-5615O pensamento político ocidental tem conservado no anonimato – a despeito das críticas feministas –, o espaço doméstico-familiar, suas especificidades, transformações democráticas, injustiças internas e implicações público-políticas. E isso porque se assume ou postula-se, quase por toda parte, a ideia, certamente mais pressuposta do que problematizada, de que o público e o doméstico são domínios suficientemente separados e suficientemente distintos. Já Axel Honneth, em "O direito da liberdade", desvia-se de um arranjo teórico desse tipo, que ainda domina o campo das teorias políticas e das teorias da justiça. Ele tanto reorienta a teoria da justiça na direção das tendências normativas imanentes ao mundo social como também se envereda pelas relações íntimas e familiares, convergindo com algumas das reivindicações históricas do feminismo. E, assim, mais promove do que interdita a reflexão sobre as conexões entre justiça e famílias, que se mostram, ali, como que incontornáveis. Honneth coloca no centro do debate sobre justiça questões como amor, intimidade, cuidado e sexualidade, porque todas elas sujeitas à autodeterminação democrática. A presente tese se move, por isso mesmo, no interior do quadro da teoria honnethiana da justiça. Propõe uma “reconstrução normativa” da esfera das famílias no Brasil, como que respondendo a uma demanda do projeto de Honneth. Uma empreitada “crítico-reconstrutiva” desse tipo, conduz, contudo, a um enquadramento específico do crescimento e da diversificação do trabalho remunerado feminino e das mudanças nas práticas educativas, dois dos fenômenos registrados por Honneth. O movimento, aqui, é duplo; segue e diverge do diagnóstico honnethiano, se considerado o cenário brasileiro: a esfera das famílias corporifica e efetiva, é verdade, como afirma Honneth, um aspecto ou faceta do valor geral de liberdade. Aciona-se, ali, um princípio de reconhecimento interno pelo qual os indivíduos se orientam, mobilizam suas lutas políticas cotidianas, experimentam uma forma de liberdade social só agora mais ou menos disponível e é possível avaliar criticamente as práticas intrafamiliares. Mas também é verdade que o ingresso em massa das mulheres no mercado de trabalho e as mudanças nas práticas de educação da prole não foram capazes de subverter algumas das “formas ideológicas de reconhecimento” das mulheres, na contramão, portanto, do diagnóstico de Honneth. Se por um lado desmancha o modelo ideológico de mulher dona de casa em período integral, muito prestigiado no século passado, sobretudo entre as famílias de camadas médias e altas, o mesmo não se pode dizer dos apelos emocionais à “boa” mãe, que devem ser tomados pelo que verdadeiramente são, é dizer, “formas ideológicas de reconhecimento”, tanto do passado como do presente, por mais modificadas que pareçam à primeira vista.Western political thought has kept in anonymity - despite feminist criticisms - the domesticfamily space, its specificities, democratic transformations, internal injustices, and publicpolitical implications. And this is because it is assumed or postulated, almost everywhere, the idea, certainly more presupposed than problematized, that the public and the domestic are sufficiently separate and sufficiently distinct domains. However, Axel Honneth, in Freedom's Right, deviates from such a theoretical arrangement that still dominates the field of political theories and theories of justice. He not only reorients the theory of justice towards the normative tendencies inherent in the social world but also delves into intimate and familial relationships, converging with some of the historical claims of feminism. Thus, he promotes rather than prohibits reflection on the connections between justice and families, which are shown there as unavoidable. Honneth places issues such as love, intimacy, care, and sexuality at the center of the justice debate because all of them are subject to democratic selfdetermination. Therefore, this thesis operates within the framework of Honneth's theory of justice. It proposes a “normative reconstruction” of the sphere of families in Brazil, as if responding to a demand from Honneth´s project. Such a “critical-reconstructive” endeavor, however, leads to a specific framing of the growth and diversification of paid female labor and changes in educational practices, two of the phenomena recognized by Honneth. The movement here is twofold; it follows and diverges from the Honnethian diagnosis, considering the Brazilian scenario: the sphere of families indeed embodies and realizes, as Honneth asserts, an aspect or facet of the general value of freedom. An internal recognition principle is activated there, by which individuals orient themselves, mobilize their everyday political struggles, experience a form of social freedom that is now more or less available, and can critically evaluate intrafamily practices. However, it is also true that the mass entry of women into the labor market and changes in child-rearing practices have not been able to subvert some of the “ideological forms of recognition” of women, contrary to Honneth's diagnosis. While it dismantles the ideological model of the full-time housewife, highly esteemed in the last century, especially among middle-class and upper-class families, the same cannot be said for the emotional appeals to being a “good” mother, which should be understood for what they truly are, namely, “ideological forms of recognition”, both from the past and the present, no matter how modified they may seem at first glance.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em DireitoUFMGBrasilDIREITO - FACULDADE DE DIREITOhttp://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccessHonneth, Axel, 1949-DireitoJustiçaFeminismoFamíliaO direito da liberdadeAxel HonnethTeoria da justiçaGêneroFamíliasJustiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honnethinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALMARQUES, Stanley Souza. Justiça, gênero e famílias. [versão depósito].pdfMARQUES, Stanley Souza. Justiça, gênero e famílias. [versão depósito].pdfapplication/pdf2221267https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/59352/6/MARQUES%2c%20Stanley%20Souza.%20Justi%c3%a7a%2c%20g%c3%aanero%20e%20fam%c3%adlias.%20%5bvers%c3%a3o%20dep%c3%b3sito%5d.pdfa6480b63303e245c9b91587e249f6709MD56CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8805https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/59352/7/license_rdf00e5e6a57d5512d202d12cb48704dfd6MD57LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/59352/8/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD581843/593522023-10-09 21:58:53.991oai:repositorio.ufmg.br:1843/59352TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-10-10T00:58:53Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
title Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
spellingShingle Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
Stanley Souza Marques
O direito da liberdade
Axel Honneth
Teoria da justiça
Gênero
Famílias
Honneth, Axel, 1949-
Direito
Justiça
Feminismo
Família
title_short Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
title_full Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
title_fullStr Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
title_full_unstemmed Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
title_sort Justiça, gênero e famílias: pensando uma teoria da justiça com e contra Axel Honneth
author Stanley Souza Marques
author_facet Stanley Souza Marques
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Marcelo Andrade Cattoni de Oliveira
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4442732824534071
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Adamo Dias Alves
dc.contributor.referee2.fl_str_mv David Francisco Lopes Gomes
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Henriete Karam
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Menelick de Carvalho Netto
dc.contributor.referee5.fl_str_mv Roberta Camineiro Baggio
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/6228571232298818
dc.contributor.author.fl_str_mv Stanley Souza Marques
contributor_str_mv Marcelo Andrade Cattoni de Oliveira
Adamo Dias Alves
David Francisco Lopes Gomes
Henriete Karam
Menelick de Carvalho Netto
Roberta Camineiro Baggio
dc.subject.por.fl_str_mv O direito da liberdade
Axel Honneth
Teoria da justiça
Gênero
Famílias
topic O direito da liberdade
Axel Honneth
Teoria da justiça
Gênero
Famílias
Honneth, Axel, 1949-
Direito
Justiça
Feminismo
Família
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Honneth, Axel, 1949-
Direito
Justiça
Feminismo
Família
description O pensamento político ocidental tem conservado no anonimato – a despeito das críticas feministas –, o espaço doméstico-familiar, suas especificidades, transformações democráticas, injustiças internas e implicações público-políticas. E isso porque se assume ou postula-se, quase por toda parte, a ideia, certamente mais pressuposta do que problematizada, de que o público e o doméstico são domínios suficientemente separados e suficientemente distintos. Já Axel Honneth, em "O direito da liberdade", desvia-se de um arranjo teórico desse tipo, que ainda domina o campo das teorias políticas e das teorias da justiça. Ele tanto reorienta a teoria da justiça na direção das tendências normativas imanentes ao mundo social como também se envereda pelas relações íntimas e familiares, convergindo com algumas das reivindicações históricas do feminismo. E, assim, mais promove do que interdita a reflexão sobre as conexões entre justiça e famílias, que se mostram, ali, como que incontornáveis. Honneth coloca no centro do debate sobre justiça questões como amor, intimidade, cuidado e sexualidade, porque todas elas sujeitas à autodeterminação democrática. A presente tese se move, por isso mesmo, no interior do quadro da teoria honnethiana da justiça. Propõe uma “reconstrução normativa” da esfera das famílias no Brasil, como que respondendo a uma demanda do projeto de Honneth. Uma empreitada “crítico-reconstrutiva” desse tipo, conduz, contudo, a um enquadramento específico do crescimento e da diversificação do trabalho remunerado feminino e das mudanças nas práticas educativas, dois dos fenômenos registrados por Honneth. O movimento, aqui, é duplo; segue e diverge do diagnóstico honnethiano, se considerado o cenário brasileiro: a esfera das famílias corporifica e efetiva, é verdade, como afirma Honneth, um aspecto ou faceta do valor geral de liberdade. Aciona-se, ali, um princípio de reconhecimento interno pelo qual os indivíduos se orientam, mobilizam suas lutas políticas cotidianas, experimentam uma forma de liberdade social só agora mais ou menos disponível e é possível avaliar criticamente as práticas intrafamiliares. Mas também é verdade que o ingresso em massa das mulheres no mercado de trabalho e as mudanças nas práticas de educação da prole não foram capazes de subverter algumas das “formas ideológicas de reconhecimento” das mulheres, na contramão, portanto, do diagnóstico de Honneth. Se por um lado desmancha o modelo ideológico de mulher dona de casa em período integral, muito prestigiado no século passado, sobretudo entre as famílias de camadas médias e altas, o mesmo não se pode dizer dos apelos emocionais à “boa” mãe, que devem ser tomados pelo que verdadeiramente são, é dizer, “formas ideológicas de reconhecimento”, tanto do passado como do presente, por mais modificadas que pareçam à primeira vista.
publishDate 2021
dc.date.issued.fl_str_mv 2021-08-23
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-10-10T00:58:53Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-10-10T00:58:53Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/59352
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0001-5381-5615
url http://hdl.handle.net/1843/59352
https://orcid.org/0000-0001-5381-5615
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/pt/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/pt/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Direito
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv DIREITO - FACULDADE DE DIREITO
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/59352/6/MARQUES%2c%20Stanley%20Souza.%20Justi%c3%a7a%2c%20g%c3%aanero%20e%20fam%c3%adlias.%20%5bvers%c3%a3o%20dep%c3%b3sito%5d.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/59352/7/license_rdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/59352/8/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv a6480b63303e245c9b91587e249f6709
00e5e6a57d5512d202d12cb48704dfd6
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1797970992797057024