O lócus enunciativo do sujeito subalterno: uma análise da produção científica de bell hooks e Gloria Anzaldúa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tayane Rogeria Lino
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AAXFWU
Resumo: O presente trabalho busca investigar a fala/silêncio de mulheres de cor na produção científica, tendo como objetivo estabelecer uma discussão em torno do complexo debate acerca do lócus enunciativo do sujeito subalterno na vida social contemporânea, principalmente, no campo científico. Escolheu-se falar com maior ênfase de mulheres negras, mestiças, lésbicas, latino-americanas e de origem popular por serem, na modernidade, rapidamente e repetidamente, nomeadas como subalternas. Quando essas mulheres supracitadas se tornam acadêmicas, professoras universitárias e pesquisadoras, elas continuam sendo reconhecidas como subalternas? O que as tornam ou não subalternas? Quem é subalterno? Quem nomeia quem de subalterno? Qual a relação entre subalternidade e produção científica? No caminho para algumas respostas e no desenvolvimento de novas perguntas, foram analisados os textos Intelectuais Negras de bell hooks e Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do Terceiro Mundo de Gloria Anzaldúa. Foram tomadas como foco deste trabalho as contribuições de Gayatri Spivak (2010) no texto Pode o subalterno falar?, onde a autora afirma que os subalternos são aqueles que não participam, ou participam de modo muito limitado, sendo sujeitos mudos pelo imperialismo cultural e pela violência epistemológica. Tendo como aporte teórico as teorias feministas, questionou-se sobre estes novos sujeitos da produção científica. Esse campo teórico apresentou-se como uma importante contribuição tanto para o campo científico quanto para este trabalho, pois traz o outro para a cena, o não falante, o silenciado, o que sempre ocupou o lugar de sujeito na ciência e, poucas vezes, o de sujeito da ciência. As análises apontaram que as teóricas estudadas buscam novas estratégias epistemológicas, estabelecem um diálogo crítico com distintas correntes do pensamento, a fim de explicitar as redes de poder que invisibilizam a aparente objetividade do conhecimento científico. Dessa forma, este outro desenho demonstra que os subalternos só conseguem fazer suas falas ecoarem quando falam a partir da língua do outro. As mulheres, que até agora haviam sido produzidas como objetos do saber, reclamam a produção de um saber local, um saber sobre si mesmas, um saber que questione o saber hegemônico. Assim, elas transitam entre o silêncio e a fala, entre a ausência de uma produção audível e a denúncia de uma história invisível numa ciência imperialista.
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No caminho para algumas respostas e no desenvolvimento de novas perguntas, foram analisados os textos Intelectuais Negras de bell hooks e Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do Terceiro Mundo de Gloria Anzaldúa. Foram tomadas como foco deste trabalho as contribuições de Gayatri Spivak (2010) no texto Pode o subalterno falar?, onde a autora afirma que os subalternos são aqueles que não participam, ou participam de modo muito limitado, sendo sujeitos mudos pelo imperialismo cultural e pela violência epistemológica. Tendo como aporte teórico as teorias feministas, questionou-se sobre estes novos sujeitos da produção científica. Esse campo teórico apresentou-se como uma importante contribuição tanto para o campo científico quanto para este trabalho, pois traz o outro para a cena, o não falante, o silenciado, o que sempre ocupou o lugar de sujeito na ciência e, poucas vezes, o de sujeito da ciência. As análises apontaram que as teóricas estudadas buscam novas estratégias epistemológicas, estabelecem um diálogo crítico com distintas correntes do pensamento, a fim de explicitar as redes de poder que invisibilizam a aparente objetividade do conhecimento científico. Dessa forma, este outro desenho demonstra que os subalternos só conseguem fazer suas falas ecoarem quando falam a partir da língua do outro. As mulheres, que até agora haviam sido produzidas como objetos do saber, reclamam a produção de um saber local, um saber sobre si mesmas, um saber que questione o saber hegemônico. Assim, elas transitam entre o silêncio e a fala, entre a ausência de uma produção audível e a denúncia de uma história invisível numa ciência imperialista.The present thesis seeks to investigate the speak/silence of colored women on the scientific production, having as its objective to establish a discussion around the complex debate about the enunciative locus of the subaltern subject on the contemporary social life, mainly, on the scientific field. It was chosen to speak with emphasis about black women, half-breed, lesbians, Latin-Americans and from popular origins because they are being, on the modernity, quickly and repeatedly nominated as subalterns. When these above mentioned women become academic, university teachers and researchers, do they continue being recognized as subaltern? What it is that turn (or don't turn) them into subaltern? Who are the subaltern? Who nominate who as subaltern? What is the relation between subalternity and scientific production? On the search for some answers and on the development of new questions, the text "Black Intellectuals" written by bell hooks and "Speaking in tongues: a letter to the women writers from the third world" written by Gloria Anzaldúa were analyzed. The contributions from Gayatri Spivak (2010) text "Can the subaltern speak?" were focused on this essay, where the author affirms that subalterns are those who doesn't participate, or participate on a very limited way, being subjects muted by the cultural imperialism and by the epistemological violence. Having the feminist theories as a theoretical support, questions were made about those new subjects on scientific production. This theoretical field presented itself as an important contribution for the scientific field and for this essay, because it brings the "other" to the scene, the non-speaker, the silenced, the one who always occupied the place of subject to the science and few times the place of the scientific subject. The analysis points out that the studied writers are seeking new epistemological strategies, establishing a critical dialogue with distinct fields of thought, intending to explicit the power networks that sustains the apparent objectivity on the scientific knowledge. This way, this other drawing demonstrates that the subaltern can only make their speak resonate when they speak by the language of the other. The women, that until now have been produced as "knowledge objects", claim the production of a local knowledge, about themselves, a knowledge that questions the hegemonic knowledge. So, they transit between the silence and the speak, between the absence of an audible production and the uncovering of an invisible history in an imperialist science.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMulheresCienciaPsicologiaFeminismoCiênciaSubalternidadeMulheresAnálise da experiênciaFeminismoO lócus enunciativo do sujeito subalterno: uma análise da produção científica de bell hooks e Gloria Anzaldúainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtayanelino.disserta__o.ppgp.pdfapplication/pdf1674028https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AAXFWU/1/tayanelino.disserta__o.ppgp.pdf8806afc65f73054f2d9572dea3dc29c2MD51TEXTtayanelino.disserta__o.ppgp.pdf.txttayanelino.disserta__o.ppgp.pdf.txtExtracted texttext/plain467222https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AAXFWU/2/tayanelino.disserta__o.ppgp.pdf.txt7e2c172b6ab478a3258136339d718ce4MD521843/BUBD-AAXFWU2019-11-14 06:02:27.839oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-AAXFWURepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T09:02:27Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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