Experiências e territórios da loucura: narrativas de portadores de sofrimento mental assistidos em um serviço aberto na cidade de Belo Horizonte
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A97PTG |
Resumo: | A partir de uma trajetória em um serviço de Saúde Mental no município de Belo Horizonte/MG, identificamos a pertinência de analisar as experiências da loucura e as relações com a cidade. Nesta pesquisa, objetivamos compreender como se constitui um serviço comunitário de acolhimento à loucura e analisar as trajetórias de vida de portadores de sofrimento mental assistidos nesse serviço, a partir da investigação dos cenários de vida, dos territórios, dos trajetos, das relações sociais e das relações com a cidade. A pesquisa está alinhada à análise da dinâmica das relações cotidianas no mundo social. O conceito de experiência adotado na sociologia fenomenológica é o ponto de partida para a compreensão da experiência da loucura. A partir de uma intenção biográfica, buscamos a escrita de uma narrativa etnográfica. Para tanto, realizamos trabalho de campo por meio da observação no Centro de Referência em Saúde Mental da Regional Leste - CERSAM Leste; do desenvolvimento de entrevistas, accounts e análise documental com foco na história do CERSAM e na biografia de três pessoas assistidas nessa instituição. Os registros se deram por meio de gravações sonoras, notas, diário de campo, leitura de prontuários e documentos sobre o CERSAM. Verificamos que a constituição de um serviço aberto foi fruto de lutas políticas. Este constitui-se na tensão entre o atributo fechado e aberto e no exercício de desconstrução dos mitos da periculosidade e da desrazão do louco. As narrativas biográficas revelam experiências distintas do adoecimento, assim como, diferentes significados atribuídos a essa condição. Entretanto, às histórias é comum o fenômeno da desterritorialização por meio do enfraquecimento dos laços familiares e da exclusão de processos de produção da vida, o trabalho, o que revela a existência de trajetórias marginais. A rua, o espaço público toma a cena nas trajetórias de vida. O fenômeno reterritorialização faz-se presente a cada trajetória. Novos códigos e territorialidades coexistem: a arte, a militância política; a errância, a mendicância; o uso prejudicial de drogas e de trabalhos informais. Verificamos a permanência do estigma da loucura, contudo, ressaltamos que a resistência se faz presente à medida que eles saem da invisibilidade, tomam a cena e manipulam códigos sociais que entremeiam os deslocamentos, criando novas territoralidades e codificações. |
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Claudio Santiago Dias JuniorAna Lucia ModestoAndrea Maria SilveiraMaria Suely KofesAmanda Elias Arruda2019-08-09T13:57:49Z2019-08-09T13:57:49Z2016-03-07http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A97PTGA partir de uma trajetória em um serviço de Saúde Mental no município de Belo Horizonte/MG, identificamos a pertinência de analisar as experiências da loucura e as relações com a cidade. Nesta pesquisa, objetivamos compreender como se constitui um serviço comunitário de acolhimento à loucura e analisar as trajetórias de vida de portadores de sofrimento mental assistidos nesse serviço, a partir da investigação dos cenários de vida, dos territórios, dos trajetos, das relações sociais e das relações com a cidade. A pesquisa está alinhada à análise da dinâmica das relações cotidianas no mundo social. O conceito de experiência adotado na sociologia fenomenológica é o ponto de partida para a compreensão da experiência da loucura. A partir de uma intenção biográfica, buscamos a escrita de uma narrativa etnográfica. Para tanto, realizamos trabalho de campo por meio da observação no Centro de Referência em Saúde Mental da Regional Leste - CERSAM Leste; do desenvolvimento de entrevistas, accounts e análise documental com foco na história do CERSAM e na biografia de três pessoas assistidas nessa instituição. Os registros se deram por meio de gravações sonoras, notas, diário de campo, leitura de prontuários e documentos sobre o CERSAM. Verificamos que a constituição de um serviço aberto foi fruto de lutas políticas. Este constitui-se na tensão entre o atributo fechado e aberto e no exercício de desconstrução dos mitos da periculosidade e da desrazão do louco. As narrativas biográficas revelam experiências distintas do adoecimento, assim como, diferentes significados atribuídos a essa condição. Entretanto, às histórias é comum o fenômeno da desterritorialização por meio do enfraquecimento dos laços familiares e da exclusão de processos de produção da vida, o trabalho, o que revela a existência de trajetórias marginais. A rua, o espaço público toma a cena nas trajetórias de vida. O fenômeno reterritorialização faz-se presente a cada trajetória. Novos códigos e territorialidades coexistem: a arte, a militância política; a errância, a mendicância; o uso prejudicial de drogas e de trabalhos informais. Verificamos a permanência do estigma da loucura, contudo, ressaltamos que a resistência se faz presente à medida que eles saem da invisibilidade, tomam a cena e manipulam códigos sociais que entremeiam os deslocamentos, criando novas territoralidades e codificações.Through fieldwork conducted at the Mental Health Service in the city of Belo Horizonte, we identified the relevance of analyzing the relationship between experience mentally illness patients and the City of Belo Horizonte/ MG. The primary objectives of this research were twofold 1) understand the creation, evolution and current status of this community service and 2) analyze the life trajectory of patients from a life experience and interpersonal relationship standpoint and the relationship with the city. The research is aligned with the analysis of the dynamics of everyday relationships in the social world. The concept of experience adopted by the phenomenological sociology is the starting point for understanding the experiences of mental illness. From a biographical standpoint, we seek to write an ethnographic narrative.Thus, we performed our fieldwork through the collection of data and observations from the East Regional Mental Health Reference Center (CERSAM East); the development of questioners, conduction of interviews, analysis of historical data from CERSAM and biographies of three people assisted this in undertaking. The records were obtained through sound recordings, notes, diaries, records and documents retrieved from the CERSAM archives. We discovered that the creation of this public service was the result of political struggles. The creation of this public service was based on the tension between total institution and openservice and the destruction of myths associating mental sickness and violence. The biographical narratives revealed diverse experiences associated with mental illness as well as different meanings attributed to this condition. However, interestingly, these stories have a common pattern, often associated with dispossession through the weakening of family ties and exclusion from having a full and productive life, which ultimately leads to an existence of marginality. Public space, predominately streets, are the primary locations where this life trajectories takes place. The repossession phenomenon is present in every path. New codes and territories coexist including art, political activism; the wandering, begging; and drug use and informal work. We verify the permanence of the stigma of madness; however, individiuals with a history of mental illness resists this stigma as they come out of invisibility and in doing so manipulate social codes and create new territories and encodings.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLoucuraSociologiaSaúde mentalLoucuraTrajetórias de vidaExperiênciaNarrativaTerritóriosExperiências e territórios da loucura: narrativas de portadores de sofrimento mental assistidos em um serviço aberto na cidade de Belo Horizonteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_de_mestrado_amanda_arruda_p_s_defesa.pdfapplication/pdf6853724https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A97PTG/1/disserta__o_de_mestrado_amanda_arruda_p_s_defesa.pdf6594fadee9191df6bbee4a20af93fd1cMD51TEXTdisserta__o_de_mestrado_amanda_arruda_p_s_defesa.pdf.txtdisserta__o_de_mestrado_amanda_arruda_p_s_defesa.pdf.txtExtracted texttext/plain260682https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A97PTG/2/disserta__o_de_mestrado_amanda_arruda_p_s_defesa.pdf.txt7624be02e8c74633af0b350034faf5d0MD521843/BUBD-A97PTG2019-11-14 08:28:30.617oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-A97PTGRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T11:28:30Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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