O 31 de março e a invenção da "Revolução": comemorações e atitudes sociais nos aniversários do golpe de 1964 durante a ditadura militar brasileira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ana Carolina Zimmermann
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/67242
https://orcid.org/0000-0002-0507-4776
Resumo: O objetivo desta dissertação é investigar os discursos e práticas engendradas nos aniversários do golpe civil-militar de 1964, durante a ditadura militar brasileira, entre os anos de 1965 e 1984. A análise está atrelada às discussões teóricas da História Cultural do Político, mobilizando os conceitos de culturas políticas e imaginário, para refletir sobre os investimentos do regime autoritário e seus apoiadores em transformar o 31 de março em uma data comemorativa de relevância, com vistas a legitimação daquele governo, assim como as diferentes respostas e resultados que esse processo gerou. O estudo de festas cívicas e liturgias políticas permite questionar os esforços ditatoriais em construir uma imagem positiva do regime frente à sociedade civil, na mesma medida em que possibilita perceber contradições e conflitos existentes, tendo em vista que todo ritual está sujeito a diferentes significações para além daquelas conferidas por seu produtor. As principais fontes históricas utilizadas foram notícias veiculadas pelos jornais da grande imprensa (Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e O Globo), publicações literárias e didáticas, textos de caráter histórico, materiais fotográficos e audiovisuais, discursos de autoridades políticas, arquivos do sistema de vigilância política e documentação legislativa. Ao longo do trabalho busquei demonstrar as formas pelas quais a ditadura se apropriou dos aniversários do golpe de 1964, no sentido de forjar um imaginário político atrelado à chamada “Revolução Democrática”. Esse imaginário incorporou elementos vinculados à uma cultura política nacionalista-autoritária, manifestando-se por intermédio de simbolismos (como no caso das festas cívicas) e elementos discursivos, com ênfase para a invenção do “ideal revolucionário” e do processo de enquadramento da história, com vistas a cristalizar uma versão do passado golpista alinhada aos intentos de legitimação da ditadura. Todavia, a produção de memórias sociais e coletivas sobre o evento foi extremamente ambígua e em constante disputa, sendo relevantes as formas de manifestação de oposição e resistência que ecoaram no ambiente festivo. Por essa razão, as comemorações do 31 de março permaneceram sujeitas a certas inconstâncias e instabilidades, variando muito em razão do contexto histórico vivenciado e refletindo os jogos de acomodação existentes na ditadura militar brasileira.
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O estudo de festas cívicas e liturgias políticas permite questionar os esforços ditatoriais em construir uma imagem positiva do regime frente à sociedade civil, na mesma medida em que possibilita perceber contradições e conflitos existentes, tendo em vista que todo ritual está sujeito a diferentes significações para além daquelas conferidas por seu produtor. As principais fontes históricas utilizadas foram notícias veiculadas pelos jornais da grande imprensa (Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e O Globo), publicações literárias e didáticas, textos de caráter histórico, materiais fotográficos e audiovisuais, discursos de autoridades políticas, arquivos do sistema de vigilância política e documentação legislativa. Ao longo do trabalho busquei demonstrar as formas pelas quais a ditadura se apropriou dos aniversários do golpe de 1964, no sentido de forjar um imaginário político atrelado à chamada “Revolução Democrática”. Esse imaginário incorporou elementos vinculados à uma cultura política nacionalista-autoritária, manifestando-se por intermédio de simbolismos (como no caso das festas cívicas) e elementos discursivos, com ênfase para a invenção do “ideal revolucionário” e do processo de enquadramento da história, com vistas a cristalizar uma versão do passado golpista alinhada aos intentos de legitimação da ditadura. Todavia, a produção de memórias sociais e coletivas sobre o evento foi extremamente ambígua e em constante disputa, sendo relevantes as formas de manifestação de oposição e resistência que ecoaram no ambiente festivo. Por essa razão, as comemorações do 31 de março permaneceram sujeitas a certas inconstâncias e instabilidades, variando muito em razão do contexto histórico vivenciado e refletindo os jogos de acomodação existentes na ditadura militar brasileira.The objective of this dissertation is to investigate the discourses and practices engendered in the aniversaries of the civil-military coup of 1964, during the brasilian military dictatorship, between the years of 1965 e 1984. The analysis is linked in the theoretical discussions of the Cultural History of Politic, mobilizing the concepts of political cultures and imaginary, to reflect about the investments of the autoritarian regime and its supporters in transforming the 31th of march in a relevant commemorative date, with the aim of legitimizing that government, as well the diferentes responses and results that this process generated. The study of civic festivities and political liturgies makes it possible to question the dictatorial efforts in building a positive image of the regime in civil society, as well as to perceive the existing contradictions and conflicts, given that every ritual is subject to differents significations beyond those conferred by its producer. The main historical sources used was news published by major press newspappers (Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e O Globo), literary and didactic publications, historical texts, photographic and audiovisual materials, speeches of political autorities, archives from the political surveillance sistem and legislative documents. Throughout the work, I sought to demonstrate the ways in which the dictatorship appropriated the anniversaries of the 1964 coup, aiming to forge a political imaginary tied to the so-called “Democratic Revolution”. This imaginary has incorporated elements linked to a nationalist-authoritarian political culture, manifesting itself through symbolism (as in the case of civic celebrations) and discursive elements, emphasizing the invention of the "revolutionary ideal" and the framing of history in order to crystallize a version of the coup-laden past aligned with the aims of legitimizing the dictatorship. However, the production of social and collective memories about the event was extremely ambiguous and in constant dispute, with the forms of opposition and resistance that echoed in the festive environment being relevant. For this reason, the celebrations of March 31st remained subject to certain inconsistencies and instabilities, varying greatly due to the historical context experienced and reflecting the existing accommodations within the Brazilian military dictatorship.CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em HistóriaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE HISTÓRIAHistória - TesesDitadura e ditadores - TesesDitadura - Brasil-História, 1964-1985 - TesesAniversários do golpe de 1964Ditadura militarComemoraçõesO 31 de março e a invenção da "Revolução": comemorações e atitudes sociais nos aniversários do golpe de 1964 durante a ditadura militar brasileiraThe 31st of march and the Invention of the "Revolution" : celebrations and social attitudes on the anniversaries of the 1964 coup during the brazilian military dictatorshipinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDissertação_Ana C. 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Ana Carolina Zimmermann
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