Representações da violência totalitária na literatura contemporânea de língua alemã: o romance Herztier, de Herta Müller
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/LETR-B2SGZK |
Resumo: | O proposito deste trabalho é realizar uma análise acerca das representações da violência totalitária na literatura contemporânea de língua alemã tendo como corpus o romance autoficcional Herztier (1994) da autora Herta Müller. Por tratar-se de um romance cujo tema central é a perseguição enfrentada por um grupo de jovens dissidentes políticos na Romênia durante a ditadura comunista de Nicolae Ceauescu (1965-1989), Herztier apresenta em sua narrativa diversas instâncias em que a violência estrutural e sistemática que é característica de um Estado totalitário é usada contra seus personagens centrais. Além disso o romance também mostra o impacto traumático sobre os indivíduos por ela atingidos e as tentativas destes de resistirem, ainda que internamente, a esta violência. Müller caracteriza sua obra como autoficcional, porém dentro de seu próprio conceito de autoficção como percepção inventada, ou seja, como uma recriação literária dos sentimentos e sensações evocadas pelo acontecimento vivido, que procura se aproximar ao máximo não dos fatos como eles ocorreram, mas principalmente, em se tratando da experiencia da perseguição política e da violência totalitária, dos sentimentos de dor, impotência e medo que eles causaram. Levando em consideração esta relação estreita entre ficção e autobiografia presentes em nosso corpus analítico e o conceito de autoficção proposto por Müller, procuraremos então problematizar os limites e as possibilidades da representação artística diante da violência extrema, além de efetuar uma análise específica da obra selecionada e de seu contexto histórico, procurando apontar os meios, tanto a nível formal como de conteúdo, através quais ela procura trabalhar tanto a presença da violência totalitária quanto de tentativas de resistência à ela em sua narrativa. Procuraremos também esclarecer até que ponto Herztier possui certo teor testemunhal, mesmo que impuro. |
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Volker Karl Lothar JaeckelValeria Sabrina PereiraDenise Borille de AbreuSamia Tavares de Souza2019-08-13T15:27:10Z2019-08-13T15:27:10Z2018-04-25http://hdl.handle.net/1843/LETR-B2SGZKO proposito deste trabalho é realizar uma análise acerca das representações da violência totalitária na literatura contemporânea de língua alemã tendo como corpus o romance autoficcional Herztier (1994) da autora Herta Müller. Por tratar-se de um romance cujo tema central é a perseguição enfrentada por um grupo de jovens dissidentes políticos na Romênia durante a ditadura comunista de Nicolae Ceauescu (1965-1989), Herztier apresenta em sua narrativa diversas instâncias em que a violência estrutural e sistemática que é característica de um Estado totalitário é usada contra seus personagens centrais. Além disso o romance também mostra o impacto traumático sobre os indivíduos por ela atingidos e as tentativas destes de resistirem, ainda que internamente, a esta violência. Müller caracteriza sua obra como autoficcional, porém dentro de seu próprio conceito de autoficção como percepção inventada, ou seja, como uma recriação literária dos sentimentos e sensações evocadas pelo acontecimento vivido, que procura se aproximar ao máximo não dos fatos como eles ocorreram, mas principalmente, em se tratando da experiencia da perseguição política e da violência totalitária, dos sentimentos de dor, impotência e medo que eles causaram. Levando em consideração esta relação estreita entre ficção e autobiografia presentes em nosso corpus analítico e o conceito de autoficção proposto por Müller, procuraremos então problematizar os limites e as possibilidades da representação artística diante da violência extrema, além de efetuar uma análise específica da obra selecionada e de seu contexto histórico, procurando apontar os meios, tanto a nível formal como de conteúdo, através quais ela procura trabalhar tanto a presença da violência totalitária quanto de tentativas de resistência à ela em sua narrativa. Procuraremos também esclarecer até que ponto Herztier possui certo teor testemunhal, mesmo que impuro.The purpose of this research is to analyze the representations of totalitarian violence in german-language contemporary literature, using as a corpus the novel Herztier (1994), written by Herta Müller. As a novel that has as its central theme the persecution faced by a group of young political dissidents in Romania during Nicolae Ceauescu's (1965-1989) communist dictatorship, Herztier presents in its narrative several instances in which the structural and systematic violence, which is characteristic of totalitarian States, is used against its main characters. The novel presents also the traumatic impact of that sort of violence on the individuals submitted to it and how these individuals try to form at least an internal kind of resistance against this violence. Müller also characterizes Herztier as an autofictional novel, but in the terms of her own concept of autofiction as erfundene Wahrnehmung, or invented perception, which the author defines as the literary re-creation of feelings and sensations evoked by a lived event. This re-creation of the perception has as its main objective approach not the truth of the facts in the way they really occurred but, especially when it comes to the experience of political persecution and totalitarian violence, the truth of the feelings of pain, impotence and fear caused by these experiences. Taking into account the close relationship between fiction and autobiography in our analytic corpus and the concept of autofiction as it is proposed by Müller, we also discuss the limits and the possibilities of artistic representation in face of the extreme violence of totalitarianism. We also present a specific analysis of the selected novel, Herztier and of its historical context, trying to define by which means, both at the formal and at the content level of its narrative, it seeks to represent the presence of totalitarian violence and also of attempts made by its characters to resist to it. We also seek to clarify to which extent Herztier possesses a testimonial tenor, even if it is an impure one.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGFicção alemã História e críticaTotalitarismo e literaturaViolência na literaturaMuller, Herta, 1953- Herztier Crítica e interpretaçãoHerta Müllerrepresentações da violênciateoria do traumaviolência totalitáriaautoficçãoRepresentações da violência totalitária na literatura contemporânea de língua alemã: o romance Herztier, de Herta Müllerinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_samia_tavares_de_souza.pdfapplication/pdf882593https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-B2SGZK/1/disserta__o_samia_tavares_de_souza.pdf4785805fa373b53d7ba847e5b2ea3c1eMD51TEXTdisserta__o_samia_tavares_de_souza.pdf.txtdisserta__o_samia_tavares_de_souza.pdf.txtExtracted texttext/plain334006https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-B2SGZK/2/disserta__o_samia_tavares_de_souza.pdf.txt7d29f8a32e8cd6ee126d65723aa8a6a9MD521843/LETR-B2SGZK2019-11-14 13:24:25.864oai:repositorio.ufmg.br:1843/LETR-B2SGZKRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T16:24:25Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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