Da terra arada à terra arrasada : um estudo sobre a lógica costumeira das relações de terra e trabalho e a luta por direitos do campesinato de Conceição do Mato Dentro – MG
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/69127 https://orcid.org/0000-0002-0357-9025 |
Resumo: | O campesinato situado na zona rural de Conceição do Mato Dentro–MG é construído sobre diferentes regimes possessórios, que variam de acordo com as trajetórias familiares, confeccionando um campesinato heterogêneo. As formas de uso e ocupação das terras pelos lavradores foram, historicamente, mediadas pelas relações de agregação e parceria constituídas com os fazendeiros locais ao longo dos anos, as quais estão tecidas sob uma complexa trama de favores, dons e obrigações. Nesta dissertação, busco observar a trajetória social do campesinato em apreço à luz das relações de terra e trabalho e das práticas sociais estabelecidas no interior das fazendas–a partir da narrativa e memória de quatro famílias. Em resposta aos contextos sociais, políticos e econômicos que vão se fundando com o tempo, o conteúdo das relações sociais entre os agentes nesse cenário passa por transições graduais, através de um processo prolongado e descontínuo de mudança,desenrolando-se de maneira acelerada ou arrastada no tempo. As transformações não ocorrem da mesma maneira e intensidade para todas as famílias e comunidades e, assim, a etnografia do particular(Abu Lughod, 2018), que aqui trago, permite examinar os variados graus de autonomia e as respostas produzidas pelas frações camponesas para se manterem na terra. Argumento que a relação de patronagem é circunscrita por laços de solidariedade, mas também por laços de autoridade e subordinação, o que marca o equilíbrio dinâmico característico das relações ali historicamente estabelecidas (Carvalhosa, 2016). Sugiro que essa característica foi o que manteve sólida a relação entre lavradores e patrões até os dias atuais, embora tenha passado por diversas reconfigurações no decorrer do tempo. Todavia, um dos contextos que provoca uma ruptura nos padrões costumeiros de uso da terra e expropria os lavradores é a chegada do empreendimento minerário Minas-Rio, pertencente à transnacional Anglo American. As estratégias de aquisições fundiárias acionadas pelo empreendedor ignoram, severamente, a principal característica desse campesinato: o uso subordinado da terra. Ocorre, desse modo, a desestruturação das redes de relações sociais e dos vínculos com a terra e o território, tornando impraticável o modo de produção de reprodução social das famílias, inviabilizando a própria condição de existência. A desconstituição da noção de posse como forma social de ocupação da terra, o não reconhecimento dos códigos culturais imbricados às dinâmicas socioambientais, a expropriação do campesinato e o deslocamento in situ(Feldmann, 2003) desencadeiam um violento processo de terra arrasada (Santos, 2014). A pesquisa pretende, portanto, a partir do corpo etnográfico que compõe este trabalho, contribuir para o entendimento das estratégias de produção, reprodução e manutenção do patrimônio familiar e das soluções históricas produzidas para a construção da resistência dos lavradores na defesa dos costumes e do direito à terra. |
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Ana Flávia Moreira Santos4259779113670074Aderval Costa FilhoRaquel de Oliveira Santos Teixeira0369880253543161Lívia Ferraz da Costa Duarte2024-06-11T17:42:17Z2024-06-11T17:42:17Z2022-02-18http://hdl.handle.net/1843/69127https://orcid.org/0000-0002-0357-9025O campesinato situado na zona rural de Conceição do Mato Dentro–MG é construído sobre diferentes regimes possessórios, que variam de acordo com as trajetórias familiares, confeccionando um campesinato heterogêneo. As formas de uso e ocupação das terras pelos lavradores foram, historicamente, mediadas pelas relações de agregação e parceria constituídas com os fazendeiros locais ao longo dos anos, as quais estão tecidas sob uma complexa trama de favores, dons e obrigações. Nesta dissertação, busco observar a trajetória social do campesinato em apreço à luz das relações de terra e trabalho e das práticas sociais estabelecidas no interior das fazendas–a partir da narrativa e memória de quatro famílias. 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Sugiro que essa característica foi o que manteve sólida a relação entre lavradores e patrões até os dias atuais, embora tenha passado por diversas reconfigurações no decorrer do tempo. Todavia, um dos contextos que provoca uma ruptura nos padrões costumeiros de uso da terra e expropria os lavradores é a chegada do empreendimento minerário Minas-Rio, pertencente à transnacional Anglo American. As estratégias de aquisições fundiárias acionadas pelo empreendedor ignoram, severamente, a principal característica desse campesinato: o uso subordinado da terra. Ocorre, desse modo, a desestruturação das redes de relações sociais e dos vínculos com a terra e o território, tornando impraticável o modo de produção de reprodução social das famílias, inviabilizando a própria condição de existência. A desconstituição da noção de posse como forma social de ocupação da terra, o não reconhecimento dos códigos culturais imbricados às dinâmicas socioambientais, a expropriação do campesinato e o deslocamento in situ(Feldmann, 2003) desencadeiam um violento processo de terra arrasada (Santos, 2014). A pesquisa pretende, portanto, a partir do corpo etnográfico que compõe este trabalho, contribuir para o entendimento das estratégias de produção, reprodução e manutenção do patrimônio familiar e das soluções históricas produzidas para a construção da resistência dos lavradores na defesa dos costumes e do direito à terra.The peasantry located in the rural area of Conceição do Mato Dentro – MG is built by different possessory regimes that vary according to family trajectories, generating a heterogeneous peasantry. The use and occupation of the lands by farmers were historically mediated by aggregation and partnership relationships established with local landowner (farmers) over the years, which are intertwined in a complex web of favors, gifts and obligations. In this dissertation, we aim to analyze the social trajectory of those peasantry under the light of land and labor relations and the social practices established inside the farms - based on the narrative and memory of four families. In response to the social, political and economic contexts that come into being over time, the content of the social relations between the agents in this scenario undergoes gradual transitions through a prolonged and discontinuous change process, unfolding in an accelerated or dragged out manner over time. The transformations do not occur in the same way and intensity for all families and communities. Thus the ethnography of the particular (Abu Lughod,2018), I show and use here, allows us to examine the varying degrees of autonomy and the responses produced by peasant fractions in order to stay on the land. I argue that the patronage relationship is circumscribed not only by ties of solidarity, but also by ties of authority and subordination that mark the dynamic equilibrium characteristic of relations historically established there (Carvalhosa, 2016). I suggest that this characteristic is what has kept the relationship between farmers and landowners (patrão, bosses) solid until the present day, although it has undergone several reconfigurations over time. However, one of the contexts that provokes a rupture in the customary patterns of land use and expels the farmers from the land is the arrival of the Minas-Rio mining enterprise owned by the transnational Anglo American. The strategies of land acquisition by the businessmen ignore completely the main characteristic of this peasantry: the subordinate use of the land. Thereby, the networks of social relations and the ties with the land and the territory are disrupted, making the families' mode of production and social reproduction unfeasible, jeopardizing their very existence conditions. The deconstitution of the notion of possession as a social form of land occupation, the non-recognition of cultural codes imbricated with socio-environmental dynamics, the expropriation of the peasantry, and in situ displacement (Feldmann, 2003) trigger a violent scorched earth process (Santos, 2014). This research intends, therefore, from the ethnographic point of view, to contribute to the understanding of the strategies of production, reproduction, and maintenance of family patrimony and the historical solutions produced for the construction of resistance of the farmers in defense of customs and the right to land.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em AntropologiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIAAntropologia - TesesCamponeses - Conceição do Mato Dentro (MG) - TesesDireito agrário - TesesRegimes possessóriosSistema de agregaçãoDireitosConflitos ambientaisMineraçãoDa terra arada à terra arrasada : um estudo sobre a lógica costumeira das relações de terra e trabalho e a luta por direitos do campesinato de Conceição do Mato Dentro – MGinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDissertação_finalrevisado24_LiviaDuarte.pdfDissertação_finalrevisado24_LiviaDuarte.pdfapplication/pdf2486642https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/69127/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o_finalrevisado24_LiviaDuarte.pdfd875647c6fdba7255434b259124f9acfMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/69127/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/691272024-06-11 14:42:17.816oai:repositorio.ufmg.br:1843/69127TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2024-06-11T17:42:17Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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